Casal adotou área pública, arborizou-a e agora alimenta os pássaros que ali aparecem
Local onde a moradora alimenta animais e aves (Foto: Reportagem)
Um casal residente há 18 anos na rua Benedito Noronha de Andrade, bairro Maria Boaro, adotou uma área em frente a casa onde moram, cercou-a, e continuou assim fazendo, agora com mais segurança, o que já realizavam há anos: cuidar dos pássaros e macacos que ali aparecem todos os dias. Além de alimentá-los, chegam a cuidar pessoalmente dos mais fragilizados, como um filhote de bem-te-vi que caiu recentemente de uma árvore e, por não saber voar, estaria fadado a morrer. Esse filhote está sendo tratado na casa deste casal e, assim que estiver melhor e apto a voar, voltará à natureza.
Vanda de Fátima Boaro Dias e Lourival Pereira Dias moram ali desde quando a área pública e frontal à residência era um buracão, sem nada. Eles pagaram o equivalente a cinco caminhões de terra para aterrar o local, compraram mudas e iniciaram o plantio de árvores. Algumas pessoas chegaram a doar outras mudas e assim o terreno foi ganhando a forma de um jardim. A partir disso, os primeiros pássaros começaram a chegar: tucanos, maritacas e outros. Percebendo que eles estavam atrás de comida, o casal passou a deixar frutas penduradas nas árvores e o número de aves só aumentou no decorrer do tempo, sem contar que os primeiros macacos (saguis) também começaram a surgir.
O tempo foi passando e os gastos para alimentar os pássaros e macacos foram crescendo na mesma proporção, até que dois comerciantes tradicionais do bairro Buenos Aires, informados do trabalho realizado pelo casal, decidiram ajudá-los: eles passaram a doar as frutas não vendidas ou mesmo amassadas mas ainda boas para alimentação de animais. “Foi um alívio para nós porque usamos várias frutas diárias e ainda muita quirela duas vezes ao dia”, admitiu Vanda, agradecida pelas doações. “Os macacos comem muita banana e maçã, já os pássaros gostam demais de quirela, banana, maçã e mamão”.
Jiboia no espaço
Com a chegada das aves ao espaço cuidado pelo casal, chegou também uma jiboia e não foram poucos os pássaros que acabaram seus dias no estômago dela. Vanda então acionou a polícia ambiental e esta explicou que a captura de cobras deveria ser feita pelos bombeiros. Estes foram chamados e prontamente capturaram o animal, levando-o para um lugar apropriado. Isso trouxe de volta os pássaros e macacos ao espaço cuidado pela família Dias e tudo voltou ao normal.
Para preservar a área adotada sempre limpa e bem cuidada, Lourival poda as árvores, limpa o terreno e prepara a alimentação de todos os “visitantes” da área cercada, que deve ter uns 150 metros quadrados. Vanda, por sua vez, trata dos casos mais especiais, como do bem-te-vi citado no início da matéria, que ela alimenta com seringa. Ela diz, porém, que o pássaro que mais chama a sua atenção é uma gralha de saia azul, que chega e pousa em um tabuleiro com mamão colocado no interior do local.
Dentro da residência onde moram, os dois têm alguns pássaros cuidados com o mesmo zelo, como uma calopsita que canta “Atirei o pau no gato”, periquitos australianos e agapornis, todos domesticados e que não podem ser soltos porque morreriam sob ataque de predadores. Vanda espera agora que outros rio-pardenses sigam o mesmo exemplo e se dediquem também a não apenas preservar a natureza, mas a cuidar dos animais e aves que dependem dela para sobreviver.
Fonte: Gazeta do Rio Pardo – Por Eduardo Eron