Izonel Tozini, do Sincopar, diz que sem contrapartida do governo empresas vão demitir
O presidente do Sincopar – Sindicato do Comércio Varejista de São José do Rio Pardo e Região, Izonel Tozini, falou nesta semana sobre o difícil momento dos empresários locais e dos municípios vizinhos, nesta fase da pandemia. As restrições impostas pelo Plano São Paulo, com a fase emergencial, além do fechamento total determinado pela Prefeitura, têm trazido incertezas às atividades comerciais, o que dificulta a manutenção dos empregos, segundo ele.
Izonel integra o Comitê de Gerenciamento de Crise da Covid-19 no município, e diz que nem sempre é fácil defender os interesses do comércio no grupo, pois às vezes eles se confrontam com as medidas propostas pelos técnicos para a contenção da pandemia.
“É uma situação difícil. O comércio segue os protocolos de saúde com rigor e não é o fato gerador de risco e da proliferação. Mas a gente nem sempre consegue agradar os representados”, argumenta.
O presidente do Sincopar falou ainda sobre como tem agido junto aos associados neste momento de incertezas e de portas fechadas.
“Primeiro a gente presta as informações, sempre tentando esclarecer as diversas situações do Plano São Paulo. Os empresários demonstram grande descontentamento com relação ao governador. Desde o início da pandemia aos dias atuais. O problema é a briga política entre o governo federal e o estadual, que nós do povo não apreciamos. Não temos interesse na briga política que traz um prejuízo incalculável para empresários e empregados”.
Segundo o presidente, também há pedidos de associados para que o Sindicato recorra à justiça na tentativa de buscar a flexibilização das medidas restritivas. “Alguns (associados) pedem interferência do Sindicato no sentido de entrar com ação. Mas nós sabemos que este não é o caminho, diante da pandemia, porque tem o guarda-chuva do STF. As ações não prosperam”, lamenta.
No que tange aos casos positivos da doença, Izonel diz que não há dados específicos levantados pelo Sindicato, quanto a quantidade de trabalhadores infectados no comércio. Ele destacou, porém, que os relatos acerca do assunto são de números bastante pequenos.
“Na cidade de São José do Rio Pardo e na região não temos esse índice apurado através da Vigilância Sanitária, mas segundo alguns infectologistas, isso está algo em torno de 0,5% (meio ponto percentual) a cadeia toda, incluindo restaurantes, bares, supermercados”.
Izonel diz também que o comércio trabalha com rigorosos protocolos de saúde, o que já contribui para a promoção da segurança. “É muito mais seguro o comércio aberto, as pessoas trabalhando, do que fechar e a pessoa ir para casa, porque lá ela vai aglomerar. Ou não fica em casa”.
O presidente do Sincopar comentou sobre as linhas de crédito disponibilizadas pelo Governo do Estado como forma de ajudar o empresariado na manutenção das atividades, por conta da pandemia. Ele considera, entretanto, que são medidas pouco eficazes.
“De vários que vão lá pedir, pouquíssimos conseguem empréstimos, por que a realidade é outra daquilo que é divulgado. No ano passado foram oferecidos uma ordem de R$ 100 milhões. É irrisório. Agora, não muito diferente, ofereceram mais R$ 100 milhões, para os pequenos e médios, incluindo R$ 50 milhões para bares e restaurantes. Não resolve em nada”, disse, considerando ainda que o percentual de empresários que têm acesso aos financiamentos é baixíssimo.
“O que nós precisamos mais é a prorrogação do pagamento de impostos, inclusive o não recolhimento do ICMS, parcelamento das dívidas sem juros, correção e multas. Mas ainda não seria o suficiente, então entraria o Governo Federal a quem estamos pedindo o Pronampe de novo, que é para financiar os micro e pequenos empresários. Estamos pedindo um Pronampe eternizado para continuar ajudando”. Segundo ele, são medidas que beneficiariam sobretudo as pequenas e médias empresas, principais geradoras de empregos no país.
“As pequenas e médias empresas precisam da redução da jornada de trabalho, redução de salários, suspensão do contrato de trabalho, postergação do pagamento dos impostos federais todos, parcelamentos sem juros, adiantamento do décimo terceiro salário, pagamento do PIS e PASEP, autorizar o saque do fundo de garantia pelo menos no valor de um salário mínimo e aprovar crédito para as grandes empresas também”, continuou.
Sem as medidas que garantam a continuidade dos negócios, o presidente do Sincopar afirma que já há empresários pensando em demissão de funcionários, uma vez que têm sido grandes as dificuldades em manter os pagamentos de salários e benefícios aos trabalhadores com as restrições impostas pelo momento.
“Muitos estão antecipando férias mas com dificuldade porque têm que pagar 1/3, e utilizando banco de horas. Mas sem contrapartida do governo, vários vão quebrar. Vão demitir e ficar sem homologar porque não tem como pagar”.
A deliberação pelo lockdown no município, segundo entendo o representante do comércio no Comitê de Gerenciamento de Crise da Covid-19, não é a forma mais eficaz de combater a pandemia.
“Parece que não mostrou resultado positivo em nenhum ligar do mundo. Você fecha tudo e manda a pessoa ficar em casa. Num país pobre, onde a maioria trabalha hoje para comer amanhã, e com condições precárias de moradia, numa casa morando duas, três famílias dividindo aluguel, é trocar seis por meia dúzia. Com certeza vai produzir uma velocidade maior da Covid-19”.