terça-feira , 26 novembro 2024
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Dr. Eliezer Gusmão: “Quarentena é para não disseminar o vírus, que tem alta transmissibilidade”

Cidade tem 10 leitos disponíveis para os casos graves de Covid-19

Segundo Eliezer Gusmão, diretor do hospital, a procura pelo Pronto Socorro diminuiu por conta da doença

Na terça feira, dia 24 de março, o médico e cirurgião Eliezer Gusmão, diretor do Pronto Socorro Municipal e membro do corpo clínico do Hospital São Vicente, concedeu uma entrevista à rádio Difusora FM para falar sobre as medidas tomadas pelo Pronto Socorro e pela Santa Casa em relação ao coronavírus. Gazeta reproduz o que ele informou.

Novas Alas

Segundo o diretor, o Pronto Socorro, já vem sofrendo reformas há dois anos, ampliando e melhorando o seu prédio.

“Ainda não está totalmente pronto, mas uma das salas que futuramente será usada como sala de emergência, como já estava praticamente pronta, com todos os detalhes de bico de oxigênio, vácuo e tudo, resolvemos nessa crise usa-la como uma UTI, para os casos de coronavírus. Ela foi feita para suprir uma emergência. Já tomamos todas as providências, temos alas específicas para tratar, dentro da Santa Casa também, pacientes com o Covid-19”, disse o médico.

“Além disso, temos uma ala para pacientes infectados com a doença, mas que não precisarão de respiradores, os casos mais leves. No total, dividido entre a ala de emergência da Santa Casa e do Pronto Socorro, teremos dez (10) leitos de UTI para tratar pacientes com coronavírus”, contou Eliezer.

Redução no atendimento eletivo

“Gostaria de deixar claro que reduzimos cirurgias eletivas e internações. Claro que são aquelas que conseguimos evitar. Mas temos que entender que as outras doenças não param. Se tivermos que internar alguém por outro motivo, por necessidade, faremos isso. Mas as pessoas podem ficar tranquilas porque estamos separando as alas. Não vamos misturar um paciente de coronavírus com outro”, destacou.

Leitos

“É muito difícil garantir que esses dez leitos serão o suficiente. Se formos analisar o que está acontecendo em várias cidades do Brasil e do mundo, em alguns setores os casos gravíssimos que necessitaram de UTI foram muitos, como no caso da Itália e da Espanha, mas estamos preparando tudo em cima de estatísticas. Como é uma doença nova, a comunidade científica está entendendo pouco a pouco. Então, temos que trabalhar com aquilo que já temos. Na estatística que temos para a população do nosso município, nós achamos que dez leitos de UTI serão o suficiente para os casos gravíssimos que vão aparecer. No entanto, já estamos tendo a preocupação de deixar uma carta na manga, caso não dê conta. Temos que ressaltar que esse trabalho é da Santa Casa, a prefeitura também tem ido atrás do Governo do Estado, através da DIR, e tem oferecido materiais e dado apoio para que isso seja feito da melhor maneira possível”.

Quarentena

“Baseado na própria evolução da doença, em quase 80% dos casos os pacientes têm um quadro leve que não necessita de tratamento médico. Não existe nada que cure uma gripe, nem as antigas, nem a nova. Então orientamos os pacientes a ficarem em isolamento domiciliar. Eles mesmos estão diminuindo a procura pelo Pronto Socorro, porque estão conscientes e só procuram em casos mais graves. A quarentena é recomendada para não disseminar o vírus, que tem alta transmissibilidade, apenas por isso a recomendamos. Então, a orientação é ir para casa, ficar quietinho e observar”, ressaltou.

Mudanças no Pronto Socorro

“Temos uma equipe à frente do Pronto Socorro, que passa as orientações para os pacientes e já faz a triagem dessas pessoas. São separados aqueles que estão com suspeita de gripe dos outros, eles recebem máscaras, todas as orientações necessárias.  A procura diminuiu muito. Talvez, por medo do vírus elas prefiram ficar em casa do que procurar atendimento médico. Nos adequamos, em termos de equipe, fizemos adaptações, inclusive, proteção dos que trabalham no Pronto Socorro”.

