Pacientes que precisam de quimioterapia aguardam vagas em na Unicamp, Barretos, Franca ou Jaú, dependendo do caso e da gravidade
O vereador Paulo Sérgio Rodrigues apresentou na Câmara na última terça-feira, 19, um requerimento ao Executivo perguntando sobre o serviço de quimioterapia que a cidade mantinha em parceria com a Unicamp, para atendimento a pacientes oncológicos. Até o ano 2020, a unidade funcionava junto às dependências da Santa Casa, onde pacientes de alguns tipos de câncer recebiam medicação – infusões, sem a necessidade de viajarem até Campinas.
No documento ele questionou sobre o funcionamento, os atendimentos, o número de pacientes entre outros temas que também explanou em plenário.
Após as colocações do colega, a vereadora Lúcia Libânio, em aparte, se manifestou fazendo uma longa explicação acerca do assunto e afirmou que a quimioterapia não está funcionando. Explicou que há três pacientes apenas recebendo uma vacina voltada a quem teve câncer nos ossos.
“Não existe mais o convênio funcionando. O município perdeu o convênio com a Unicamp. O Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher) não interessou porque o município não compareceu, ainda na época do Ernani, a Juliana não foi nas reuniões agendadas para poder renovar esse contrato”, afirmou a vereadora Lúcia.
Com o fim dos atendimentos no município, os pacientes que precisam de quimioterapia passaram a depender das vagas oferecidas pelo sistema de agendamento da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), que encaminha para tratamento em hospitais da rede pública.
“Hoje o município pertence ao Cross, não tem prioridade. Entra na fila como qualquer outro município da nossa região. Os casos são detectados aqui e são mandados para São João da Boa Vista, que decide e põe eles na fila para Unicamp, Barretos, Franca ou Jaú, dependendo do caso e da gravidade”, completou.
A vereadora disse que há uma oncologista que atende o serviço municipal às sextas-feiras, para fazer as triagens dos casos novos e solicitar os exames necessários, além de um clínico que atende durante a semana. É a partir destes profissionais que os pacientes oncológicos são submetidos aos atendimentos em outras cidades.
“Não temos mais autonomia em nada, tudo se perdeu. Falar com a Unicamp hoje, São José do Rio Pardo, eles não falam mais”, concluiu a vereadora, que afirma ter conseguido, na gestão passada, duas reuniões na Unicamp para tratar do assunto, mas que o prefeito e a secretária de saúde da época não compareceram.
Lúcia comentou também que, no ano passado, o município tratou do assunto com uma clínica de radioterapia em Poços de Caldas, para que os pacientes locais pudessem ser atendidos por aquela unidade, mas acusou a Santa Casa de não colaborar com a parceria. “Precisávamos do apoio da Santa Casa, que também não quis conversa”, disse.
Ernani diz que formalizou o convênio
O serviço de quimioterapia em São José havia passado por intensa polêmica, após ter sofrido interrupção, no ano de 2017, quando o médico responsável deixou os pacientes, por conta de desacerto financeiro com a Prefeitura.
“Quando a Prefeitura buscou orientação junto à Unicamp, houve uma surpresa”, conforme destaca a ex-secretária de saúde da época, Márcia Biegas.
“O serviço não existia formalmente perante ao Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, o CAISM. Não havia um convênio entre o município e a universidade. Sem o médico, tivemos que suspender o serviço em meados de abril e levamos meses para conseguir pactuar o convênio e reativar o atendimento, o que foi feito em meados de agosto, já com a contratação de um outro médico oncologista, que vinha de Ribeirão Preto”, relembra.
“O médico anterior queria receber um salário muito acima daquilo que o município poderia pagar na época. Atendia uma vez por semana e os pacientes que tivessem alguma emergência, principalmente nos fins de semana, acabavam sendo atendidos pelas equipes de emergência do Pronto Socorro ou da Santa Casa. Ele também havia reclamado da estrutura e acabou deixando os pacientes, mas avisou isso de última hora e o serviço teve de ser paralisado”, comentou o ex-prefeito Ernani Vasconcellos.
“Não procede essa coisa de que o convênio acabou na nossa gestão. Pelo contrário. Fomos a diversas reuniões em Campinas, no Caism, na Unicamp, para resolver o problema. E em agosto daquele ano, nós assinamos o convênio com a instituição. A vereadora está equivocada. Até 2020 tinha quimioterapia, os pacientes eram atendidos”, completou o ex-prefeito.