Gazeta Do Rio Pardo

Um erro medico mudou minha vida

Um erro medico mudou minha vida
Hoje, ciente de que a maior causa de mortes no Brasil deve -se a erro medico e não a nenhum tipo de doença, segundo pesquisa realizada pela UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais e pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), teria sido mais enérgica na minha decisão de não assinar a autorização da cirurgia, num dos melhores hospitais do mundo, declara Carina Palatink.

 

A vida de Carina Palatinik mudou radicalmente há 2 anos, após ser levada às pressas para uma cirurgia, feita contra a sua vontade, em que virou mais uma vítima de erro médico. A gestora da área da saúde lutou por seus direitos e conseguiu que o centro médico rescindisse o contrato com o profissional, além de afastá-lo de todos os conselhos dos quais fazia parte naquela época.

 

Ela relata que tinha comido em um restaurante japonês no dia anterior e teve uma gastroenterite bem séria. Procurei um hospital de primeira linha em São Paulo, por volta das 18h, com febre, diarreia e vômito. Fiz todos os exames possíveis e já havia sido medicada quando apareceu um médico e disse que eu precisaria retirar a vesícula, em uma cirurgia de emergência. Já passava das 4h da manhã, estava exausta sem me alimentar, com febre…. nunca tinha tido nenhum problema digestivo , nunca tinha tido dor alguma ou sintoma de problemas relacionados a vesícula e além disso , 2 meses antes havia feito um check up , inclusive com exames de imagem de abdomem total , indicando minha saúde perfeita… e obvio nada na vesícula!! Era uma loucura, e recusei a assinar o termo de autorização da cirurgia. Afinal, eu não sou médica, mas trabalho há muitos anos com gestão da saúde, então, tinha uma noção de que aquilo não fazia nenhum sentido.

Além disso, já tinha conhecido médicos que agem de má fé por ganancia, que tiram órgãos, fazem implantes que não precisam sem feitos , só para ganhar dinheiro. Mas esse médico agiu de muita má-fé e, ao perceber a minha reação, chamou minha familia para conversar a sós e disse que, se eu não operasse, eu morreria. Evidentemente que eles ficaram desesperados e, então, assinaram a autorização como responsável pela intervenção.

Fui para o centro cirúrgico a contragosto. Fiz a operação na mesma hora e, claro, fiquei com muitas sequelas. Afinal, eu estava com uma infecção intestinal, não podiam jamais ter aberto o meu corpo naquelas condições. Tive uma septicemia, uma espécie de infecção generalizada, fiquei 15 dias internada, fui para a UTI, tomei vários antibióticos diferentes para tentar controlar o quadro, pois não parava de evacuar sangue. Depois, foram vários anti-inflamatórios. Por mais de um ano seguido eu recebi uma série de remédios que só tratavam os meus sintomas, sem conseguir me recuperar totalmente. Hoje, sofro de uma síndrome e que os médicos dizem que não tem cura, chamada Síndrome do Intestino Permeável. Hoje através da minhas pesquisas sei que consigo cura-la , mas essa área da medicina que reconhece a microbiota intestinal como um novo órgão é muito nova e os médicos que atuam hoje desconhecem o assunto.

Hoje tenho alergia a praticamente tudo, glúten, derivados do leite, não posso beber álcool, café, refrigerante, nem comer frituras, açúcares ou adoçantes, comidas temperadas… Ou seja, tenho uma dieta muito, muito restrita. Vou a restaurantes e festas e as vezes janto antes, para ter uma ideia da dificuldade que tenho para me alimentar. E, antes, levava uma vida normal em relação a isso, sem problema algum.

Também comecei a apresentar problemas nas articulações, provavelmente por conta do excesso de antibióticos e medicamentos ingeridos

Fiquei um ano tentando me tratar passei pelos melhores médicos especialistas e nenhum resolvia minhas questões, apenas me medicavam para os sintomas com medicamentos com mais efeitos colaterais que pioravam mais ainda meu quadro.

Só comecei a melhorar quando fazendo minhas pesquisas resolvi parar de tomar aquele monte de medicamentos receitados que só contribuíam com mais sintomas colaterais, e estou fazendo uma terapia holística que eu mesma fui elaborando aos poucos através das minhas pesquisas, com produtos naturais, homeopatias, algo que trate as causas e não mais os sintomas das minhas complicações. Já evolui bastante e sem nenhum remédio.

Em paralelo, está correndo o processo criminal contra o médico que foi o responsável por tudo isso, uma ação criminal. Por ter conhecimento da área médica, a primeira coisa que eu fiz, após sair da cirurgia, foi pedir para ficar com o meu órgão, pois é um direito do paciente. Mandei para dois laboratórios diferentes que já havia trabalhado e confiava, fazerem a anatomopatologia e, realmente, não encontraram nada, nenhum indício de que precisava retirar.

Essa evidência já foi o suficiente para o hospital rescindir o contrato com o médico imediatamente e afastá-lo de todos os conselhos dos quais fazia parte naquela época, há cerca de dois anos. Por conta da minha intervenção, fiz várias reuniões com a alta direção do hospital e mudaram o procedimento operacional padrão,  passando a não mais aceitar a assinatura de familiares dos pacientes para a realização de nenhum procedimento, sem o consentimento formal do doente, caso esteja consciente.

“Mas ainda não atingi o meu principal objetivo: quero que esse médico nunca mais exerça a medicina e que não prejudique outras pessoas como prejudicou a mim e a outras pessoas que conheço e que me deram seus relatos e, se necessário, serão minhas testemunhas no processo. “

Hoje mantenho um blog e um canal no Youtube, ambos com o meu nome. Lá, ajudo outras pessoas que passaram pelas mesmas situações que eu, como erros médicos, e dou dicas para quem tem sequelas como as que eu tive.

Hoje, eu defendo que as pessoas precisam se informar muito bem antes de autorizar qualquer tipo de cirurgia e, além disso, denunciar quando ocorre qualquer erro. É um direito delas.

Quando isso acontecer essa estatística de que torna o erro medico o maior numero de óbitos no Brasil , ficara ainda mais aterrorizante.