Contagem populacional começa em 1º de agosto, com 48 recenseadores atuando em São José
A coleta de dados para a realização do Censo Demográfico de 2022, terá início no dia 1º de agosto. A pesquisa estava prevista para ser feita no ano de 2020, mas foi adiada devido a situação da pandemia de Covid-19 que assolou o mundo todo.
Na nossa região, a Agência do IBGE de São José do Rio Pardo coordenará a pesquisa em oito cidades: Mococa, Casa Branca, Itobi, São José do Rio Pardo, São Sebastião da Grama, Divinolândia, Caconde e Tapiratiba, onde um total de 220 pessoas estarão trabalhando na visitação aos domicílios e na supervisão da contagem da população.
O assunto foi tema de abordagem pelo Jornal do Meio Dia, da Rádio Difusora, que nesta semana entrevistou Gabriel Modesto e Natália Guardabaxo, responsáveis pela agência do IBGE de São José do Rio Pardo. Conforme disseram, das 220 pessoas contratadas para a pesquisa, entre supervisores, administrativo e recenseadores, 48 vão atuar diretamente no município.
Desafios
Eles comentaram que um dos maiores desafios deverá ser superar a desconfiança da população na recepção aos pesquisadores.
“Nós não fazemos as pesquisas só em horário comercial, porque a maioria das pessoas trabalham fora de casa. Aconselhamos os recenseadores a irem na casa das pessoas em um horário em que elas estejam receptivas para esse contato. Pode começar por volta das 6h30 até às 20h00 mais ou menos. Acho que o importante não é que a população se preocupe muito com o horário, e sim em como a pessoa que está a abordando está vestida, se está com crachá, colete e boné. Passamos todas as informações sobre os supervisores para a polícia civil e militar de toda a região, todos eles estão com acesso aos nomes e documentos das pessoas que estão trabalhando, e faremos o mesmo com os recenseadores”, informou Natália.
Ela informa ainda que, caso a pessoa tenha dúvida, além do site do IBGE, também pode entrar em contato com a polícia. “Nós estamos orientando os profissionais durante o treinamento que eles deem a liberdade para a pessoa entrar em contato com a polícia caso ela sinta vontade”, completou.
Questionários
Durante a pesquisa poderão ser aplicados dois tipos de questionário – o básico, que leva em torno de cinco minutos para ser respondido, com no máximo 15 questões; e o questionário amostra, que demora em torno de 15 a 20 minutos, e tem cerca de 40 a 50 questões. “A maioria das pessoas precisa responder apenas o questionário básico, mas varia muito das respostas que elas dão, porque dependendo do que elas respondem, outras questões precisam ser feitas”, destacou.
Em junho deste ano, a Justiça Federal, em acolhimento a um pedido do Ministério Público Federal do Acre, determina que o IBGE incluísse questões relacionadas à orientação sexual na pesquisa do Censo deste ano, como forma de favorecer a criação de políticas públicas para a população LGBTQIA+. O órgão pesquisador recorreu, considerando que o pedido era intempestivo, uma vez que os questionários já estão prontos e a inclusão dos novos dados demandaria iniciar o planejamento e os treinamentos praticamente do zero.
“O Censo está sendo preparado desde 2019, pois a previsão era para que ele fosse feito em 2020, o que foi adiado por causa da pandemia. Ele foi se prorrogando, e acontecerá este ano. A questão de incluir informações sobre LGBTQIA+ no Censo, ficou em cima da hora. Teria que ser feita uma mudança muito grande na questão da estrutura do questionário, daquilo que já estava sendo passado, treinamentos já haviam sido feitos, então essa questão ficou muito em cima. Mas com certeza, terminando esse Censo, a primeira coisa que será trabalhada é essa questão para poder incluir nele e também em outras pesquisas, e dar voz a essas pessoas que pertencem ao movimento”, informou Gabriel.
Conforme destacou Natália, o Censo é realizado a cada dez anos, entretanto, o IBGE promove outras pesquisas e uma delas deverá tratar do assunto com mais especificidade. “A proposta do IBGE é incluir o módulo LGBTQIA+ dentro dessas pesquisas contínuas. Eles estão estudando como vão fazer algo específico para essa população”, completou.
Gabriel Modesto destaca que as inovações do Censo têm ocorrido gradativamente. “O último foi em 2010, há 12 anos. Nesse período inovamos em tecnologia, e até mesmo na questão da abordagem, nas questões indígenas e quilombolas, que entrou para esse Censo de 2022”.
Três meses de visitação aos domicílios
Conforme o treinamento para a pesquisa, se o recenseador não encontrar a pessoa em casa quando passar pela primeira vez, precisará voltar no mínimo quatro vezes ao mesmo domicílio, até que haja respostas ao questionário. “Se ele passou pela primeira vez e não encontrou ninguém, ele vai consultar os vizinhos para saber o melhor horário para encontrar a pessoa na residência. O recenseador faz uma investigação para ver se há um telefone para tentar entrar em contato com aquela pessoa para poder agendar a entrevista, caso tenha necessidade”, explica Gabriel.
A visitação, claro, inclui também a área rural dos municípios. Em São José do Rio Pardo, segundo Natália, a zona rural foi dividida em vários setores. “Nos organizamos por meio das estradas, tem todo um percurso que a pessoa precisa seguir para garantir que nenhuma unidade fique sem visita. Conseguimos acompanhar o trajeto do recenseador e por meio desse percurso temos a garantia de visita de todos os domicílios”, explicou.
A coleta das informações para o Censo 2022 tem uma previsão de duração de três meses e deverá ser concluída no final de outubro em todo o território nacional.
Com a divisão dos municípios por áreas, cada recenseador aqui na região deverá cobrir uma média de dois setores, o que se mostrou suficiente de acordo com os levantamentos já realizados pelo IBGE.
“Os recenseadores devem trabalhar no mínimo 25 horas semanais. Eles poderão trabalhar aos finais de semana, o que é sugerido pela equipe do IBGE, por ser mais fácil encontrar as pessoas em casa”, completou Natália.
Expectativas
De acordo com Natália Guardabaxo, muitas alterações poderão ser identificadas neste novo Censo em comparação ao último.
“Como muitas pessoas faleceram na pandemia, acreditamos que vamos encontrar uma queda na população mais idosa. Dá para perceber também uma alteração na questão de natalidade, as pessoas evitaram ter filhos nesse período pensando na pandemia. Antes a população era mais rural, agora está mais urbana, muitas pessoas foram morar fora, então vamos conseguir observar essa parte de migração também. O Censo nos trará inúmeras informações”, concluiu. Os dados coletados pelo Censo deverão ser divulgados em cerca de 6 a 8 meses após a finalização da coleta de dados, entretanto, algumas prévias poderão ocorrer ao longo deste período.