Gazeta Do Rio Pardo

Saerp descarta, por enquanto, o racionamento

Ponto de captação de água na ETE Central: sistema foi melhorado na gestão passada

Uso excessivo de água, estiagem, incêndios em matas e problemas em adutoras afetam o abastecimento

A Superintendência Autônoma de Água e Esgoto (Saerp) em São José do Rio Pardo não cogita, por enquanto, em adotar racionamento no município. O rio Pardo, de onde é captada a água para toda a cidade e periferia, continua suprindo as 5 Estações de Tratamento responsáveis pela captação e distribuição do produto. No entanto, se os moradores continuarem desperdiçando a água tratada para lavar carro e calçadas, e se a estiagem e os incêndios em matas prosseguirem, o abastecimento poderá ficar comprometido.

As informações são de Marcelo Primini, superintendente da Saerp. Falando à Difusora FM quinta-feira, dia 10, ele lembrou que o município tem um grande rio que corta a nossa cidade. “Então, quanto a racionamento, para nós ainda não houve essa necessidade, não precisamos disso ainda porque temos uma quantidade de água bruta que, por enquanto, nos deixa bem tranquilos quanto a essa questão de racionar água”, explicou.

Ele também negou que a Saerp esteja fazendo qualquer esquema de revezamento entre bairros para o fornecimento de água, por causa do calor. “Não estamos fazendo esquema de revezamento, mas, como a estiagem está muito grande e tem ocorrido muitas queimadas, com foligens sujando muito as residências dos moradores, há um consumo excessivo de água”, assegurou.

“E é água tratada, mas que é usada para lavar carro, quintal, calçada. Com isso, os bairros situados em regiões mais altas da cidade têm uma tendência de ter queda de pressão, já que a tubulação que suporta essa pressão é a mesma. Quando aumenta o consumo e ele passa a ser exagerado, a tendência das partes mais altas é ter queda de pressão e alguns lugares ficarem até sem água. Isso é normal, a gente está acostumado com isso de outros tempos e agora não será diferente. O que a gente torce no momento é que dê uma chuva boa e, com isso, normalize todo esse problema”.

Problemas com adutoras

Houve alguns problemas na semana passada com algumas adutoras, que fizeram a Saerp demorar algum tempo para arrumar o reservatório que as supria. E quando isso acontece, a empresa é obrigada a desligar os equipamentos e efetuar o conserto, o que pode demorar.

“Temos duas adutoras na região do Maria Boaro e do Buenos Aires, sendo uma que vai para o reservatório e outra que é de distribuição. Lá o terreno é muito pedregoso e a tubulação, que é um tipo de PVC, está um pouco exposta. Com o incêndio que ocorreu em uma casa de lá no sábado, as duas redes foram danificadas, mas isso só conseguimos descobrir no dia seguinte. Lá temos um reservatório de 1 milhão de litros e, por causa disso, ele chegou a nível zero. Até a gente recuperar isso, demorou um ou dois dias. Foi uma correria e um sacrifício, com o pessoal sofrendo muito lá. Mas, no final, o abastecimento foi restabelecido”, prosseguiu Marcelo.

Sistema de captação

Indagado se a Saerp alongaria ou teria que afundar mais os equipamentos que captam água diretamente no rio Pardo, Marcelo negou. “Não, esse serviço já foi feito na gestão passada, quando chegamos a uma vazão no rio Pardo de 18 metros cúbicos por segundo e hoje estamos com 42. Assim, não há necessidade de mexer em nada no tocante ao sistema de captação de água no rio Pardo. Nesse sentido estamos, por enquanto, tranquilos”.

Ele voltou a mencionar o principal problema que vem ocorrendo em São José do Rio Pardo atualmente: o desperdício de água tratada por parte de alguns moradores. “O que a gente gostaria é que a população tivesse um pouquinho de consciência e não usasse a água tratada para lavar calçada, lavar quintal, lavar veículos, fazer irrigação de jardim ou horta, mas usar a água só para consumo humano. O que acarreta problemas, no nosso caso, é o consumo exagerado da água tratada, que custa muito caro”.

“Embora o rio Pardo seja grande, o caminho que leva a água do ponto de captação até chegar ao morador é muito longo e tudo custa muito caro. Com isso, a tendência é que haja problemas de pressão ou vazamentos e alguém irá ficar sem água. Se você está numa parte mais baixa da cidade e não joga água tratada fora, quem estiver acima de você poderá usá-la também. Isso é questão de conscientização. Lavar quintal com água tratada é um desperdício de dinheiro fora do comum. O que a gente pede é que as pessoas tentem reduzir esse consumo o mais possível para que não ocorra o racionamento”.

Próxima gestão

Marcelo lembrou que a Saerp é relativamente nova no município, tendo sido implantada na gestão passada. Neste período, segundo explicou, já foram reformadas as 5 Estações de Tratamento de Água que abastecem a cidade e os bairros. Os funcionários usam EPI (Equipamento de Proteção Individual) e a empresa tem a Cipla implantada. A empresa, ainda segundo Marcelo, comprou três veículos e duas motocicletas novas.

“Mesmo diante da inadimplência, que é muito grande, a gente tem feito um grande esforço para que a Saerp progrida. A gente espera que em janeiro, quando um novo gestor irá assumir, dê sequência nesses trabalhos porque a tendência da Saerp é crescer e ficar uma empresa grande. Uma cidade com 55 mil habitantes e 25 mil pontos de ligação de água proporciona espaço para esse crescimento, mas é preciso continuar esse trabalho. A dificuldade é imensa e a luta é intensa, mas dá para ela virar uma autarquia bem respeitada.

Reclamações constantes

Ele admitiu, no entanto, que as reclamações acorrem constantemente por conta de vazamento de água ou água suja, mas lembrou que a parte velha da cidade tem uma tubulação subterrânea com 100 anos de existência. “Quando fazemos manutenção em algum bairro, a tendência é sujar a água e aí há reclamação naquele lugar, mas não é algo que sai da Estação”, observou.

“Estamos sendo questionados pelo Ministério Público para que se troque essa tubulação, mas o custo, hoje, seria em torno de 10 milhões de reais. Então, por enquanto, a dificuldade financeira impede que se faça esse serviço, mas as próximas gestões poderão fazer isso”, previu.


Marcelo Primini, superintendente da Saerp: “População precisa economizar água”