Gazeta Do Rio Pardo

A tragédia que abalou o país- Leia o editorial do Jornal Gazeta do Rio Pardo

A tragédia que abalou o país

A rejeição pela Câmara Municipal do projeto de lei do prefeito Ernani sobre novas regras para o ticket dos servidores e até mesmo o aniversário da cidade na terça-feira, 19 de março, embora importantes, são temas que perdem a importância frente a tragédia do assassinato de alunos na escola de Suzano, ocorrida quarta-feira, e que consternou o país. Chocou a todos nós e abriu algumas enormes interrogações que, por enquanto, não têm respostas: Por quê? Como foi possível? De quem é a culpa?

E o mais preocupante é que isso pode voltar a ocorrer em outras escolas do Brasil, nas quais não faltam alunos filhos de traficantes, sendo eles próprios usuários e até mesmo pequenos bandidos em potencial – e, portanto, dispostos a tudo, até mesmo matar. Até porque, umapequena parcela deles não faz outra coisa senão ver jogos violentos na internet e no celular, fato que vem ocorrendo inclusive em São José do Rio Pardo. Ou seja, as escolas rio-pardenses não estão isentas de tragédia semelhante. Que Deus nos proteja e guarde nossos professores, funcionários e alunos!

Por conta da gravidade do assunto, transcrevemos aqui, neste editorial, um artigo assinado pela psicóloga Carla Rojas Braga, do Rio Grande do Sul, para o jornal Zero Hora. Ela escreveu o seguinte: Não adianta relativizar e tentar fazer uso político do atentado dizendo que a culpa é do porte de armas, porque não é. Isso seria uma leviandade e uma canalhice. Um revólver velho e raspado, uma besta e uma machadinha não se enquadram no Estatuto do Desarmamento, para o qual a maioria da população votou contra.A culpa pelo atentado é da sociedade e do Estado doente, que não cuida de seus filhos. Os dois assassinos fazem parte dos 9% da população de Suzano (segundo informou a reportagem da Globo) que é chamada de geração”Nem, nem”.  Nem estuda, nem trabalha. 

Esse porcentual deve ser semelhante para o Brasil todo.E esse grupo de jovens perdidos não estuda nem trabalha provavelmente porque faz uso de drogas. Isso quase sempre é causa e efeito. Provavelmente fizeram uso de álcool e de maconha desde a mais tenra idade. A maconha desenvolve esquizofrenia, diagnóstico provável dos dois.E também não adianta resumir a paranoia dos dois ao uso de videogames violentos. Se fosse assim, todos os jovens do mundo que jogam sairiam por aí matando todo mundo. Os videogames estão, ao contrário, sendo muito utilizados para desenvolver a inteligência, fazer treinamentos e até procedimentos médicos mais precisos.

O que acontece é que um psicótico se sente estimulado a colocar em prática seus delírios e alucinações quando assiste a várias coisas: videogames, filmes e o próprio noticiário da TV sobre os mais de 60 mil homicídios por ano cometidos no Brasil. Ou sobre a impunidade reinante frente ao crime com as mais variadas formas.Se fosse possível resumir essa terrível tragédia em uma palavra, eu chamaria de corrupção. Se não fosse pela corrupção desenfreada instaurada no Brasil há quase 20 anos, as escolas teriam mais estrutura para terem mantido esses meninos, seus pais teriam bons empregos e provavelmente mais afeto e o sistema de saúde teria já os acolhido e atendido quando começaram a apresentar os primeiros sintomas de psicose.

Meus sinceros e profundos pêsames aos familiares das vítimas e a todo o povo brasileiro”.