Pacientes são testados na primeira consulta e prefeito diz que medida melhorou o controle
O prefeito de Porto Ferreira, Rômulo Rippa e o ex-prefeito de Tambaú, Roni Astorfo, estiveram em São José do Rio Pardo nesta semana, para um encontro com o ex-deputado Silvio Torres e os vereadores Henrique Torres e Paulo Sérgio Rodrigues, tratando de demandas da região.
Na oportunidade, concederam entrevista à Rádio Difusora e Gazeta do Rio Pardo, para comentar sobre as questões da pandemia. Na ocasião, Rômulo Rippa falou sobre as medidas adotadas pela sua gestão em Porto Ferreira. A cidade não adotou lockdown e enfrentou dificuldades no controle de acesso de pessoas, já que é cortada pela importante Rodovia Anhanguera.
Eleito vereador aos 19 anos, Rômulo Rippa está no seu segundo mandato de prefeito. “Esse momento é desafiador, mas sou contra o radicalismo em qualquer uma das áreas ou das frentes. Procurar o equilíbrio, sempre, é a necessidade maior para que a população sofra menos. A vacinação é o caminho. É uma pena que não temos a quantidade de vacinas necessárias. Mas dentro daquilo que tem sido disponibilizado pelo Ministério da Saúde, nós temos avançado”.
Com cerca de 57 mil habitantes, Porto Ferreira tem 12 unidades de saúde. Segundo o prefeito, foi necessário ampliar a capacidade de atendimento destes postos, além de criar uma específica para a demanda das síndromes de gripe. “Nossa unidade de atendimento a síndrome gripal, além do Pronto Socorro, ela também funciona no final de semana para ter uma referência para os pacientes, dando uma segurança para que essas pessoas tenham o atendimento”, comentou.
O prefeito destaca que embora seja o desafio do momento, a pandemia tende a passar, com o avanço da vacinação. “Enquanto administradores, líderes locais, temos de estar preparados para colocar nossas cidades na rota do crescimento, do desenvolvimento econômico, potencial turístico”, disse, observando que é necessário não parar as outras áreas da administração.
Medidas de enfrentamento
Rippa destacou que Porto Ferreira é cidade turística, por conta do Polo da Cerâmica Artística e de Decoração, que compreende, nas margens da Anhanguera, quase 3 km de vias públicas com mais de 200 lojas que comercializam produtos de cerâmica artística e decoração. “São milhares de famílias que dependem economicamente de seus empregos naquela região. E nós recebemos por mês mais de 60 mil turistas. Se computarmos o número da população, dobramos de tamanho. Tudo isso cria um clima ainda mais tenso no enfrentamento da pandemia”, destacou.
Sem a possibilidade de fechar a cidade ao fluxo, adotou medidas de controle, relacionadas ao acompanhamento das pessoas que circulavam, promovendo pontos de aferição de temperatura, promovendo campanha de conscientização ao distanciamento, uso de máscara e álcool gel e estimulando o empresariado a aderir aos sistemas tecnológicos de vendas.
“Oferecemos aos nossos lojistas, comerciantes, empresários oficinas sobre a venda no mercado web. Criamos um market place para expor todos os produtos destas lojas em um único ambiente web, para que elas não parassem”, explicou Rippa, acerca do apoio da administração municipal nas atividades empresariais, visando evitar o caos econômico.
Ele lembrou ainda que, quando a cidade ainda registrava poucos índices de internações e óbitos, Porto Ferreira optou por não seguir as medidas recomendadas pelo Plano São Paulo. “Por conta disso, respondi uma ação junto à Procuradoria Geral de Justiça do Estado”, disse.
“Se você impõe normas muito rígidas, medidas que a sociedade não entende como necessárias, a própria sociedade desobedece as ordens e cria um problema de fiscalização e de adesão. Liderar o processo e arrastar as pessoas pelo exemplo acaba sendo muito mais importante do que, muitas vezes, impor regras”, considerou.
Aumento de testes
Além das unidades de saúde, Porto Ferreira montou hospital de campanha, dentro da Santa Casa da cidade, com a oferta de 20 leitos. Com a redução dos casos, o sistema foi readequado à atual necessidade. “Hoje, Porto Ferreira tem 14 leitos de UTI, sendo 5 exclusivos para enfrentamento da Covid e 9 da UTI geral”.
A exemplo de outros municípios da região, inclusive São José, na cidade de Porto Ferreira também foi identificada a variante P4 do coronavírus. Diante da informação, e sem saber como a mutação se comportaria junto à população, o prefeito foi a Brasília, em busca de recursos para uma ação de ampliação da vacinação ou para a realização de testagem em massa.
Não houve êxito na ampliação da vacinação, mas o Ministério da Saúde liberou a testagem. “Recebemos 30 mil testes. A partir de então, em todos os pacientes suspeitos de Covid, é realizado o teste antígeno, já no primeiro atendimento médico, para sair diagnosticado. Não só o paciente, mas todos os contactantes. Isso melhorou muito nosso poder de fazer o controle daqueles que estão na condição de suspeitos ou positivos”, explicou.
O prefeito disse que essa medida é recomendável, possibilitando derrubar a curva de contaminação. “As pessoas, as vezes vão ao médico e acham que não é. Nesse âmbito da desconfiança, circulam pela cidade, mantém suas atividades. Quando a pessoa já recebe o diagnóstico de imediato, a responsabilidade com que ela sai desse atendimento médico é outra”, completa.
Relação com empresas
A parceria entre poder público e empresas da cidade, segundo o prefeito, tem sido importante para o município, no enfrentamento da pandemia e vai garantindo a atividade econômica.
“Criamos um comitê de governança. Uma vez ao mês me reúno com esse comitê para fechar uma agenda de ações onde o poder público pode colaborar com os empresários. Sou contra aquela ideia de que a prefeitura, o poder público tem que ficar dando as coisas. Só de não atrapalhar, facilitar os processos, permitir que empresários que tem recursos, capacidade de investimentos, que quer empreender tenha chance de realiza-lo, isso já é um grande caminho. O comitê de governança, que começou em 2017, nesse momento de pandemia foi ainda mais importante para que pudéssemos apoiar e manter os empregos e atividade econômica”, concluiu.
As dificuldades em Tambaú
À frente da gestão de Tambaú, até o ano passado, início da pandemia, Roni Astorfo ressaltou que o final do mandato foi prejudicado pela pandemia. “Precisamos rapidamente readequar sistema de saúde, da atividade econômica do município. Foi muito cansativo passar os últimos meses de mandato enfrentando a pandemia”, destacou.
Ele disse que acompanha a movimentação das cidades da região, destacando que a ampliação da vacina tem colaborado com a perspectiva de controle da doença.
“Tenho certeza de que deixei uma cidade melhor, mas sempre existem as demandas e dificuldades de toda gestão. A pandemia acabou tirando o foco de concretizar algumas obras”, comentou.
Ele lembrou das dificuldades das cidades para melhorar as estruturas de saúde e comentou que, no ano passado, um asilo de Tambaú foi atingido pelo vírus, resultando na perda de 8 pessoas.
Por fim, destacou que acompanha os esforços dos gestores da região no esforço pelo controle da pandemia. “A gente não esperava a segunda onda. Em novembro, dezembro, as coisas pareciam voltar ao normal. Terminei meu mandato com esse sentimento de que este ano não íamos viver o que vivemos no ano passado e fomos surpreendidos. A gente vê o número de vacinação aumentando e a queda nos leitos de UTI. Estou na torcida pela nossa região”, completou.