Para explicar sobre as questões da prematuridade e responder as dúvidas mais frequentes sobre o tema, Gazeta do Rio Pardo entrevistou o pediatra e alergista Dr. Samuel Vieira da Silva, a enfermeira obstetra Joice Parma Lúcio Catão que trabalha na maternidade da Santa Casa há 7 anos, e a técnica de enfermagem Adriana Calcagni de Oliveira, que também faz parte da equipe de profissionais que atuam na maternidade.
Fatores de risco
“Uma gravidez de risco é desencadeada na maioria das vezes por um problema de saúde da gestante, como hipertensão, diabetes, obesidade, problemas uterinos, e às vezes a idade. Hoje em dia, fazendo um bom pré-natal, muitas mulheres com mais de 40 anos conseguem engravidar e levar uma gestação até o fim normalmente. Mas a idade pode sim ser considerado um fator de risco. No entanto, a maioria dos partos prematuros, acontecem devido a hipertensão e diabetes”, comentou Joice sobre os fatores de risco.
O coronavírus também pode ser motivo de partos prematuros. “Já tivemos casos de gestantes com Covid-19, mas não chegou a esse ponto”, contou.
Santa Casa encaminha
A Santa Casa de São José do Rio Pardo não é referência para realizar parto prematuro, no entanto, o hospital encaminha as gestantes a municípios que possuem UTI Neonatal. “Nós recebemos as mulheres, fazemos avaliações, tanto do convênio quanto do SUS. Tentamos encaminhar o mais rápido possível esses casos para que os bebês nasçam em maternidades com UTI Neonatal, onde tenha estrutura para recebe-los”, explicou Joice.
Mas há casos de urgência em que o parto é inevitável. “Quando isso acontece, prestamos todo o primeiro atendimento, e se o pediatra verificar que precisa fazer a transferência, a gente faz. O local ideal para ficar um prematuro é na UTI Neonatal, e aqui não temos”, completou.
Pelo SUS, os bebês prematuros são encaminhados a uma Central de Vagas, e na maioria dos casos, são transferidos para cidades da região, como Ribeirão Preto, Sertãozinho, Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Campinas. “Mas geralmente nós encaminhamos as mães antes do parto”, informou Joice.
Partos
Os partos prematuros podem ser feitos tanto de forma natural, o denominado “parto normal”, quanto a Cesariana, se houver riscos. Tudo depende das condições do trabalho de parto das gestantes.
“Nem todo prematuro precisa ficar na UTI, depende muito das condições de saúde dele. Se for um bebê que consegue manter um bom padrão respiratório, ele acaba tendo condições de ir para casa. Já tivemos casos assim. Mas a maioria precisa ficar na UTI Neonatal”, pontuou.
Idade gestacional
De acordo com o Dr. Samuel, abaixo de 37 semanas o recém-nascido é considerado prematuro. “Pode ser um prematuro tardio, precoce, tudo é de acordo com o tempo de gestação. No caso do recém-nascido, os primeiros minutos de vida, que chamamos de minuto ouro, é quando os médicos conseguem perceber a situação de saúde desses bebês. Os prematuros tardios, geralmente saem bem, os extremos, nascem mais graves. São crianças que necessitam nascer em locais que oferecem uma UTI Neonatal. A chance dos bebês terem pouca ou nenhuma sequela, é grande. Mas isso depende da idade gestacional”, explicou o pediatra.
Segundo o médico, a história de que bebês prematuros de sete meses, tem mais chance de sobreviver do que os que nascem aos oito é mito. “O importante é saber porque o bebê está nascendo naquele momento, o motivo da prematuridade. Tem bebês que nascem prematuros por causas agudas, por alguma infecção, ou alguma doença existente na mãe. Agora existem casos em que está tudo bem na gestação, mas de imediato a mãe entra em trabalho de parto. Nesses casos os riscos são menores, porque a gestação é levada aproximadamente até 37 semanas, o que chamamos de prematuros tardios”, completou.
Acompanhamento pré-natal
Os profissionais de saúde observam a extrema importância do acompanhamento pré-natal tão logo as mulheres descobrirem a gravidez. “As mães devem fazer o pré-natal para evitar ao máximo infecções e também para controlar doenças que ela já tenha. Diabetes gestacional e hipertensão, são situações que os médicos tentam evitar e cuidar ao máximo, para que não ocorra um parto prematuro. Mas às vezes mesmo com todo o cuidado, acontece”, destaca o médico.
Amamentação
“O leite materno é importantíssimo para o prematuro, até mesmo para evitar doenças que podem ocorrer por falta dele. Doenças infecciosas, intestinais, podemos prevenir com o aleitamento materno. Fórmulas podem inclusive desencadear doenças nos nenéns prematuros, como enterocolite necrosante, que pode levar a uma necrose no intestino, é bem grave. Mas ela é prevenida graças ao leite materno”, explicou Dr. Samuel.
Orientação às mães
A técnica de enfermagem, Adriana, explicou como as mães são estimuladas dentro de uma UTI.
“Na UTI Neonatal eles estimulam a ordenha, assim que o bebê tem condições de fazer a sucção eles são colocados no seio para receber o leite materno. E mesmo que o bebê ainda não esteja sugando, o leite é passado por sonda”, disse.
“A amamentação e um bom pré-natal são fundamentais. É importante estimular ao máximo o parto normal, que é algo de extrema importância para o bebê e também para a mamãe”, encerrou Samuel.