terça-feira , 26 novembro 2024
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Imagem ilustrativa da internet

“Novembro Roxo” chama atenção para os bebês prematuros

Mãe rio-pardense conta experiência sobre parto prematuro

Por Júlia Sartori

O dia 17 de novembro foi lembrado como “Dia Mundial da Prematuridade”. Ele acontece em meio à campanha Novembro Roxo, dedicada à sensibilização sobre o tema, com orientações sobre a importância do pré-natal na vida das mães e dos bebês. A cor representa a sensibilidade e a individualidade de cada bebê prematuro e também significa transformação, algo visível para quem acompanha o desenvolvimento da criança.

Apenas no ano de 2019, foram registrados cerca de 300 mil nascimentos prematuros no país. Com isso, de acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Brasil ocupa a 10ª posição entre as nações onde são registrados mais casos de prematuridade.

Mariely Fernanda de Sousa Leão, 24 anos, psicóloga, contou ao jornal sobre sua experiência com seu filho Davi, que nasceu prematuro em 2017, com 34 semanas gestacionais, o que equivale a 7 meses de gestação.

Mariely e seu filho Davi, hoje com 4 anos

“Minha gravidez foi de risco. Comecei a ter muitas dores e tive uma infecção bem forte de urina. Fui internada para tratar a infecção, e como ela estava bem forte, desenvolvi também uma anemia”, contou.

Diante da situação, Mariely precisou ser afastada do trabalho. NO período, teve sangramento. “Corri para o hospital, e disseram que o colo do útero estava baixo. O médico me pediu repouso absoluto. Precisei tomar vitaminas, soro para segurar o bebê, porque a dor era intensa”, relembrou.

Gravidez conturbada

Para a psicóloga, a gravidez foi conturbada pelas dores que sentia. “Não foi uma gravidez saudável. Eram muitas dores, idas e vindas até o hospital e o medo era muito grande. Segundo os médicos, não havia possibilidade do meu filho nascer prematuro, se eu me cuidasse certinho, ele chegaria até os nove meses de gestação. O Davi sempre foi grande durante a gestação, ele se mexia bem”, disse.

Com 32 semanas de gestação, Mariely retornou ao hospital. “Fiquei desde as 32 semanas até 33,5 semanas de gestação internada. Meu colo do útero continuava baixo, e como o Davi estava grandinho, meus rins ficavam sendo pressionados o tempo todo. Ou eu teria que fazer Cesária, ou uma cirurgia nos rins. Mas foi preciso esperar”, afirmou.

Parto prematuro

O bebê veio quando ela completou 34 semanas de gestação. “A minha cesariana foi no dia 21 de abril, no feriado. O Davi nasceu 10h55 e não chorou. Quando levaram ele para a incubadora, ele não estava respirando, os médicos fizeram os procedimentos para ele voltar a respirar, colocaram oxigênio nele, e começaram a perceber que tinha algo errado”, relembrou.

A mãe relatou que se desesperou. “Eu olhei para minha mãe que estava na sala de parto comigo e ela estava totalmente desesperada. Os médicos conseguiram reanimar ele, fizeram um raio x e constataram que o pulmão ainda não estava totalmente formado”, disse.

Davi precisou ser transferido para a UTI Neonatal de Mogi Mirim.  Era uma sexta-feira, e a mãe continuou internada. “Passei o sábado todo sem vê-lo, porque o outro hospital não dava notícias pelo telefone. No domingo de manhã recebi alta. Mas foi muito difícil ficar no hospital sem meu filho nos braços. Eu fiquei muito angustiada”.

Bebê na UTI

O bebê passou 15 dias na UTI. Um dos pais podia ficar 24 horas com ele, o casal se revezava. Iam a e voltavam para Mogi Mirim, todos os dias. “Saia de São José entre 03h00, 04h00, e voltava 23h00 com o transporte. Foram 15 dias de luta. Ter a pessoa e não poder senti-la, era somente por toque de mão”, revelou.

No hospital Mariely retirava o leite materno e também fazia doação, pois ainda não podia amamentar o filho diretamente. “Eu doava leite, passei a doar três dias depois que ele nasceu. Enquanto o pai do Davi ficava com ele, eu retirava o leite no hospital. Meu peito ficava empedrado, de tanto leite que eu tinha. Esse era um ponto positivo, porque meu sonho era amamentar”, declarou.

Após 13 dias de internação, a saturação do bebê se normalizou, e foi quando a mãe passou a amamenta-lo. “Graças a Deus foi um sucesso, deu tudo certo, e a partir de então comecei com o aleitamento e continuei até ele ter dois anos e meio. Amamentar me ajudou a superar tudo, nasceu uma conexão muito grande entre nós”, comemorou.

“Quando ele recebeu alta da UTI foi aquela felicidade que não cabia no peito. A sensação de voltar para casa, de ter o seu bebê no berço, em um quartinho que foi todo preparado para ele, é incrível”, contou.

Atualmente Davi tem quatro anos e é uma criança totalmente saudável.

Aprendizado

Para Mariely, toda a situação fez parte de um aprendizado. “O período mais difícil foi quando eu soube que ele teria que ir para a UTI. Mas hoje, como mãe e psicóloga, eu percebo que as mães de UTI têm um dom muito grande. Precisamos passar por algumas experiências para perceber a força que temos. Cada dia é uma superação, e o amor de mãe é algo que transborda”, encerrou.

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