sábado , 13 setembro 2025
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Subvariante BA.2 é considerada a mais transmissível do mundo

Em apenas um mês, proteção da Pfizer pediátrica caiu para 12%

O Brasil registrou nesta quarta-feira (9), 559 mortes pela Covid-19 em 24 horas, totalizando 654.147 óbitos desde o início da pandemia. A média móvel de mortes nos últimos 7 dias é de 500. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -32%, indicando tendência de queda nos óbitos decorrentes da doença.

Também na quarta-feira, o país registrou53.796 novos casos de Covid-19 em 24 horas, chegando ao total de29.247.838 diagnósticos confirmados desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de casos nos últimos 7 dias foi a 48.803. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de-47%, indicando tendência dequeda nos casos da doença. Os dados são do Consórcio de Veículos de Imprensa e foram publicados pelo portal G1.

Marcelo Galotti, infectologista, participou do Jornal do Meio Dia, da rádio Difusora, e fez um balanço sobre o cenário da Covid-19 no país e no mundo, e comentou dados importantes sobre a vacinação e a respeito da subvariante  BA.2.

Cenário brasileiro

Segundo Marcelo, a situação dos estados do Brasil é considerada inédita. “Temos um estado com alta nos casos, um com estabilidade e 24 estados estão com baixa. Isso é uma boa notícia. A tendência dos números caírem é muito grande. Não temos dúvida que a baixa na Covid vai acontecer. Chamamos isso que está acontecendo de lua de mel epidemiológica. A alta transmissibilidade da Covid consumiu os ‘mal vacinados’- que são as pessoas que se vacinaram direito mas não responderam a vacina, outros que se vacinaram mas já faz um bom tempo, e quem não tomou a terceira, segunda e até a primeira dose”, explicou. De acordo com o infectologista, a variante ômicron atingiu uma grande parcela de pessoas.

“Neste momento, que é o que acontece na África do Sul, na Inglaterra e em muitos outros países, não existe mais indivíduos suscetíveis ao vírus. Só vai voltar a ter dentro de quatro a oito semanas, porque a imunidade natural da doença com a ômicron é muito mais curta do que era com a Delta, que era de quatro a seis meses. A proteção natural da ômicron, dura de um a dois meses apenas.  Mas neste momento serão dois meses de sossego”, afirmou.

Caminhos da pandemia

Marcelo comentou sobre as expectativas com relação ao fim da pandemia, e os possíveis destinos da Covid-19.

“O fim da Covid-19 não é possível. Ter levantado essa possibilidade, veio do fato de que em 2002, com a Sars, isso aconteceu. Em 2012, que também era outro coronavírus, foi a mesma coisa. Mas os problemas dessas duas vezes foram localizados. Uma doença foi uma epidemia no Oriente Médio, e outra só dentro da China. A pandemia de 2020 assumiu tal proporção de distribuição no mundo inteiro, que hoje não é possível erradica-la. A possibilidade da doença deixar de existir, não vai acontecer. Isso é consenso na ciência”, informou.

O infectologista relembrou que não é possível afirmar que a pandemia está acabando, com 70 mil casos de morte no mundo por semana. Mas segundo cientistas, existe a possibilidade da Covid-19 transformar-se em uma doença endêmica, ou seja, uma enfermidade que acontece em uma situação limitada, com número de casos e de mortes previstos, e que eventualmente possa ocorrer um surto, como a gripe, por exemplo, mas que o sistema de saúde esteja preparado para lidar. “Temos um caso ou outro de gripe o ano todo, fim de outono e inverno temos picos de gripe, e temos 28 mil mortos por ano. O sonho é de que a Covid, que saiu de um surto para uma pandemia, volte a ser pelo menos uma endemia. Essa é a grande torcida”, disse.

“Hoje temos vacinas e até medicamentos preventivos, o que precisamos, é de uma equidade vacinal. Ou seja, que todos os lugares do mundo vacinem a população. Não será possível vencer essa pandemia, enquanto tivermos na África um bilhão de habitantes com menos de 10% vacinados, e 60% dos casos de Aids no mundo. Será sempre uma fábrica de variante. Se cuidarmos da doença como um todo, isso será possível. Para acabar com a pandemia, precisa do coletivo”, afirmou.

Marcelo citou uma terceira possibilidade do futuro da pandemia, algo que ele considera assustador. “Novas variantes surgirão, e pode ocorrer uma variante que tem a transmissão da ômicron, a patogenicidade  da delta, com uma resposta vacinal de um escape muito grande. Se isso acontecer, perderemos tudo o que foi feito, e começaremos o caos novamente. É necessário que o governo acelere a vacinação, para termos dois meses de sossego”, disse.

