terça-feira , 26 novembro 2024
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Trabalho de Artes da aluna Lívia Messias Prevital: Fotomontagens

Professoras da Emeb ‘Stella Maris’ criam projeto com jogos eletrônicos

Para reconquistar o interesse dos alunos durante as aulas, professoras aplicam jogos virtuais à disciplinas

Desde que a pandemia se iniciou, obrigando as pessoas a adotarem o isolamento social, os professores tem relatado certas dificuldades em transmitir o conteúdo das aulas aos alunos. A cada dia fica mais difícil cativar a atenção das crianças e adolescentes com a distância.

Para lidar com isso, as professoras da EMEB “Stella Maris Barbosa Catalano”, tiveram uma ideia inovadora para conseguir recuperar o interesse e proximidade dos alunos: criaram o projeto “Jogos Virtuais”.

Ana Rute Costa Virga de Albuquerque, professora de educação física e idealizadora do projeto contou como surgiu a iniciativa.

“Eu estava assistindo uma live sobre a preocupação que  está sendo constante, em como passar conteúdos, o que os professores devem passar aos alunos na pandemia, e como contemplar esse momento que estamos vivendo distantes. Isso me incomodou, porque passar um conteúdo e responder fica meio mecânico, ao meu ver. Ainda mais na área de educação física. Pensei que tínhamos que fazer algo do qual os alunos se envolvessem. Então tive a ideia dos jogos eletrônicos, que sempre foi o inimigo número um da educação física, porque as crianças hoje em dia deixam a educação física para ficar nos jogos eletrônicos”, contou.

“Pensei em unir as duas coisas. Em como os jogos eletrônicos poderiam favorecer a educação física. Convidei as outras professoras para participarem da ideia e elas abraçaram comigo”, disse Ana.

Pedagogia de projeto

 “É muito legal trabalhar com pedagogia de projetos. O professor passa a ser o autor junto com o aluno. Nós professores vamos aprendendo junto, eu estou aprendendo muitas coisas que não sabia a respeito dos jogos eletrônicos. Isso é muito legal, essa construção de conhecimento”, prosseguiu.

Naiara Luciano de Souza, professora de língua portuguesa, também comentou sobre o projeto.

“As atividades trabalhadas têm a ver com o conteúdo da disciplina de cada série, mas trabalhado com criatividade. A pedagogia de projetos é a melhor forma de garantir a aprendizagem, pois há motivação. O fato de nós estarmos trabalhando com essas crianças à distância, fez com que o afeto, que é muito importante para a aprendizagem, ficasse um pouco de lado. Fazer esse projeto e propor atividades que estimulam o pensamento crítico, a autonomia, e que motivem os alunos, fez com que essas crianças voltassem a dialogar conosco.”, contou a professora.

BNCC

Todo o conteúdo a ser seguido, segundo as professoras, precisa estar dentro da BNCC ( Base Nacional Comum Curricular).

 “Existe um planejamento, os conteúdos que precisam ser contemplados, os direitos de aprendizagem dos alunos, existe uma série de documentos aos quais a nossa prática está atrelada. Trazemos o tema dos jogos virtuais para qualquer conteúdo a ser trabalhado. No 9º ano, por exemplo, onde trabalhamos resenha crítica, elegemos um jogo, e os alunos fizeram a resenha sobre o jogo. Cada professor vai atrelando, dentro daquilo que tem como conteúdo previsto por toda a documentação que comentei, a temática dos jogos virtuais.”, informa Naiara.

Objetivo principal

“A justificativa do projeto se deve a necessidade que nós identificamos de trazer os alunos de volta para perto de nós. Quando começou essa questão da pandemia, não sabíamos quanto tempo isso duraria, e até hoje não sabemos, e as coisas foram acontecendo. A escola não podia parar, e fomos percebendo as crianças cada vez mais distantes. Então a iniciativa do projeto foi mostrar que dá para ter afeto, cuidado, atenção e troca, mesmo que estejamos longe. Não tem melhor forma de garantir o aprendizado dos alunos, do que os trazendo para o contexto da educação, da arte e da cultura”, completou.

Atividades

A professora Claudineia Gissi, de história, comentou sobre como o projeto tem sido bem sucedido em suas aulas.

