Falta de pré-natal afeta mãe e bebê
Alerta é do ginecologista Marcel Uchiyama, que fala também de outros problemas
O médico ginecologista e obstetra Marcel Uchiyama disse ao jornal que o pré-natal é a etapa mais importante da gravidez e deve ser realizado sempre com o casal e não somente com a mãe presente. Mais de 90% das alterações que podem acontecer com a mãe e com o bebê podem ser detectados no pré-natal. Doenças infectocontagiosas, diabetes, alterações no corpo da criança, entre outras possibilidades de problemas, são detectados nesses exames, aumentando a possibilidade de cura.
“Quando o casal não faz o pré-natal adequadamente, a gente diminui muito o índice de detecção das alterações. Então, às vezes há uma pressão alta escondida ali, uma diabetes ou uma alteração no bebê e a gente, por conta das faltas nas consultas, não consegue detectar. E o problema é que isso vai impactar lá no final da gravidez, quando chega na Maternidade, o que nem sempre dá tempo de corrigir”, observou.
Sexo precoce
O crescimento da sexualidade entre as adolescentes e sem o uso de anticoncepcional é uma preocupação dos profissionais de saúde em todo o Brasil. Em São José do Rio Pardo não é diferente e o médico diz que as falhas ocorridas nesse sentido em anos recentes estão eclodindo agora, com o aumento considerável de gestantes em tenra idade. “Isso também gera algumas complicações. Uma gestante muito nova tem uma propensão muito maior de adquirir doenças infectocontagiosas, até pela própria idade, pois não costuma se precaver adequadamente. Elas também têm maior propensão a desenvolver pressão alta durante a gravidez e prematuridade, bebês que nascem antes do tempo”.
Bebidas e drogas
A ingestão de bebidas alcoólicas durante qualquer período da gravidez é desaconselhável, alerta Marcel. “Nem em doses baixas”, garantiu o especialista. “Quando acontece de (a gestante) ingerir doses mais elevadas, o bebê nasce com algumas más formações que muitas vezes são incompatíveis com a vida”.
Uso de drogas, então, é pior ainda para as mulheres grávidas. “Drogas geram alterações no desenvolvimento das crianças ao longo da gravidez, podendo gerar um bebê que nasce com problemas”, advertiu. “O crack, uma droga que aumentou muito nos últimos anos, é a pior de todas porque gera alterações muito graves durante a gravidez, como sangramentos, que podem culminar até com a perda do bebê”.
Idades para gravidez
Marcel Ushiyama diz que a idade recomendável para a mulher engravidar durante sua vida reprodutiva vai dos 22 aos 35 anos. “Antes dos 18 anos não é recomendável porque o corpo ainda não está totalmente preparado para isso. E após os 35 anos, embora ainda possa engravidar, existe a chance de um aumento, ainda que pequeno, de más formações nos bebês”.
Ele lembrou que enquanto as mulheres menstruarem, elas têm chances de ficar grávidas. Por ainda terem óvulos, a possibilidade de gravidez permanece e o médico comenta ter recebido no consultório mulher grávida com 46 anos. “Então a contracepção tem que ser usada até a menopausa”.
Parto humanizado
Quanto ao chamado “parto humanizado”, Marcel reiterou o que já havia dito em outra ocasião à Gazeta: ele é o parto com mais qualidade de assistência à gestante e não especificamente à forma do parto; é o parto em que as vontades da gestante são, na medida do possível, atendidas; é o parto com o mínimo de intervenção medicamentosa e com o parceiro ou família presentes.
“Isso tudo é uma abordagem humanizada, desde o pré parto, o parto e o pós parto com os pediatras e a criança também, tudo está incluso”, esclareceu. “É o parto natural, onde a paciente vem e recebe o mínimo de intervenção medicamentosa possível após uma gravidez correta”.
O parto normal é, em 85% dos casos, mais seguro que o parto via cesariana nas pacientes sem patologias. “Nesses casos de pacientes que não tenham patologias, o parto normal é 30 vezes mais seguro do que a cesariana, sem contar que no dia seguinte a mulher já tem alta porque não tem corte e o leite dela desce mais rápido”.
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