Subvariante BA.2

A variante Ômicron foi identificada em novembro de 2021. Desde a classificação da cepa como uma variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foram detectadas diferentes linhagens da variante, incluindo subvariantes chamadas de BA.1, BA.1.1, BA.2 e BA.3. A linhagem  BA.2 apresenta um grande número de mutações que se diferem daquelas identificadas na cepa BA.1.

“A Delta tinha 200 variantes, a Ômicron têm quatro. Quando caracterizaram a Ômicron como uma variante de preocupação, ela foi considerada o vírus mais transmissível da história da infectologia. Mas a BA.2 é mais. Em relação a patogenicidade, ela não mostrou clinicamente que é pior. No entanto em testes feitos em camundongos em Tóquio, ela mostrou que tem atração por células pulmonares. Se isso for constatado em humanos, vamos voltar para aquela folia de respirador e UTI. Porque a BA.1, atual ômicron, não ataca o pulmão. Quem pega a BA.1 fica imune a BA.2 e vice-versa. Essa é uma vantagem. Geneticamente a BA.2 é muito complicada, então não dá para fazer um segmento generalizado dela. A tecnologia pela constituição dela é mais difícil”, relatou.

No entanto, segundo o infectologista, as duas variantes do ponto de vista de gravidade e internação, respondem bem a vacina.

Resposta da Pfizer pediátrica

Muitos relatos no mundo descrevem que a resposta da vacina Pfizer pediátrica, para crianças de 5 a 11 anos de idade, é baixa. Marcelo explicou a situação.

“Quando a ômicron surgiu, a Pfizer que protegia 95% caiu para 68%. Foi a primeira vez que uma variante provocou um escape vacinal importante. Quando foram vacinados jovens de 11 a 17 anos, com uma vacina idêntica à usada em adultos, a proteção caiu de 66% para 51% com a nova variante. Quando foram vacinadas crianças de 5 a 11 anos, foi usada uma vacina com uma dose de um terço da utilizada em adultos. As crianças que começaram com 68% de proteção, em apenas um mês essa proteção caiu para 12%”, informou.

O infectologista explicou que todas as vacinas usadas atualmente, foram elaboradas contra o Sars-CoV, a cepa original, descoberta há dois anos. “As coisas mudaram, veio a gama, alfa, beta, ômicron. É natural que a resposta caia. Em segundo lugar, é natural que quando abaixe a concentração da dosagem, o número de anticorpos caia. Vamos tentar aumentar a concentração da Pfizer para essa faixa etária, ou tentar uma terceira dose”, disse.

Apesar da queda na resposta imunológica da Pfizer pediátrica, a proteção para mortalidade e gravidade, em qualquer condição, é considerada maior que 50%.

“Existem 300 estudos vacinais no mundo, 12 deles no Brasil. Tudo isso para achar uma vacina específica para a ômicron. Uma delas é da Pfizer e deverá ser lançada agora em março”, contou Marcelo.

Quarta dose

O infectologista explicou a respeito da quarta dose da vacina contra Covid-19 para imunossuprimidos no Brasil.

“O número de doses de uma vacina é fundamental para que obtenha sucesso. Em relação a vacina contra Covid-19, eram duas doses. Todas as plataformas vacinais com exceção da Janssen, eram duas. Com o tempo foi-se percebendo, principalmente com a chegada da ômicron, que é fundamental que você tenha a terceira dose. Ela passou a fazer parte do esquema vacinal básico. Não são mais duas doses, agora são três. Com isso, resgatou-se um pouco da imunidade caída, da proteção contra internação e morte, o que é super importante. Mas começaram a constatar que indivíduos, principalmente aqueles do grupo de risco, começaram a ter a doença mesmo com três doses. Por isso, sem uma sustentação da ciência, alguns países partiram para a quarta dose. O Brasil, EUA, Inglaterra e Israel começaram a fornecer a quarta para os imunossuprimidos. A Dinamarca, o Chile e a Suécia começaram a fornecer a quarta dose de acordo com a idade da população”, explicou.

Israel fez um trabalho científico estudando a quarta dose e concluiu que o acréscimo de proteção proporcionado por ela, é muito baixo.

“Em relação ao Brasil, a quarta dose é uma indecência, sabemos que a terceira é fundamental e estamos com apenas 30% da população brasileira com a terceira dose. É preciso fazer um mutirão para acelerar esses 30%”, encerrou.

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