A arte que virou terapia nas mãos de Sabrina Elizei

Ela encontrou no biscuit um santo remédio contra a depressão e também uma forma de ganhar dinheiro

Os artesanatos estão presentes em praticamente todos os lares. Trabalhos que vão além da arte e habilidades manuais, envolvem ainda a terapia, a geração de renda, e são fundamentais para decorar uma festa, seja ela de casamento, aniversário, formatura ou qualquer outra. Das muitas técnicas empregadas, o biscuit, é um dos queridinhos quando se trata de artesanato. A massa nomeada de porcelana, é oriunda das rochas e foi descoberta no início do século III D.C na China, de onde o potássio, sódio, cálcio e a argila pura de coloração branca eram encontrados. Foi graças a sua brancura e rigidez que foi possível produzir louça fina, artigos decorativos e até esculturas para serem contempladas em palácios de diversos países do mundo. Artesãos da Europa e América Latina, conheceram a maleabilidade da massa do biscuit, que, diferente da porcelana tradicional não precisa ser queimada em forno em altas temperaturas.

Em São José do Rio Pardo, uma artesã que se destaca com o uso dessa técnica é Sabrina Elizei, 25 anos. A empreendedora rio-pardense encontrou no biscuit forças para enfrentar uma depressão. Ela trabalha profissionalmente com o artesanato desde 2017 e atualmente toda sua renda é oriunda do trabalho artístico.

“Tudo começou quando descobri que estava com depressão. Decidi procurar ajuda e em uma consulta com o psiquiatra ele havia me dito que seria interessante distrair a cabeça fazendo algo manual. Na verdade, eu já trabalhava fazendo adesivos artesanais de unha, porém, era meu trabalho e não era um hobby para distrair a cabeça”, relembra.

Ela diz que, saindo da consulta, lembrou-se dos vídeos que sempre via no YouTube sobre as peças em biscuit. “Já estava no centro e decidi lá mesmo comprar os materiais. Comprei a massa e algumas tintas. Chegando em casa fui tentar fazer algo e me surpreendi, estava amando ver as peças sendo produzidas. Vi que levava jeito, e desde então não parei mais”, contou.

Processo de criação

A artesã comentou detalhadamente sobre o processo para produzir as delicadas peças, observando que apesar de parecer, o processo requer bastante trabalho. “No biscuit temos vários processos a serem seguidos e respeitados”, ressalta.

Ela explica que a criação de peças personalizadas pode demorar até 5 dias desde o início até a finalização. “E ainda temos o processo de secagem que é no mínimo 10 dias. No caso de peças maiores pode levar até 1 mês”, revelou.

Sabrina faz uma infinidade de peças, com riqueza de detalhes e delicadeza. São produtos para decorar bolos, lembrancinhas para aniversários, casamentos, nascimentos. Um misto de técnica e paciência.

Ela destaca que utiliza alguns moldes para auxiliar em alguns trabalhos. “Eles nos ajudam a padronizar as peças, porque imagina fazer 200 lembrancinhas totalmente iguais à mão livre? Demoraria o dobro de tempo e no caso de um autônomo, tempo é dinheiro”, completa.

Esforço e dedicação

As peças de biscuit são produtos exclusivos, 100% manuais e personalizados de acordo com o que cada pessoa solicita. “Se trabalharmos bem, com muito capricho, sempre terá clientes à procura”, diz.

A profissional explicou que é totalmente possível fazer do biscuit sua principal ou única renda.

“É possível sim viver exclusivamente do biscuit. Não é fácil, porque trabalhar pra nós mesmos todos os dias é um desafio, quanto mais trabalhamos mais ganhamos. Então só depende de nós mesmos. Mas minha renda é exclusivamente do biscuit. Graças a Deus tenho muito trabalho a ser feito, fico muito feliz em ver meu trabalho ser reconhecido. Hoje, tenho clientes que já estão garantindo vaga para o mês de dezembro”, comentou.

Sabrina trabalha sozinha, desde a produção, divulgação e comercialização. “Eu fabrico, cuido das vendas, do Instagram profissional, do financeiro, dos correios, das divulgações, do atendimento, enfim, faço tudo sozinha”. Para dar conta do ofício, trabalha com prazos que vão de 15 a 30 dias, desde a encomenda à entrega. “Mas sempre tem aqueles pedidos de última hora, nunca deixo meus clientes na mão”, afirmou.

A artesã diz que sua maior satisfação é admirar as peças prontas. “Me dá um orgulho muito grande em saber que eu aprendi tudo sozinha, comecei do zero e que me esforço todos os dias para melhorar cada vez mais. Quando a cliente me manda uma mensagem de carinho agradecendo após o pedido e voltando para uma nova compra, também fico extremamente feliz e sinto que estou no caminho certo. Não tem nada melhor do que fazer o que amamos”, encerrou.

O trabalho dela pode ser visto nas redes sociais @sabrinaelizeibiscuit.