Gazeta Do Rio Pardo

Ciclismo 27/05/2023 – Gino Bartali, o ciclista que salvou judeus do Holocausto

Gino Bartali, o ciclista que salvou judeus do Holocausto

Multicampeão na Itália e na França, sua história de heroísmo foi conhecida só após a morte

Caro leitor!
Hoje vou contar a história do ciclista italiano Gino Bartali, que venceu por três vezes o Giro D’Itália e duas vezes Tour de France. Uma verdadeira lenda que morreu há exatos vinte e três anos, vítima de ataque cardíaco aos 80 anos de idade. Foi um dos maiores ciclistas da história.
Após a sua morte, o mundo soube de sua valiosa contribuição para a humanidade. Ele ajudou a salvar as vidas de mais de 800 judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Em razão do início da guerra, as competições foram suspensas, e com o tempo livre, Bartali continuou os treinamentos. Até 1943, a Itália era território seguro para os judeus, porém os nazistas começaram a ocupar o país e a perseguir e enviá-los aos campos de concentração.
Pressionado pelos fascistas, Bartali – então católico devoto e contrário ao regime, recusou o posto de garoto propaganda de Mussolini, sendo boicotado e acusado de antipatriota pelo governo.
Com a entrada da Itália na guerra e a ocupação em pleno vigor, Bartali abriga em sua casa a família de um amigo judeu, e participa de ações secretas e extremamente arriscadas de uma organização clandestina “Rede Assisi”, ligada à igreja Católica para tirar judeus do país.
Simulando estar treinando, aproveita sua fama e os tubos do quadro da bicicleta para transportar documentos de identidades falsas que iria salvar centenas de vidas, porém por várias vezes foi parado e vistoriado, colocando em risco a sua liberdade e a própria vida.
O mais impressionante é que Bartali escondeu tudo até mesmo de sua própria família. Somente quando estava no fim da vida revelou os detalhes para o filho e ainda o proibiu de contar sobre.
Praticar e competir no ciclismo ao mesmo tempo em que salva vidas de Judeus do Holocausto, seria um ótimo título para contar a história deste homem, mas os irmãos Canadenses Alli e Andress MacCone escreveram o livro onde contam a trajetória do atleta, as disputas intermináveis com Coppi (atleta italiano) o eterno adversário entre outros.
Depois da guerra Bartali volta a competir e é tratado com desdém pela imprensa ao fracassar em 1947 no Tour, mas volta a vencer em 1948 consagrando se bicampeão do Tour de France e sendo reconhecido por “Leão da Toscana”, nome que deu título ao livro dos irmãos MacCone.
“Quero ser lembrado pelas minhas conquistas esportivas. Heróis de verdade são outros, aqueles que sofreram na alma, no coração, no espírito e na mente, que sofreram pelos seus entes queridos. Estes são os verdadeiros heróis, eu fiz o que mais sabia, pedalei”.
Essa história não foi conhecida até 2010 (dez anos após sua morte), altura em que dois jornalistas italianos se esforçaram para que Bartalli fosse reconhecido como “Justo entre as nações” – título concedido a pessoas que ajudaram os judeus durante o Holocausto.
Conseguiram falar com Giorgio Goldemberg, um judeu que viveu durante dez meses com o pai e o avô, numa casa que era propriedade de Bartali. Esse passo foi decisivo para que o Estado de Israel reconhecesse os feitos do ciclista.
Talvez se não tivesse sido interrompido pela Guerra, Bartali seria um dos maiores campeões de todos os tempos, pois vivia sua melhor forma e por três anos seguidos havia ganhado quase todas as provas que disputara, porém quis o destino que se tornasse um herói na triste história das guerras.
O ciclismo é assim, sempre salva-vidas, salvou a minha, me livrando da depressão e a tantos outros que já perdi a conta. Então não perca tempo e vamos pedalar!
Forte abraço!