Isolamento não é exagero

“Surgem várias opiniões a respeito da doença, de pessoas que muitas vezes nem estão no meio. Temos que analisar o histórico da doença, o que ela mostrou no mundo. O que as pessoas precisam entender é que se tivermos uma contaminação muito grande em um determinado momento, o risco aumenta, pois não teremos estrutura médica para isso. Para você poder bloquear a disseminação do vírus, as medidas que foram analisadas pelos especialistas, recomendam essa quarentena e isolamento como prevenção para que isso não aconteça. Eu sei que é um impacto violento para todos nós e para a economia, mas as medidas, a meu modo de ver, estão sendo corretas e não exageradas como alguns pensam. A Itália, por exemplo, começou a tomar os cuidados tarde demais, teve uma disseminação muito rápida do vírus, por isso, virou aquela bola de neve. Tem um índice de mortalidade diária lá. É claro que a grande maioria são pacientes idosos e aqueles que já têm complicações. No entanto, tem notícias de jovens morrendo, enfermeiros e médicos, em menor grau, mas o cuidado é indispensável. Temos que nos cuidar para não ocorrer o mesmo, ou até pior com nosso país. Tenho esperança que essas medidas vão fazer a gente dar conta do recado”, disse Eliezer.

“Lembrando que qualquer pessoa pode transmitir o vírus. Muitos acham que os idosos são apenas vítimas dele, mas também são transmissores. Óbvio que os idosos tendem a ficar mais em casa, por isso, acabam transmitindo menos”, explicou.

Reuniões do Comitê de Crise

“Estamos fazendo reuniões frequentes sobre as medidas contra o coronavírus. Nos reunimos no gabinete do prefeito para decidir sobre vários assuntos relacionados a isso, como o planejamento, contratar mais funcionários na área da saúde. Atendentes, motoristas, já estamos precisando dessas pessoas. O Pronto Socorro, por exemplo, já estava trabalhando com uma certa carência de funcionários. Com a crise do Covid-19 piorou um pouco. Então, já foi definido pelo prefeito que mais funcionários serão contratados por uma medida de emergência. Inclusive, precisamos de médicos intensivistas, para poder dar conta dos casos que porventura irão chegar”, contou.

“Acredito que uma boa parcela da população vá pegar o vírus, de forma mais atenuada, mas vai. Seguindo as medidas, o sistema de saúde do nosso município vai conseguir oferecer o tratamento necessário aos que precisarem”, completou.

Testes

“Os exames, até então, estavam demorando muito pra chegar, em torno de 7 dias ou até mais. Mas o Governo vai tomar medidas para que o processo seja mais rápido. Lembrando que não é todo mundo que vai fazer o teste. Só fará quem tiver indicação médica, os casos mais graves. Infelizmente os laboratórios que fazem o exame do Covid-19 estão sobrecarregados. Isso para nós é ruim, porque se tivermos a confirmação, se o caso é positivo ou negativo mais rápido, nos ajudará muito no desenrolar dos procedimentos”, destacou.

“A previsão dos especialistas é que a doença perdure até julho, talvez agosto. Talvez não com a atual intensidade. Mas pelo menos, pelos próximos 15 dias, temos que nos resguardar. Pode ser que tenhamos uma surpresa, e que as coisas não perdurem tanto como estamos esperando. Estamos torcendo para que daqui há 15 dias as coisas comecem a amenizar, para irmos diminuindo as medidas. No Brasil, está previsto para que o pico da doença seja de abril, até maio mais ou menos. Por isso, essas medidas já foram tomadas antes, para que o impacto não seja tão violento quando chegarmos nesses meses, e dessa forma, conseguiremos tratar da melhor forma possível”.

Inverno

Segundo Eliezer, o inverno pode piorar a situação, pois junto com ele chegam outras doenças.

“Por esse motivo a vacinação contra a gripe foi antecipada. O governo está soltando pouco a pouco essas vacinas, mas no fim todos serão vacinados, e o inverno terá um menor impacto sobre a H1N1, por exemplo”, encerrou.   

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