Com lavouras afetadas, entidades que representam produtores estimam perdas milionárias
A produção de café em 2022 está comprometida. É o que dizem as entidades que representam os agricultores do setor, após as geadas que atingiram parte dos estados de Minas Gerais e São Paulo, onde a cultura ainda é tradicional.
Para a Associação dos Cafeicultores do Brasil (Sincal), presidida por Amando Matiello, a previsão é de que no Sul de Minas e Mogiana Paulista as perdas fiquem na ordem de 2%, o que totalizaria de 500 mil a 1 milhão de sacas a menos. Mas a previsão da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) o prejuízo deve ser ainda maior, para 2022, a expectativa é que sejam produzidas 4 milhões de sacas de café a menos no Sul de Minas.
E a situação pode se agravar ainda mais porque o período de estiagem também afeta a cultura cafeeira desde o ano passado, o que prejudicou a formação das plantas.
Conforme a Sincal, em decorrência das questões climáticas a safra de 2021 estaria comprometida em pelo menos 60%, o que impacta na produção do próximo ano.
Além do clima, os produtores lamentam o alto custo de produção que, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), estaria na ordem de R$ 700,00 cada saca da 60kg, comercializada a R$ 800,00.
Crítico das cooperativas, por considerar que elas banalizaram os preços do produto, Mattiello diz que faltam políticas públicas eficientes para ajudar os produtores em tempos de crise. Ele tem discutido o assunto junto ao Governo Federal. Recentemente, participou de uma reunião com deputados bolsonaristas em Mococa e apresentou reivindicações.
Os maiores danos
Quem passou pela experiência de ter o cafezal queimado pelas geadas não tem muito o que fazer, a não ser esperar. Os especialistas do Centro do Comércio de Café de Minas Gerais dizem que os danos só podem ser mensurados no longo prazo. Após o esqueletamento das plantas e a posterior poda, é necessário aguardar ainda brotação das plantas, se isto ocorrer sem prejuízos, significa que o cafezal tem salvação, ou seja, não haverá necessidade de erradicação – o que é a medida mais drástica de todo o processo.
Acontece que esta etapa de brotação somente acontece após as chuvas – e a crise hídrica não indica que isto será breve.
Na sua Folha Técnica, emitida na última semana, após as geadas, a instituição diz que os maiores prejuízos estão em fundos de lavouras, aquelas localizadas em áreas planas e que os danos maiores estão nas lavouras em formação.
Segundo a Cooxupé grande parte de sua área de atuação no Sul de Minas Gerais e Cerrado mineiro foi afetada e os técnicos ainda estão fazendo levantamento para avaliar os impactos das geadas na produção e, consequentemente, nos resultados da próxima safra.