Gazeta Do Rio Pardo

Museu Rio-pardense reabre com “Benê, além da vida”

Benedito Carlos Trevisan

Exposição é uma homenagem ao artista plástico falecido tragicamente em 2018

Gilmar Ishikawa

A arte tem destas coisas. Não raro, os gênios são incompreendidos. E não raras vezes são tidos como loucos. Não! É a vastidão da criatividade. Ela se revela na timidez, na introspecção, no comportamento antissocial, na inquietude. E isso é o que leva aos julgamentos.  Foi assim com Vincent Van Gogh, Lima Barreto, Arthur Bispo do Rosário. Foi assim com um certo Benedito Carlos Trevisan.

Benê Trevisan é o artista escolhido para a reabertura do Museu Rio-pardense “Arsênio Frigo” que, após fechado em 2018 para reforma e tendo a pandemia por extensão, volta a receber público na próxima semana.

As obras de melhoria, que incialmente estavam previstas para durar seis meses, se delongaram mais que o esperado. Incluíram a troca de telhado, forros e assoalho, além de impermeabilização de paredes. Uma forma de manter de pé o histórico prédio de 1866, que serviu de Casa de Câmara e Cadeia e que foi tombado pelo município.

A reabertura vem sendo preparada há meses pela curadora Cristina Maria de Andrade e a exposição estava nos planos desde 2020. Agora, com a flexibilização das regras de controle da pandemia e a queda nos números da Covid-19, isto será possível.

Uma das muitas obras expostas de Benê

A inauguração da exposição “Benê Trevisan, além da vida” está marcada para a próxima quarta-feira, 24 de março, às 20h00.

Além da vida

Falecido de forma trágica, em 28 de maio de 2018, aos 62 anos de idade, quando vivia isolado em uma propriedade rural de São José do Rio Pardo, Benê Trevisan deixou um histórico de cuidador da arte. Mais do que isso, contribuiu para a compreensão do minimalismo artístico. Com instalações que, muitas vezes, aguçavam a reflexão e a indagação do expectador, porque a resposta estava com ele. E, honestamente, ele não gostava de explicar.

Estudou na Faculdade de Belas Artes de São Paulo e, por 18 anos, atuou massivamente nos meios culturais da cidade, sobretudo como diretor de Cultura e curador do Museu Rio-pardense, desde a sua criação em 1986.

Obras de Benê são minimalistas

Criava em silêncio. Era avesso à publicizar seus próprios trabalhos. Não raras vezes, marcava a entrevista e desmarcava, para falar sobre uma amostra ou uma criação que estava por expor. Furou várias pautas.

Benê era para poucos. Desde sempre foi high-tech. Por isso, não precisava explicar suas obras em delongados discursos. Criava, expunha, recriava.

Com instalações sobre aproveitamento de materiais, retratos, quadros, videofragismo, assemblagem, aplicações sobre tecidos, deixou suas impressões artísticas, dentro do que se chama multimeios.

Por meio de exposições individuais ou coletivas, Benê Trevisan teve trabalhos na Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da USP, Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de Campinas e no Artpool Research Center Budapest – espaço voltado à arte contemporânea.

Benê gostava dos elementos cósmicos, infinitos, prismas, luzes, cores, sombras.

Quem visitar a exposição poder ver um pouco de tudo. E, “Benê Trevisan, além da vida”, vai gostar de saber que o Museu está vivo.