As primeiras análises dos testes da vacina chinesa contra o coronavírus serão encaminhadas ao Comitê Internacional que avalia a eficácia das doses no mês de outubro, segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
“Até outubro é a finalização da inclusão. Todos os 9 mil voluntários devem ser incluídos nos 12 centros até outubro. A partir daí, essas análises já estarão sendo realizadas mas elas poderão concluir pela eficácia da vacina, o que pode acontecer até o fim do ano. Demonstrada a eficácia, a vacina poderá ser submetida a um registro na Anvisa. Com esse registro, ela pode ser distribuída pela população”, disse ele na manhã desta quinta-feira (30), durante o início dos testes no Instituto Emílio Ribas.
Ainda de acordo com Covas, após a comprovação de eficácia, a vacina só poderá ser produzida em larga escala no Brasil com autorização da Anvisa.
O Instituto Butantan está discutindo acordos com alguns países da América Latina como o Uruguai, Chile e Argentina para ampliar a produção da vacina da farmacêutica Sinovac, caso seja comprovada sua eficácia.
“Os resultados dessa vacina dependem muito das análises interinas que vão acontecer ao longo desse tempo. A análise interina olha principalmente a questão de segurança”, afirmou Luiz Carlos Pereira Junior, diretor do Instituto Emílio Ribas.
Os dados são secretos e apenas o Comitê Internacional, que é independente, tem acesso aos resultados dos testes. O comitê vai definir se a vacina deve ou não ser produzida.
“Se em uma dessas análises chegarem a conclusão que já tem um certo fundamento estatístico para que eles sugiram que está comprovado que faz diferença vacinar, então, o próprio DSMB [Data and Safety Monitoring Board] que é o nome do comitê, pode recomendar portanto a recomendação e sugerir o encerramento por conta do resultado se vier ser positivo. Tudo isso vai acontecer de outubro em diante”, afirmou.
Testes
O Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, iniciou nesta quinta os testes da vacina chinesa contra o coronavírus nos 852 voluntários escolhidos, todos profissionais de saúde do Instituto. A primeira a receber a dose foi uma mulher que trabalha na área de enfermagem.
“A vacina é a única forma que nós poderemos ter pra voltarmos ao normal. Nós, infelizmente, sequer chegamos no novo normal, estamos no meio do caminho. O distanciamento social ainda tem que existir, a prevenção com o uso de máscaras, a higiene das mãos”, afirmou o secretário estadual da saúde e médico do hospital Emílio Ribas Jean Gorinchteyn. O secretário também vai participar da pesquisa e deve receber a dose da vacina na próxima semana.
O Instituto Emílio Ribas recebeu cadastros de 1500 voluntários interessados em participar da pesquisa. A escolha dos 852 foi feita de acordo com a ordem da manifestação de interesse.
“A nossa colaboração tem essa meta que a gente pretende cumprir até o final de setembro”, disse Luiz Carlos Pereira Júnior, diretor do Instituto Emílio Ribas.
Fonte: G1