Gazeta Do Rio Pardo

Saerp contesta dados sobre substâncias cancerígenas na água

Nas avaliações da empresa, apenas em 2019 houve detecção de um dos produtos dentro dos parâmetros normais

O Superintendente da Saerp, Daniel Cobra Monteiro, esteve na Câmara Municipal na sessão da terça-feira, 15, falando aos vereadores sobre a situação financeira e estrutural da autarquia, além de comentar os problemas relacionados à água servida à população.

Ele se manifestou inicialmente em relação a matéria veiculada recentemente no Portal Uol, reproduzida em Gazeta do Rio Pardo e redes sociais da cidade, sobre o Mapa da Água, um estudo realizado pela Ong Repórter Brasil, que lista uma série de elementos químicos, cancerígenos, nas águas de várias cidades do país.

Conforme divulgado na semana passada, o levantamento do Mapa da Água, com avaliação de dados dos anos de 2018 a 2020, apontou que em São José do Rio Pardo foram encontradas diversas substâncias tóxicas, sendo três delas em maior concentração e que se consumidas pela população podem ocasionar cânceres: o agrotóxico Clordano, o Rádio-228 e os Trihalometanos.

Daniel Cobra contestou os dados, dizendo que nas últimas análises da Saerp, não foram detectadas as substâncias alegadas pelo Mapa da Água.

“Quero tranquilizar a população que em 2021 nada foi encontrado. Todos os testes estão dentro dos parâmetros normais”, disse Daniel Cobra.

Ele completou dizendo que, devido a insegurança por conta da divulgação, levantou todos os laudos realizados desde 2018. “O químico da Saerp olhou laudo por laudo e não achou, nenhum laudo que teria apresentado essas substâncias, exceto 2019, que apresentou apenas o Trihalometanos. Não apresentou Rádio e não apresentou o agrotóxico”, afirmou.

O superintendente disse que os índices atuais do Trihalometanos estão dentro dos padrões.

“Com relação ao Rádio e o Clordano, serve de alerta, porque não há tratamento no mundo que possa resolver isso. A única coisa que dá para fazer é a gente tentar diminuir o uso de agrotóxicos”, comentou, sugerindo que o município tente promover uma campanha de conscientização para diminuição do uso desse tipo de produto nas lavouras.

Ele concluiu dizendo que os laudos com as análises da água, feitas pela Saerp estão disponíveis no site da autarquia, como forma de dar transparência sobre o assunto.

Qualidade da água

Daniel seguiu explanando sobre a qualidade da água do município, dizendo que as reclamações relacionadas à turbidez da água – “água suja”, não é de agora.

“Existem problemas estruturais e de operação. Geralmente acontece devido alguma intervenção. Fizemos diversas intervenções. Uma delas a limpeza do decantador da ETA Central, João de Souza, Domingos de Sylos. Quando a gente tira a terra e o lodo, muda o tempo da decantação e demoramos para regularizar a situação. Então, realmente acabou indo um pouco de água com turbidez”, explicou.

Segundo Daniel Cobra, os investimentos em reservação de água podem ajudar na melhoria da qualidade, o que está nos projetos da companhia, dentro do Plano Diretor de Saneamento.

Finanças da Saerp

Ele afirma que num prazo de 20 anos, a Saerp necessitaria de aproximadamente R$ 100 milhões para melhorar o saneamento nas áreas de abastecimento de água e tratamento de esgotos.

“Nós ficamos dois anos sem fazer corte de água, sem ter execuções fiscais e isso está tendo consequências”, comentou, afirmando as finanças da autarquia foram seriamente prejudicadas com as medidas da pandemia. “O sistema da Saerp é insustentável economicamente”, disse.

Ainda de acordo com Daniel Cobra, a companhia fechou 2021 com um índice de 17% de inadimplência em relação ao pagamento das contas de água por parte da população. “O nosso custo de 2021 foi R$ 1 milhão a mais do que o orçamento de R$ 16,6 milhões”, completou.

A maior parte das despesas da empresa são com a concessionária de energia elétrica, além dos insumos, que também tiveram valores elevados durante a pandemia.

Ele afirmou ainda que a Saerp está buscando alternativas para melhoria da qualidade da água, substituindo sulfato pelo policloreto de alumínio, o qual já é usado pela Sabesp e outras empresas.