terça-feira , 26 novembro 2024
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Andrew e Viviane resgataram Vitória após sofrer atropelamentos contínuos

Do sofrimento ao amor: Rio-pardenses contam como resgataram seus cães em meio ao abandono e maus-tratos

Por Júlia Sartori

“Eu resgatei a Penélope nas piores condições que um ser humano pode deixar um animal na rua”, contou Cristina

O mês de abril é dedicado a Campanha de Prevenção aos Maus-tratos contra os Animais, chamada de “Abril Laranja”.  Para prevenir a crueldade contra os animais e alertar a população mundial sobre o problema, a Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra Animais (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals, em inglês), criou a campanha em 2006. De acordo com a Delegacia Eletrônica de Proteção Animal (Depa) da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o número de denúncias de crimes contra cães, gatos e outras espécies domésticas passou de 4.108 no início de 2019 para 4.524 no mesmo período deste ano – um aumento de mais de 10%.

Em São José do Rio Pardo e região, a situação não é diferente. Existem inúmeros relatos de animais que foram resgatados vítimas de maus-tratos. Muitos deles ficam com sequelas físicas e emocionais severas, e outros acabam não resistindo.

Vitória


Vitória e Viviane: “Desde o nosso encontro ela se tornou um membro da família (…)”

Vitória, uma pitbull com aproximadamente 3 anos de idade, foi abandonada para morrer em uma estrada e sofreu atropelamentos contínuos antes de ser resgatada por Andrew Henrique e Viviane Rodrigues, casal rio-pardense.

“Na primeira semana de março, estávamos voltando de Guaxupé, quando vimos um cachorro todo retorcido e sendo atropelado continuamente, na pista contrária a que estávamos. Paramos e voltamos até ela, ajeitei o pescoço que estava retorcido, e vi que ainda estava respirando com muita dificuldade. Meu marido logo a pegou e colocou dentro do carro, então viemos para São José, e levamos ela até uma clínica veterinária para tentar socorre-la, pois achávamos que ela não fosse sobreviver”, relatou Viviane.

“Fizeram vários exames, e foi constatado que ela não enxergaria mais, pois as pancadas na cabeça tinham afetado o olho esquerdo, além de várias escoriações, hematomas e machucados recentes e antigos. Fizeram curativos, sedaram e ela ficou recebendo soro, pois tinha perdido muito sangue, estava em estado anêmico. No início achávamos que era uma cachorra idosa por estar muito maltratada, agora sabemos que é uma jovem, tem uns 3 anos”.

Viviane contou que para ela e o marido, foi chocante encontrar Vitória naquele estado. Além disso, nenhum motorista ou pedestre parou para socorre-la. “O momento mais difícil foi saber se ela sobreviveria no caminho até o veterinário. Choramos muito, o caminho era longo e parecia não ter fim”.

Vitória recuperou a visão e não teve sequelas físicas.

“Desde o nosso encontro ela se tornou um membro da família e demos o nome de Vitória, por resistir a tanta violência. Ela é mais que importante, amamos ela. Ver no olhar do animal a gratidão é a melhor parte”, comentou a dona.

Segundo Viviane, a convivência com o casal e com outras pessoas  é ótima. “Ela ama brincar, receber carinho, dar beijos, que chamo de lambeijo, é muito dócil com pessoas”. No entanto, Vitória ainda não se adaptou a outros animais. O casal construiu um canil espaçoso para garantir o conforto e bem estar de Vitória, já que possuem mais 16 animais.

Penélope


Ricardo Manetta, marido de Cristina, e Penélope

Cristina Manetta, dona de casa, têm 11 gatos e 5 cães. Ela contou a história de Penélope, uma mestiça pitbull, que foi abandonada com problemas de saúde após perder uma cria.

“Em janeiro de 2017, uma moça que mora no bairro Santo Antônio entrou em contato comigo e me falou que haviam abandonado uma cachorra após ter dado cria. Ela estava chorando muito, fui até lá, a resgatei e vi que estava muito debilitada, levei ela para o veterinário, e o útero precisou ser retirado. Era uma cachorra que já havia procriado muitas vezes, e na última cria ela acabou perdendo os filhotes. Nós a castramos e cuidamos dela com muito amor”, relatou.

Cristina contou que Penélope já era adulta, e nunca conseguiu encontrar os antigos donos dela. “Não sabemos quem a abandonou”.

“Ela era um amor, ficou conosco por 5 anos. Infelizmente teve três cânceres, fizemos três mastectomias nela, e há três meses desenvolveu um câncer na garganta, e pela idade, ela não resistiu e faleceu no dia 11 de janeiro. Penélope já tinha aproximadamente 15 anos”.

“Eu resgatei a Penélope nas piores condições que um ser humano pode deixar um animal na rua. Mesmo assim, ela era uma cachorra muito mansa e nunca teve problemas de comportamento”, contou ao jornal.

Quando Penélope faleceu, Cristina e seu marido, Ricardo Manetta, a enterraram em um cemitério próprio para cães. “Nós demos nosso máximo para ela até o fim”.

Nero Luís

“O Nero já era meu, só não tínhamos nos encontrado ainda”, disse Cristina

Nero Luís, um cãozinho da raça Pinscher, também foi encontrado por Cristina há 4 anos. “Eu o encontrei correndo em frente ao COC, ele estava assustado, totalmente sem rumo, quase foi atropelado.  Parei meu carro e persegui ele até conseguir pegá-lo. Coloquei fotos dele no Facebook para saber se alguém tinha perdido, mas nunca encontramos o seu dono. Ele estava cheiroso e era bem educado quando o encontrei. Quando soltaram ele na rua, já era um cachorro idoso.

“O Nero já era meu, só não tínhamos nos encontrado ainda”, encerrou Cristina.

Abandono também é crime

No Brasil, maltratar um animal é crime conforme previsto na Lei Federal Nº 9.605/1998. A legislação, que protege animais silvestres, domésticos e domesticados, estabelece que os maus tratos a cães e gatos sujeita o infrator a pena que varia de 2 a 5 anos de prisão, além do pagamento de multa e inclusão do nome no registro de antecedente criminal.

Muitas pessoas pensam que maus-tratos é somente relacionado a violência física. No entanto, abandonar um animal, seja ele qual for, também é classificado como maus- tratos perante a lei.

Além da violência, existem outras ações sujeitas a punição:

  • Abandono;
  • Agressões físicas, como: espancamento, mutilação, envenenamento;
  • Manter o animal preso a correntes ou cordas;
  • Manter o animal em locais não arejados – sem ventilação ou entrada de luz;
  • Manter o animal trancado em locais pequenos e sem o menor cuidado com a higiene;
  • Manter o animal desprotegido contra o sol, chuva ou frio;
  • Não alimentar o animal de forma adequada e diariamente;
  • Não levar o animal doente ou ferido a um veterinário;
  • Submeter o animal a tarefas exaustivas ou além de suas forças;
  • Utilizar animais em espetáculos que possam submetê-los a pânico ou estresse;
  • Capturar animais silvestres.

Como denunciar maus-tratos

A denúncia pode ser feita nas delegacias comuns ou nas especializadas em meio-ambiente ou animais. Também se pode denunciar diretamente no Ministério Público ou no IBAMA.

É responsabilidade da autoridade policial receber a denúncia de maus-tratos aos animais e fazer o boletim de ocorrência. Assim que o escrivão ouvir o relato sobre o crime, ele deve instaurar inquérito policial ou lavrar Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).

Com informações do site ‘Catraca Livre’

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