Professores falam da importância de 4 de abril
Márcio Lauria e Marcos de Martini foram ouvidos sobre a data oficial de fundação
Embora o município comemore em 19 de março o aniversário da cidade, a data oficial de emancipação política e administrativa é 4 de abril. Para falar do assunto o locutor Luiz Henrique Artioli Tobias entrevistou o professor Márcio José Lauria e Luiz Fernando ouviu o professor Marcos de Martini.
Foi Lauria quem, quando vereador, foi autor da lei municipal que disciplinou essa questão. “O dia da fundação (da cidade) é 4 de abril de 1865. São José do Rio Pardo é das raras cidades que tem uma certidão de nascimento pois existe uma ata, datada de 4 de abril de 1865, sobre a fundação da Vila de São José do Rio Pardo. Porém, o espírito religioso do povo sempre ligou a fundação da cidade à data de São José, que é 19 de março. Então, eu me baseei nesta verdade histórica e no que me informou a professora Amélia Franzolim Trevisan, que é do arquivo público do Estado de São Paulo, a respeito desta aparente incoerência de São José do Rio Pardo manter dois dias”, argumentou Lauria.
Em 19 de março de 1870 não aconteceu nada de expressivo na então Vila de São José porque ela já estava fundada havia cinco anos. O dia de São José era comemorado pelos religiosos católicos da época, mas não como data de fundação da cidade. Assim sendo, mediante a lei de autoria de Márcio Lauria, a comemoração do aniversário ficou sendo 19 de março, enquanto a data de fundação foi mantida em 4 de abril.
São José do Rio Pardo, lembrou o professor, já pertenceu religiosamente e administrativamente a Caconde e Casa Branca. O nome da cidade, segundo ele, é resultado da homenagem ao padroeiro São José e ao rio Pardo – a cidade é a única atravessada em seu perímetro urbano por este rio.
Indagado sobre o que acha da cidade, Lauria admitiu: “Somos extremamente bairristas. Eu, que nasci aqui e só saí por uma necessidade funcional, mas sempre pensando em voltar, acho que São José do Rio Pardo é uma cidade muito boa de se viver e vale a pena ser um cidadão rio-pardense. Minha vida cultural e intelectual é sempre ligada à vinda de Euclides da Cunha a São José do Rio Pardo com a finalidade de reconstruir uma ponte, abalada por uma enchente no rio Pardo. De 1987 a 1901 a quase totalidade do texto de Os Sertões foi elaborada aqui, embora já houvesse as anotações feitas por ele na Bahia. Aqui, porém, ele encontrou o ambiente propício para isso”, afirmou, concluindo que a cidade não pode perder o culto a Euclides da Cunha e ao movimento euclidiano.
De Martini
O professor Marcos de Martini, de História, confirmou as palavras de Márcio Lauria sobre a data de fundação da cidade baseada na ata (encontrada na Fazenda Tubaca e atualmente guardada na Hemeroteca Municipal). A ata previa a implantação da Capela de São José no local onde atualmente está a Igreja Matriz. Depois é que veio o prédio da Câmara e Cadeia, ao lado da Capela.
Marcos de Martini destacou que São José do Rio Pardo é o resultado da atividade de imigrantes que vieram trabalhar na lavoura de café, fato que dava início à prosperidade econômica futura do município, aliada à parte cultural, totalmente vinculada à vinda de Euclides da Cunha e ao movimento euclidiano que surgiria poucos anos após a sua morte.
Prédio da Câmara e Cadeia, hoje Museu Rio-pardense: imóvel histórico de São José do Rio Pardo