Gazeta Do Rio Pardo

Outubro Rosa: Aumento de casos de câncer de mama em mulheres jovens preocupa mastologistas

Câncer de mama é multifatorial, ou seja, é decorrente de múltiplos fatores, que variam de mulher para mulher

“Os 60 mil novos casos estão acontecendo e muita gente está deixando de diagnosticar”, diz dr. Ray

Na terça-feira, dia 13 de outubro, Dr. Ray Alves dos Santos, mastologista, participou do ‘Jornal do Meio Dia’ da rádio Difusora, e falou sobre Outubro Rosa, mês de Conscientização sobre o câncer de mama.  Como mastologista, dr.Ray explicou detalhadamente sobre os tipos de cirurgia para retirar tumores, desde as moderadas até as mais complexas, falou sobre o aparecimento do câncer em mulheres com baixa faixa etária, entre outros assuntos.

Ray é especialista do AME em Casa Branca, trabalha na Unidade de Saúde de Divinolândia, é cirurgião de mama do Hospital Regional de Divinolândia, atende na Unimed de São José do Rio Pardo como mastologista e é diretor superintendente da empresa. O médico começou explicando sobre sua especialidade.

“O mastologista é o médico que atua nas doenças da mama. Hoje em dia as doenças que acometem as mamas, não são apenas nas mulheres, mas atingem as mamas masculinas também. O próprio homem também tem câncer de mama, ginecomastia, que é o aumento das mamas. Então o trabalho do mastologista é cuidar das mamas tanto clinicamente como cirurgicamente”, disse.

Segundo dr. Ray, O câncer de mama mexe com a sensualidade, a maternidade e o lado emocional das mulheres. O diagnóstico no início é a melhor alternativa.

“Essa situação do covid tirou o foco do câncer de mama. Os 60 mil novos casos de câncer de mama estão acontecendo, e muita gente está deixando de diagnosticar, de procurar ajuda, por causa da pandemia. Precisamos continuar orientando as mulheres nesse sentido”, enfatizou.


Dr. Ray Alves dos Santos, mastologista: o câncer de mama, diferente de outros, é multifatorial

Queda da faixa etária

“Atualmente temos visto a incidência do câncer de mama baixando. Tenho pacientes com 28 anos, 32, e até de 18 anos com a doença. A diminuição da faixa etária tem assustado muito a mim e a outros mastologistas. Antigamente o câncer era uma doença que atingia pessoas com mais de 50, 60 anos. Hoje mudou muito”, explicou. 

 Segundo o médico, o câncer de mama- diferente de outros, é multifatorial. “É uma somatória de várias questões, que acabam formando o câncer. E ele é silencioso, se esconde”, afirmou.

Cirurgias

Dr. Ray explicou sobre alguns tipos de cirurgia. “Se tem uma imagem na mama que é impalpável, pequena, temos métodos de diagnóstico através da punção por agulha grossa (core biópsia), punção por agulha fina, a estereotaxia, onde é colocado um guia metálico para achar o nódulo que é removido através deste guia. Por vezes essa própria remoção, se for com distância e margem, ela teoricamente já resolve o problema do tumor se ele for bem pequeno, se não tiver invadido os vasos linfáticos. Isso já seria considerado um tratamento cirúrgico, mas teria que ser complementado com outras formas de tratamento”, informou.

“Entre as cirurgias mais complexas está a setorectomia, quando é retirada uma área da mama, sempre respeitando margens de distanciamento do tumor. Isso é feito com uma equipe multidisciplinar, o médico patologista participa dessa cirurgia, ele analisa com microscópio se o tumor está mantendo uma distância de segurança dos outros tecidos com a retirada que é feita”, contou.

“Além dessa cirurgia temos a retirada da glândula mamária toda, e a chamada mastectomia radical, que é a remoção de toda a mama, inclusive do mamilo, e às vezes as cirurgias de esvaziamento axilar radical. Quando esses linfomas são positivos, tem que remover todos os gânglios de baixo da região axilar”, relatou o mastologista.

“Alguns tumores são mais agressivos, ou aparecem em várias regiões da mama ao mesmo tempo. Nesse caso não é possível propor uma cirurgia conservadora, uma menor, precisa remover a mama inteira. Ou, se for o tumor do tipo triplo negativo, que é extremamente agressivo, tem chance de ser multicentro ( surgir em mais de um local), aí você propõe essa retirada”, disse Ray.

“Hoje em dia dependendo do tamanho do tumor, você inicia o tratamento encaminhando para o oncologista clínico, para que ele realize algum tratamento que anteceda a operação para reduzir o tamanho e a agressividade desse tumor, para o cirurgião realizar a cirurgia com uma segurança e tranquilidade maior”, explicou. 

Pós-cirúrgico

“Geralmente quando é feita a cirurgia de esvaziamento axilar, a linfa fica juntando muito líquido, então é necessário colocar um dreno de sucção contínua, até que a secreção diminua e a cicatrização ocorra. A recuperação é como a de qualquer outra cirurgia, mas a retirada dos pontos é mais tardia, porque corre o risco da ferida operatória abrir. Tem alguns critérios, precisa ser acompanhado em detalhes e com maior cobertura, porque se a paciente já fez quimioterapia, às vezes ela tem alguma alteração de defesa( imunidade), e alguns cuidados maiores precisam ser feitos”, informou.

Reconstrução

O médico explicou que hoje em dia existem várias formas de fazer a reconstrução mamária. A mama pode ser reconstruída com a própria musculatura do abdômen. “A pessoa faz como se fosse uma plástica de abdômen e reconstrói a mama. Pode fazer também com a grande dorsal, uma musculatura que fica na lateral do dorso e é puxada para frente. É possível combinar com prótese de mama e cobrir. Existem várias possibilidades”, completou.

Tratamento

“Mesmo após a cirurgia, a paciente continua o tratamento. Exige uma equipe multidisciplinar e um arsenal de armas. Em geral é feito um combinado. Faz-se a cirurgia, se ela for conservadora, a mama estiver preservada, o tratamento é complementado com radioterapia para proteger, bombardear o local onde existiu o tumor e a região próxima a ele. Depois de todo o material removido, é estudado por uma equipe de patologistas a agressividade ou não daquele tumor. Ás vezes além da radioterapia, é preciso fazer a quimioterapia”, explicou.

“Temos também a hormonioterapia, onde é feito o tratamento durante cinco anos com medicações hormonais. Existe a imunoterapia, entre outros tratamentos associados”, encerrou.