“Dentro do contexto, eu trabalhei com os alunos a história dos jogos eletrônicos, eles pesquisaram sobre jogos mais antigos, e dentro da disciplina, eu consegui associar alguns jogos a contextos históricos. Por exemplo, existem jogos que tem a temática da Segunda Guerra Mundial, ou Revolução Francesa, são ganchos que eu peguei para trabalhar o conteúdo referente ao ano/série. Eles pesquisaram sobre os jogos, sobre os acontecimentos, e fui associando a disciplina”, relatou.

“O projeto nos trouxe desafios. Associar os jogos com cada disciplina, está sendo realmente desafiador, no preparo das atividades, e isso é muito estimulante. Temos que ter esse desafio, é necessário. Está sendo muito gratificante”.

“Dentro da disciplina de educação física já fizemos algumas atividades, eles mostraram quais são os dez jogos que eles mais gostam. Estamos em uma etapa do projeto que eles estão conseguindo pegar o jogo eletrônico e levar para a quadra. Com a turma do 8º e 9º ano eu coloquei a questão de qual jogo eletrônico reúne habilidades de educação física. Eles recriaram isso colocando em uma quadra. Estão conseguindo fazer essa ponte”, completou Ana Rute.

Ligia de Araújo Lúcio, professora de artes, falou sobre suas aulas.

“Na minha disciplina trabalhamos dentro do que é previsto nas competências e habilidades da BNCC, sempre atrelado a jogos. Eu pesquiso qual jogo virtual, ou qual linguagem dentro da cultura digital seria interessante para trabalhar determinado jogo que eles já conhecem ou que eu gostaria de apresentar e eles. Ao mesmo tempo que aproveito o conhecimento prévio deles, posso reelaborar esse conhecimento e produzir algo novo”, afirmou.

“Em artes eu fui surpreendida com trabalhos belíssimos de muita qualidade, trabalhando várias linguagens da arte, como a música dentro dos jogos, as materialidades, os elementos da linguagem. Só tenho a agradecer por estar participando desse projeto porque é um crescimento profissional e pessoal muito grande. Sentir que seu aluno está construindo e criando coisas novas, é o que todo professor sonha. Sinto que é um caminho que deve ser pensado, porque nele o aluno realmente é incluído, tem voz e vez. Ele constrói, o que é mais importante”, disse Ligia.

Proximidade

“Com isso tivemos uma proximidade maior com vários alunos e nos tornamos ouvintes de dificuldades que muitos estão passando. Tem um grupo de alunos que são administradores da página do Facebook, responsáveis pelas publicações. Através disso estamos trabalhando diversos conteúdos atitudinais, contemplado o grupo, mostrando pra eles que todos nós somos importantes e que juntos podemos construir algo”, disse Ana Rute.

“Lembrando que temos dois alunos de inclusão, com deficiência visual e outro com TEA (Transtorno do Espectro Autista) que estão participando do projeto, adaptamos atividades para que eles participassem”, encerrou.

Tecnologia e interação na educação

As professoras Ana Rute e Lígia falaram sobre interação e tecnologia aplicadas a aprendizagem dos alunos.

“Quando falamos em interação, ainda mais nesse mundo com a pandemia que estamos vivendo, fica muito complicada a questão de como interagir com o outro. Agora estamos descobrindo a maneira via tecnologia. É por este caminho que estamos conseguindo nos conectar com nossos alunos. Através desses jogos que eles gostam estamos tendo essa interação, essa troca. Eles estão conseguindo entender a dinâmica desses jogos eletrônicos dentro de cada disciplina. Cada disciplina está contemplando o seu conteúdo com isso. Está sendo uma experiência muito rica, com trabalhos muito ricos”, disse Ana Rute.

“Nós estamos descobrindo através da cultura digital que eles sabiam muitas coisas, principalmente porque nascem nela, se desenvolvem muito bem nessa linguagem”, contou Ligia.

“A ideia foi que os alunos pudessem aproveitar o conhecimento prévio deles, porque eles sabem muito de jogos, e ajuda-los a sistematizar esse conhecimento em várias áreas”, finalizou.


Atividade da aluna Mirela: Jogo eletrônico na quadra

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