Gazeta Do Rio Pardo

Pandemia cancela outra vez a liturgia da Páscoa

Mesmo assim, padre Paulo Demartini recomenda que haja recordação do que Jesus suportou 

Na última quinta-feira, 1º de abril, houve uma missa virtual na Paróquia Santuário de São Roque, com liturgia relacionada ao tema da Quaresma e da Páscoa. O ritual tradicional e presencial do catolicismo relacionado ao lava-pés foi novamente cancelado, a exemplo do que ocorrera em 2020, pelo mesmo motivo: a pandemia da Covid.

O padre Paulo Demartini, em entrevista concedida à Difusora, explicou que também a vigília naquela Paróquia, tradicionalmente realizada durante toda uma noite, foi cancelada. “Este ano a vigília será mais interior, no coração, já que Jesus não está só na hóstia, na igreja, no padre ou nos monges, mas está no seu coração”, afirmou o religioso.

Ele lembrou que a Páscoa relembra o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus dentro da vida cristã. “É a festa máxima do cristianismo, pois é a Semana Santa, mais até que o Natal. É importante valorizar esse aspecto de nossa própria vida e não se preocupar apenas com ovo de chocolate. Quantas pessoas estão fazendo das tripas coração para ganhar o pão nosso de cada dia? Mas Jesus não está simplesmente nisso porque o ovo de Páscoa, recordo sempre, simboliza a eternidade, não tem início nem fim. Ele aquece pois, nessa época em Israel, é frio. Então, é a festa máxima para nós, cristãos”.

Orações no Hospital

O padre elogiou a iniciativa das igrejas evangélicas que, dias atrás, enviaram representantes para a frente do Hospital São Vicente para cantarem hinos cristãos e realizarem orações em apoio aos pacientes e profissionais da saúde que trabalham lá. “Louvável! Eu vi isso também em São Paulo, no Hospital Santa Marcelina, que mandou um vídeo. Foi muito bonito, foi nesses dias atrás também. Parabéns aos organizadores das várias religiões, denominações cristãs! Muito bem, a dor nos une e isso é muito louvável”, destacou.

Não baixar a guarda

Paulo Demartini lembrou, no final da entrevista, que o papa Francisco, no domingo de ramos, recordou que no ano passado “estávamos impactados, chocados, e neste ano, novamente, nesta circunstância e até pior, não baixemos a guarda porque temos que fazer a nossa parte”.

Por outro lado, segundo o padre, essa experiência da Páscoa virtual deveria aproximar cada pessoa mais de Jesus. “Pensem que foi fácil aquela Semana Santa? Não foi porque Ele entrou sendo aplaudido e, logo depois, já foi sendo acusado e julgado de maneira sumária, morrendo numa cruz. Devemos lembrar que devemos fazer o bem enquanto temos tempo porque não sabemos o dia nem a hora”.

“Você já agradeceu pelos anos que você respira gratuitamente o ar? E se um dia, Deus nos livre, de ficar dependendo de uma tubulação? Então é uma mensagem de esperança, mesmo que você tenha perdido o emprego, perdido parentes que já morreram, ou está com depressão. Olha, estamos de passagem aqui, por isso que não é só nascer, trabalhar e morrer. Não, se tiver que morrer, morrer em pé, com decência, com espiritualidade, porque morrem todos: muçulmanos, judeus, ateu, cristão, católico…Mas uma coisa é diferente num ateu e naquele que crê. Quem tem Deus também sofre, é óbvio que sofre, mas tem uma resiliência, tem uma espiritualidade, enquanto o outro se revolta”, prosseguiu.

Último carro

Padre Paulo fez uma comparação, citando um velório do qual participou recentemente: “Alguém disse no velório que a pessoa pode ter um carro muito caro, mas o último carro em que essa pessoa irá andar é um caixão, um carro sem motor”, concluiu.