Gazeta Do Rio Pardo

Dr. Marcelo explica detalhes sobre a vacina bivalente

Imagem ilustrativa da internet

Ele destaca que o novo imunizante tem melhor resposta imunológica, superior à primeira vacina

A Prefeitura de São Paulo começou a aplicar a vacina bivalente da Pfizer contra a Covid-19 em gestantes e puérperas a partir desta segunda-feira (20) nas unidades de saúde da capital. Além das mulheres, a vacinação com esse tipo de imunizante, que teve início na capital no dia 27 de fevereiro, está disponível para idosos acima de 60 anos de idade, pessoas maiores de 12 anos com imunossupressão, indígenas, residentes e funcionários de Instituições de Longa Permanência na cidade de São Paulo.

O infectologista Marcelo Galotti, participou do Jornal do Meio Dia da Rádio Difusora nessa sexta-feira (24), e explicou sobre a diferença entre a monovalente, vacina aplicada nos últimos anos contra a Covid, e a bivalente.

“É uma diferença estrutural. Quando fizeram a vacina, foi baseada na SARS-CoV-2 que é o vírus de Wuhan. Já temos mil dias de Covid, e é natural que a intensidade de pessoas contaminadas, geraram muitas mutações e subvariantes. Identificadas são onze. A vacina original acabou perdendo a eficácia que tinha. Por este motivo começaram a investir na adaptação dessa vacina. A monovalente, que é a original, só tem um antígeno, que é o SARS-CoV-2. A bivalente, além do SARS-CoV-2 que é o vírus original, adicionaram a ômicron, nas variantes mais recentes, que são a BA.4 e BA.5”, informou.

De acordo com Marcelo, a vacina bivalente tem uma amplitude superior em comparação ao primeiro imunizante. “A vacina original, nesse momento, protegia contra a morte e doenças graves. Mas o escape vacinal, era um fato. Agora, com a nova estrutura, teoricamente ela voltou a pegar a ômicron. A segunda coisa, é que quando eles mediram a quantidade de anticorpos que eram desencadeados pelo SARS-CoV-2, a bivalente dá uma resposta imunológica muito maior”, disse.

 A nova vacina entra como reforço do protocolo de imunização aplicado até o momento, e será necessária apenas uma dose, que deve ser aplicada em indivíduos que tomaram pelo menos duas doses da vacina original.  A bivalente é indicada para maiores de 12 anos, segundo o estudo geral.

“Ela só não é indicada para quem tem anafilaxia, uma alergia grave a medicamentos, que é a pessoa que fica com insuficiência respiratória quando toma imunizantes. Pessoas que já passaram por isso em vacinações anteriores, ou tiveram essa reação com medicamentos, não podem tomar”, alertou o infectologista.

Pessoas com problema de discrasia (quadros nos quais o sangue não coagula de modo adequado) sanguínea também não devem tomar.  Além disso, imunodeprimidos com doenças ativas importantes, por exemplo- quem estiver fazendo quimioterapia ou radioterapia, não pode tomar.

A bivalente é indicada após quatro meses de aplicação da monovalente.

Efeitos

Os efeitos colaterais mais comuns, que ficam em torno de 10%, são coisas simples, como os já observados na monovalente. Artralgia, mialgia, dor de cabeça, calafrios, cansaço e dor no lugar da injeção são os principais.

“Os efeitos classificados como comuns, são febre, diarreia e vômito. De 0.1% a 1% das pessoas, podem ter ínguas, sudorese noturna e tontura. O que é raro, menos de 0.0,1% é a miocardite e a pericardite, que se a pessoa pegar Covid, a doença é muito mais intensa do que com a vacina”, explicou Marcelo.

Segundo um estudo feito nos EUA com a Pfizer, mais de 7,5 milhões de crianças foram vacinadas. “Teve apenas 11 casos de miocardite, dos quais sete foram tratados em casa, quatro foram internados, tiveram alta e não tiveram sequelas, não teve nenhuma morte. A vacina é extremamente segura, mas podem ter alguns efeitos colaterais, como as anteriores”, destacou.

Plano de Imunização

O infectologista deu destaque a importância do Programa Nacional de Imunizações, que infelizmente muitos brasileiros estão deixando de cumprir, o que favorece o retorno de várias doenças que já haviam sido erradicadas do país.

“Embora o plano de vacinação seja muito entusiasmante, a situação do Brasil não é confortável. Ele foi feito em 1973. Em 1987 foi o pior nível de vacinação. Em 2015 tivemos o maior nível de vacinação do Plano, e aconteceu uma coisa entusiasmante, 97.5% das crianças brasileiras foram vacinadas. Em 2018 abaixaram o orçamento da vacina de R$75 milhões para R$40 milhões. Com isso as doenças começaram a voltar”, lembrou.

O sarampo foi a primeira doença a retornar, em 2019. “Já era uma doença erradicada, mas começou a apresentar surto em bolsões. Existem lugares que para chegar a vacina é muito difícil, por exemplo, interior de Pernambuco, zona da Ribeira, selva amazônica, todos esses lugares. Com a imigração da Venezuela, reintroduziram o vírus, que é altamente transmissível. Com isso tiveram os surtos de sarampo. Mais de dez estados começaram a apresentar o problema. Em 2020 tivemos o pior ano da história da vacinação. O BCG, por exemplo, que é a vacina contra a tuberculose, o índice dela caiu em 39%. A poliomielite, em 30%, que é uma doença sequelante. A hepatite, cresceu em 31%”, exemplificou.

“Esses últimos quatro anos, com corte de verbas, sem investimento em propagandas, convocação, muita Fake News, o negacionismo tomou espaço, e com tudo isso o Plano Nacional de Imunização sofreu muito. Chegou em um ponto em que oito doenças estão no radar, mesmo com tanta informação”, lamentou.

É de extrema importância que os pais e responsáveis verifiquem as carteiras de vacinação de seus filhos, e se dirijam ao Centro de Saúde para efetuar a imunização, caso seja necessário. A vacinação é a forma mais eficaz de proteger a vida de todos.