Voluntárias se reúnem desde março para confeccionar e distribuir mantas de lã a pessoas necessitadas
No mês de março deste ano elas eram poucas, reunidas com o objetivo de exercitar o amor ao próximo e colocar a solidariedade em prática. Em 1º de novembro, já são aproximadamente 30 pessoas, de diferentes bairros da cidade, que se encontram semanalmente para horas de conversa e uma missão: confeccionar mantas de lã destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade. O público assistido é variado: pacientes renais, mães de primeira viagem e sem condições financeiras, idosos, entidades do município. Batizado de “Mantas do Amor”, o projeto tem aquecido não apenas os corpos, mas também os corações.
Composto por maioria de aposentadas voluntárias, o grupo é movido por um único propósito: espalhar calor humano e carinho por meio de suas habilidades com as agulhas de crochê. E mesmo quem não domina os pontos de lã, também pode contribuir de forma diversa.
As reuniões semanais acontecem às quintas-feiras, das 15 às 17 horas, na Praça Barão do Rio Branco (Praça do Mercado), durante a Feira do Produtor, sob as árvores ou no interior do Mercado. Dando visibilidade ao trabalho que produzem, também conseguem a participação de novas voluntárias e de colaboradores, que possam doar material para a confecção das mantas.
Idealizando
As mantas são confeccionadas com um total de 15 pedaços de crochê, cada qual medindo 30x30cm, das mais variadas cores, o que inclui o reaproveitamento de linhas. Após serem unidos, estes pedaços resultam em uma trama generosa, com cerca de 90 centímetros de largura por 1,5 metro de comprimento.
No início das atividades, as reuniões eram para tecer os pedaços e formar as mantas. Agora, à medida que o grupo vai aumentando, cada uma vai confeccionando em casa mesmo os próprios trabalhos e os encontros acabam sendo para apresentar os resultados. E, claro, para manter a união das participantes.
Uma das incentivadoras e criadoras da atividade é a professora aposentada, Maria Cecília Bortot. Ela conta que o início de tudo se deu a partir de uma conversa com uma prima, onde discutiam o que poderiam fazer para ajudar as pessoas, especialmente durante o inverno. Inspiradas por um projeto semelhante, que pelo país tem nomes como “Quadradinhos do amor”, “Mantinhas do amor”, “Amor ao quadrado”, “Laços unidos”, começaram a fazer as mantas.
Ela explica que o projeto não apenas proporciona conforto para aqueles que mais necessitam, mas também fortalece os laços comunitários e proporciona um sentido de propósito para suas participantes. Ajuda a preencher o tempo ocioso, com encontros regulares, quando compartilham histórias, experiências e risadas enquanto trabalham juntas em prol do bem comum.
Além de Cecília, na tarde de quarta-feira, véspera do feriado, quando a reportagem conversou com o grupo, estavam também: Marlene Ferraresi, Verinha Oliveira, Maria Luísa Secco, Rosângela Minussi, Regina Minussi, Cristina Baldo, Eneida Georgeti e Edna Georgeti.
Precisam de lã
Toda a produção das mantas é inteiramente voluntária. Além de dedicarem tempo e habilidade, na maior parte das vezes as voluntárias doam o material.
Essenciais para a produção, as lãs – da marca Mollet (40 gramas) – são adquiridas no comércio local, em lojas parceiras, que garantem desconto sabendo que serão empregadas no trabalho voluntário. São várias as lojas parceiras, segundo lembra Cecília Bortot: “Center Panos, Aquarela, Paula Tecidos, Tulipas e outras que puderem e quiserem ajudar”, destaca.
Com o aumento da demanda, não é sempre que o grupo consegue comprar os produtos, por essa razão, o grupo aceita doação da lã especificada ou mesmo de dinheiro para a compra. As voluntárias observam que quanto mais lã, mais mantas poderão ser confeccionadas e consequentemente um maior número de pessoas será atendido.
Ao longo dos meses, o grupo “Mantas do Amor” toca os corações de inúmeras pessoas, sejam as beneficiadas com as doações ou mesmo as voluntárias que realizam os trabalhos, afinal os encontros são também uma terapia, para conversarem, trocarem experiências, vivências, alegrias, desabafos.
Enquanto isso, já produziram peças e entregaram para as entidades Mapear, Pevi, Comunidade Presença, Projeto Lucas Tapi e também ao Centro Regional de Nefrologia – para onde vai a maior parte das doações.
“A hemodiálise atende pacientes pela manhã, tarde, noite e de madrugada. Muita gente carente, que especialmente no inverno não tem como se aquecer. Por isso temos feito algumas entregas lá. A necessidade tem sido grande e às vezes nem bem terminamos as mantas, já existem pessoas esperando pela doação”, observa Cecília Bortot.
Ela ressalta que o grupo não tem nenhuma vinculação política partidária, de forma que é aberto a todas as pessoas que queiram participar e contribuir.
Se você deseja ou pode colaborar para o projeto, doações de linhas de lã são sempre bem-vindas e podem ser entregues diretamente ao grupo às quintas-feiras, na Praça Barão do Rio Branco, das 15 às 17 horas. Os contatos também podem ser feitos pelo Instagram @mantas_do_amor_sjrp.