Gazeta Do Rio Pardo

Lúpus: Doença rara e autoimune atinge mais mulheres

Raquel Costa Sousa, médica reumatologista

Reumatologista esclarece algumas dúvidas sobre a enfermidade

Em 10 de maio, comemora-se o Dia Mundial do Lúpus.  A data chama a atenção para o impacto que essa doença tem sobre as pessoas acometidas, destacando a necessidade de melhorar os serviços de saúde para o paciente, aumentar a pesquisa sobre suas causas e sua cura, além de diagnosticar e tratar precocemente a doença. O lúpus atinge mais de 5 milhões de pessoas.

Segundo o Ministério da Saúde, são reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas) principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar (rosto, orelhas, colo (“V” do decote) e nos braços) e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos.

A Gazeta do Rio Pardo entrou em contato essa semana com a reumatologista Raquel Costa Sousa, formada pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro,  com residência médica em Clínica Médica e em Reumatologia, também pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro, para esclarecer algumas dúvidas sobre o lúpus. Raquel trabalha como reumatologista no Ame Casa Branca desde 2012, e atende em uma clínica particular no município. 

“O Lúpus é uma doença inflamatória crônica autoimune, em que os sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva ou rapidamente. Os dois tipos principais de Lupus são: o cutâneo que afeta a pele geralmente com manchas avermelhadas principalmente em áreas expostas ao sol, e o sistêmico (Lupus Eritematoso Sistêmico – LES) que  além da pele acomete um ou mais órgãos internos”, explicou.

Segundo a profissional, o lúpus é considerado uma doença rara. Apenas no Brasil, estima-se que existam 65.000 pessoas com a enfermidade, em sua maioria mulheres.

Raquel explicou a causa. “Atinge mais as mulheres na faixa etária de 15 a 45 anos devido aos fatores hormonais relacionados ao desenvolvimento da doença”.

Fatores de Risco

De acordo com a reumatologista, a causa do LES não é conhecida, mas fatores genéticos, hormonais e ambientais estão envolvidos no desenvolvimento da doença.

“Ocorre alteração na produção de anticorpos que reagem contra o próprio organismo causando inflamação nos órgãos. Devido as características genéticas envolvidas na produção dos autoanticorpos, cada individuo com lúpus apresenta manifestações clinicas especificas”, informou.

Diagnóstico

Raquel explicou que o diagnostico é baseado nos sintomas e sinais apresentados pelo paciente e no resultado de alguns exames, como hemograma, urina, FAN (Fator Antinuclear), anticorpos, radiografias, ecocardiograma e em alguns casos, biopsia dos tecidos acometidos como pele e rins.

Principais sintomas

“Os sintomas iniciais  do LES podem ser febre, perda de peso, perda de apetite, fraqueza, mal estar e queda capilar. As manifestações clínicas mais frequentes da doença são alterações de pele com manchas avermelhadas, principalmente em rosto (lesão conhecida como asa de borboleta), orelhas, colo e braços que pioram com exposição ao sol, sensibilidade a luz solar desproporcional (fotossensibilidade), dor nas articulações(juntas) com ou sem inchaço, ulcerações (aftas) orais, alterações pulmonares, cardíacas, renais, neurológicas, psiquiátricas e hematológicas”, destacou a médica.

Segundo Raquel, as restrições no estilo de vida de uma pessoa com lúpus, podem ocorrer dependendo da atividade, do órgão acometido  e gravidade da doença. “No geral todo paciente com lúpus deve evitar exposição solar e utilizar protetor solar, manter alimentação saudável, evitar consumo de álcool e cigarro, e  manter atividade física regular”, enfatizou.

Tratamento

O Tratamento do lúpus depende da manifestação clínica de cada pessoa e deve ser individualizado. “Inclui medicações que regulam as alterações imunológicas como corticoides, antimalaricos, imunossupressores e imunobiológicos. Além de medicações gerais para controle de dor, febre e pressão arterial.  Os cuidados com proteção solar, evitar álcool e cigarro, e ter uma alimentação saudável são importantes”, disse a profissional.

O lúpus não tem cura, mas existe o controle da doença através do tratamento, podendo alcançar a remissão, e até mesmo a retirada das medicações.

Riscos

O diagnóstico precoce, uso correto de medicações e o acompanhamento regular com reumatologista auxiliam na manutenção da doença e a deixam sob controle. “Se não tratado, as manifestações graves do lúpus podem ser fatais”, encerrou.