Gazeta Do Rio Pardo

São José do Rio Pardo tem cerca de 400 famílias em situação de pobreza

Daniel Tardelli, secretário de Promoção e Inclusão Social, e Fernanda Bariani, educadora social, concederam uma entrevista à Difusora

Segundo Daniel Tardelli, procura pela área social aumentou em 800% com o problema da pandemia

No dia 22 de abril, Daniel Tardelli, secretário de Promoção e Inclusão Social, e Fernanda Bariani, educadora social concederam uma entrevista ao Jornal do Meio Dia, da rádio Difusora, para abordar o trabalho social feito em época de pandemia. Além disso, Daniel Tardelli, mencionou algumas verbas destinadas a assistência social durante o ano de 2019.

Fernanda contou sobre a população de rua do município e explicou o trabalho que vem sendo realizado para conscientiza-los sobre o Covid-19.

Mudanças na Secretaria

“Nós seguimos o decreto do prefeito municipal e consequentemente, a primeira atitude, foi a mudança no horário de funcionamento. A Secretaria abria das 7h00 às 16h00, agora passou a funcionar das 7h00 às 12h00. Em segundo lugar, pautado pelo decreto, nós tivemos a inciativa de afastar os grupos de risco que se encaixavam no decreto”, disse Daniel.

“Outra providencia direta, foi com relação a entrega do leite, o programa “Viva Leite”. Temos 308 famílias que recebem o mantimento. Nesse processo de pandemia, ao invés de entregarmos duas vezes na semana, passamos a entregar uma única vez. São entregues 4.264 litros de leite por mês. Porém agora, em um único dia, que é sempre na terça-feira”, completou.

Procura pelo serviço

“Se nós pegarmos os dados estatísticos do Ministério da Cidadania, em relação a área social, o aumento da procura foi de 800%. Esse dado influi e inclui também a nossa cidade. É bom deixar bem claro, que até maio de 2019, nós tínhamos no Brasil, mais de 1,5 milhões de dados de famílias, que queriam entrar no Bolsa Família e o governo federal não estava permitindo. Devemos lembrar também que desde o presidente Temer, com o desejo de ter o superávit primário de 179 bilhões, que era o déficit, ele conseguiu cortar 40 bilhões. Ele tirou da área social, 5 bilhões de reais. Diga-se de passagem, no ano de 2018 para 2019, nós, ligados a Secretarias, Crás e Creas, ficamos um ano sem receber repasses. Usava-se o argumento que era preciso gastar o que tínhamos em conta para que o governo federal mandasse as outras parcelas. Os municípios que não tiveram a prudência e astúcia política, entraram em uma fria, porque gastaram dinheiro, ficaram com compromissos e depois não puderam pagar”, contou.

CadÚnico

“O CadÚnico (Cadastro Único) foi criado em 2003.  É um instrumento pelo qual nós temos a oportunidade de ter o lado financeiro, econômico e estrutural das famílias de baixa renda. Hoje no CadÚnico, nós temos cadastradas no Brasil, 27 milhões de famílias. Isso equivale a 79 milhões de pessoas. Em São José, temos 4.149 famílias cadastradas. Embora tenhamos um índice de desenvolvimento social e humano muito bom aqui em São José, passando de 8, tínhamos 1.914 famílias em extrema pobreza”, explicou o secretário. 

“Em situação de pobreza, temos 401 famílias no Bolsa Família. Atendíamos um total de 1.803 famílias. Por causa da pandemia, o governo federal tirou da lista de espera, 1 milhão e duzentas mil famílias. A cidade de São José foi contemplada com 320 famílias que estavam na lista de espera, que passaram a fazer parte do programa. No ano passado, recebemos do Bolsa Família, R$5.139.393,00. Temos um outro benefício, que também faz parte do Cadastro Único, o BPC, que beneficia idosos e pessoas com deficiência física, mental ou intelectual. Em 2019, recebemos esse benefício no valor de R$10.664.026,00. Para essas pessoas que estão cadastradas, é evidente que para receber agora o auxílio emergencial, é muito mais fácil, porque já estão nesse cadastro. Os demais que não estão, e aí surge a grande procura do que fazer, não tem muita alternativa, precisam fazer aquilo que estão sendo orientados. Ir até o site da Caixa e fazer o cadastro. O grande problema, é que um dia o sistema funciona, no outro não, e são milhões de cadastros para analisar. Tem pessoas que procuram de forma desnecessária o serviço. Tem casos que não há necessidade de se deslocar de sua casa para procurar informações sobre o serviço. Só devemos sair quando necessário, caso contrário, devemos ter prudência e ficar em casa”, conclui.

Moradores de Rua

“O meu serviço é com abordagem social, o que seria isso: Chegamos nos moradores de rua e devemos saber seus nomes, municípios de onde vieram, idade, se tem contato com a família. Entender um pouco da história deles, é bem diferente da abordagem policial. Eu quero criar um vínculo com eles. Muitas vezes, esse vínculo não acontece no primeiro encontro, às vezes eles nem querem falar o nome para mim. Então, precisamos ter todo um cuidado para nos aproximar, para que eles possam ter uma confiança nos agentes para começarmos o nosso atendimento”, explicou Fernanda.

“Referente a pandemia, os moradores de rua têm recebido máscaras, Ongs estão doando para eles, e eles estão entendendo o recado. Falamos para eles não ficarem próximos uns dos outros, para não cumprimentar dando a mão. Tentamos orienta-los de uma forma simples”.

Estatísticas

“Em certos períodos a população de moradores de rua pode aumentar ou diminuir na cidade. Eles têm alguns pontos de aglomeração: na praça da igreja matriz, por exemplo, temos um grupo pequeno, na praça JK já temos um grupo maior, que é em frente ao Bar Seu Divino. São esses os maiores pontos de concentração de moradores de rua. Temos um número que tem famílias, e eu peço permissão a eles para saber se posso entrar em contato com suas famílias para compreender sua história, para saber o motivo da separação da família, se os aceitariam de volta, se foram eles que decidiram sair de perto, porque, dentro de casa existem regras, e na rua não. Muitas vezes a família pode aceitar a pessoa de volta, mas eles não voltam. Preferem ficar ali na rua, com os amigos”, contou Fernanda.

 “Classificamos por usuários 1 e usuários 2. O usuário 1 é o que realmente está na rua, não tem moradia. O usuário 2 tem moradia, fica um curto período fora de casa, e depois retorna”. Segundo Fernanda, de janeiro de 2018, que foi quando ela iniciou o trabalho, até abril de 2020, foram abordadas 168 pessoas, no decorrer deste período. “Foram 21 mulheres e 147 homens. Não temos nenhuma criança em situação de rua. São 62 pessoas do município e 160 de outros municípios. De acordo com as informações dos nossos atendimentos, desse pessoal que é usuário 1, 18 pessoas fazem uso de álcool e 58 fazem uso de álcool e drogas ilícitas. Os usuários 2, são 7 pessoas que usam apenas álcool e 26 pessoas álcool e drogas, e 13 não relataram”, informou.

Retorno aos municípios

“Com o pessoal de outras cidades, há pouco tempo foi iniciado o direito de passagem intermunicipal. Primeiro eles precisam ir até o CREAS, e vão passar por um atendimento, vão explicar o porquê estão ali, qual é o destino onde eles querem estar. Tentamos um contato com a família ou com a secretaria daquele município. Depois, vou até a rodoviária, compro uma passagem e entrego para ele ir embora. Durante esse período, foram dadas 38 passagens. Eles só podem pegar as passagens a cada 6 meses, assinam um termo para isso”, concluiu.