Lua Freidemberg, que sofria bullying na adolescência, é fotografada para marcas famosas
Júlia Sartori
Quando o assunto é moda, já é reconhecida a fama do Brasil como grande celeiro exportador de modelos para o mercado internacional. Isabeli Fontana, Letícia Birkheuer, Gisele Bündchen são algumas das referências que fazem sucesso mundo afora, inspirando uma legião de aspirantes ao estrelato. De acordo com a Associação Brasileira de Agenciamento de Modelos (ABAM), o país é um dos principais produtores de modelos do mundo. Por aqui, o setor emprega mais de 200 mil pessoas e mantém mais de 20 mil modelos ativos.
Enquanto São Paulo é o principal centro para essa atividade, abrigando cerca de 50% de todas as agências de modelos do país, São José do Rio Pardo também está representada nesse universo.
A rio-pardense de 17 anos, Luane Freidemberg, teve uma completa reviravolta em sua vida após ter sido descoberta por uma renomada agência de modelos, a Meneghin Models, através de fotos publicadas em seu Instagram. Atualmente, Lua está morando na Índia e contou um pouco sobre o início de sua trajetória para o jornal.
“Sempre tive interesse pelo mundo da moda desde pequena, mas meu sonho inicial não era ser modelo em si, sempre pensei em me formar em Design de Moda e construir minha carreira no Brasil. Quando era mais nova, eu sofria muito bullying por ser magra e alta, e isso me fazia pensar que eu realmente não tinha um perfil para isso”, relembrou.
No entanto, em 2022, a agência se interessou pelo perfil de Luane, após ter acessado suas fotos na rede social. De lá para cá as coisas foram acontecendo.
“Cheguei a trabalhar em São Paulo por um curto período, mas em pouco tempo minha agência conseguiu uma oportunidade para que eu fosse para a Itália trabalhar internacionalmente como modelo. Quando eu tive certeza de que aquilo era realmente uma proposta boa para mim, eu aceitei, porém tive que abandonar minha família, meus amigos e até mesmo a minha escola. Não recomendo isso para ninguém, mas fiz porque tive certeza de que eu não estava caindo numa furada”, destacou.
No começo deste ano, Lua trabalhou na Itália durante um mês e meio e depois foi para a Turquia, país em que morou por três meses.
Modelo fashion e comercial
Questionada sobre o tipo de perfil com que Luane trabalha, ela explicou que existem dois tipos de modelo no mercado mundial.
“Existe a fashion, que normalmente são as que nós vemos em marcas de grifes e passarelas, nesse caso o modelo precisa ser bem alto e seguir os padrões de medidas à risca. Agora o modelo comercial atua no ramo das publicidades, propagandas, outdoor, campanhas, mas isso varia muito. No meu caso eu faço os dois perfis por conta da minha altura (1.83), por isso eu trabalho de forma flexível, com desfiles, campanhas, outdoor, e-commerce, que são aquelas fotos que normalmente vemos nos sites de roupas quando vamos comprar algo”, definiu.
A M.A (Meneghin Models) é a empresa responsável por negociar os contratos internacionais de Lua.
A jovem já fotografou para diversas marcas internacionais. “Um dos maiores trabalhos que tive, foi para a Puma aqui na Índia, para uma coleção exclusiva, streetwear, pela qual estou muito ansiosa pelos resultados. Já fotografei outdoor, participei de editoriais, fiz diversos trabalhos criativos incríveis aqui, foi uma honra poder trabalhar com pessoas tão capacitadas e reconhecidas no mundo da moda. Fotografei para fotógrafos que eu admirava, mas isso é só o começo. Me motiva todos os dias perceber que acabei de começar e já conquistei tantas coisas que eu pensava que nem seriam possíveis”, disse.
A rotina da rio-pardense nesta nova vida, é bem agitada. “Eu acordo cedo todos os dias, faço pré-treino, vou para academia e dependendo do horário que eu inicio meu trabalho, já começo a me arrumar, quando chego no studio eles começam a maquiagem e normalmente eu fotografo por 8 horas seguidas por dia”, contou.
A modelo russa Sofia Steinberg é uma inspiração para Luane, por terem um perfil parecido.
Desafio
A ainda adolescente Lua diz que os dois maiores desafios da profissão é estar sozinha em um país desconhecido e a comunicação. “Você realmente tem que ter um inglês impecável. A saudade de casa e principalmente o fato de sempre estar mudando de país constantemente, são situações muito estressantes”, relatou.
“Eu não me arrependo de nada, tudo que aprendi, todas as experiências que passei e culturas que pude conhecer foram experiências únicas. Atualmente estou trabalhando na Índia e me sinto muito feliz com tudo que conquistei até aqui, pois estou viajando há 6 meses e consegui trabalhos de marcas que eu sempre admirava. Saber hoje que posso trabalhar com o que eu amo todos os dias me faz ser grata a Deus por tudo isso, me faz notar que tudo que eu passei realmente me motivou e me fez ser quem eu sou hoje, sou muito grata a minha família por ter confiado de olhos fechados em mim”, comentou.
Mundo da moda
A modelo deu sua opinião sobre o mercado da moda atual, comentando como funciona a profissão.
“Acredito que muito menos tóxico do que antigamente, pois todo mundo tem a visão de que você precisa ser super magra e alta para estar nele e isto está errado. Hoje em dia não existe um padrão, se você realmente tem esse sonho de ser modelo, tem que encontrar uma agência séria que confie no seu potencial e uma das maiores mentiras que as pessoas caem é o falso “book” ou “curso”. Se você quer ser modelo e encontra uma agência que peça qualquer tipo de valor para seu agenciamento, saiba que é uma fraude, isso realmente não existe nas agências sérias”, alertou.
Segundo Luane, o Brasil é um país com alta concorrência na área. “Mas não digo que é impossível trabalhar, só que realmente fica muito mais fácil caso você volte para o Brasil já reconhecida como modelo internacional, pois além do reconhecimento você vai ter ganhado uma experiência absurda. Mas outros países acabam oferecendo muito mais oportunidades grandes de trabalho”, relatou.
Luane contou que jamais imaginou estar no cenário em que se encontra hoje. “Nunca pensei grande, não imaginava nem que iria conhecer outros países, sabe? Eu fico super motivada ao notar que aos 17 anos, com 1 ano de carreira e 6 meses viajando, fizeram eu me tornar outra pessoa”.
Apoio familiar
Questionada sobre como sua família tem reagido a distância e ao seu trabalho, Lua contou que recebe grande apoio.
“Minha família foi simplesmente incrível comigo, me apoiou sempre. Meus pais me emanciparam e eu pude viajar sozinha. Sou totalmente grata a eles e a tudo que fizeram por mim. Confiaram em mim e isso não tem preço. A única coisa que quero agora é que eles sintam orgulho pelo o que me tornei e por tudo que irei evoluir ainda. Eu estou fora do Brasil há quase 7 meses, irei continuar viajando por mais um tempo, não tenho data de volta ainda, mas pretendo visitar meus pais em breve”, declarou.
*Com dados de ‘Gazeta da Semana’