Gazeta Do Rio Pardo

Presidente da ACI diz que as decisões do governo estadual prejudicam municípios menores

Paulo Olivieri, presidente da ACI: ‘Cidades menores não têm metrôs e nem favelas”

Paulo Olivieri diz que há uma reunião agendada por comerciantes com o Comitê de Crise para o dia 13 de maio

O presidente da Associação Comercial e Industrial de São José do Rio Pardo, Paulo Cesar Olivieri, lamenta que as decisões do governo do Estado estejam “politizando a realidade dos municípios com a baixa curva de contaminação” e, mesmo assim, “adotando o mesmo critério de São Paulo, por exemplo, com metrôs, favelas, carnaval etc”. Para ele, “neste ritmo imposto até o momento, para chegar a 100% de segurança, somente sairemos do isolamento quando iniciarmos uma vacinação coletiva”.

Paulo diz que a permissão de funcionamento  apenas para as empresas consideradas essenciais, e mesmo assim sob critérios limitados, não atende às expectativas dos comerciantes, que terão que continuar se superando e reinventando no exercício de suas atividades. “É claro que (as decisões do governo estadual) não suprem a real necessidade da categoria e sabemos que a cada dia de paralisação traz prejuízos e, infelizmente, consequências catastróficas no aspecto econômico e equilíbrio social no tocante aos empregos e carência no atendimento aos consumidores”, lamentou.

O presidente da ACI é da opinião que o Dias das Mães, pela influência que exerce nas vendas do comércio em geral, deveria ter sido prorrogado. “Assim a aquisição dos presentes pela população deveria acompanhar a reabertura progressiva do comércio em geral, pois é importante gastarmos no comércio da cidade para mantermos empregos e a estabilidade do nosso município”, observou.

Demissões

Indagado pelo jornal sobre quantas pessoas teriam sido demitidas até agora no município com a crise da Covid, Paulo explica que cabe ao Ministério do Trabalho passar tal informação. Ele contatou o Ministério, mas tudo o que recebeu foi um link para acesso ao site, mas com informações muito genéricas.

“O link, porém, não traz informação de solicitação de seguro desemprego por município e, quando o Ministério do Trabalho divulgar a quantidade, entendo ser um número de demissões superficiais, mesmo porque o número declarado por este órgão infelizmente não se sustentará pós-pandemia”.

“Sabemos que as medidas tomadas pela governança federal estão mantendo nas empresas os trabalhadores, com pagamentos parciais de seus vencimentos. E na volta das atividades do comércio, serviços e indústrias, estes pagamentos cessarão por parte do governo. E digo mais, vencerão também os impostos que foram prorrogados e as empresas precisaram manter os colaboradores pelo tempo da estabilidade do plano”.

“As empresas já precisaram manter as despesas correntes no período da paralisação e estão usando o pouco do capital de giro que ainda tinham. Infelizmente, neste aspecto, podem ficar sem fôlego financeiro para a lenta volta da retomada das atividades”. 

Pela flexibilização

Sobre os insistentes pedidos dos comerciantes pela flexibilização do comércio nos encontros em que são representados pela ACI no Comitê de Crise, Paulo comentou que “já foram protocolados vários ofícios ao prefeito e ao governador”.

“O que sinto é um sistema de governança por parte dos governos Federal, Estadual, Municipal e STF sem o menor critério com relação às cidades menores da região, principalmente com relação às que têm curva de contaminação baixa. Elas são penalizadas com a paralisação, da mesma forma que as de outras regiões (cidades) com curva de contaminação alta”, afirmou.

“Os profissionais da saúde, até por ética da profissão, se colocam na posição do isolamento horizontal e não ponderam a área econômica, que trará desespero da não subsistência familiar pós-crise, por parte do grande número de desempregados pós-pandemia. Isso sem contar que mais de 600 mil pequenas empresas fecharam as portas por conta do Covid-19”, observou.

Reunião no dia 13

Paulo revela que, na última reunião do Comitê de Crise que a ACI participou, ficou pactuado uma próxima com representantes do comércio, serviços, indústria, da saúde, representante do Sincopar, Sindicato dos Empregados, Promotoria e outros setores.

“Nesta união de forças vamos aprimorar uma cartilha, que eu e o Henrique Ventura já começamos a idealizar, com todas as possíveis normas e regras para que todos os empresários possam seguir e dizer não à contaminação e à disseminação da covid-19. Reunião que está agendada para o dia 13 de maio, com uso de máscara, álcool em gel, distanciamento para os participantes. Estes vão questionar e aprimorar a eficácia das regras e normas regidas pela cartilha de retomada das atividades, na modalidade a ser definida pelas representatividades. E, é claro, manter o isolamento vertical necessário”.

Decisões de João Dória

Ao final da entrevista, Paulo Olivieri fez o seguinte comentário sobre a forma como as decisões vêm sendo tomadas no Brasil: “Na ordem de grandezas os poderes são federal, estadual, municipal, mas isso foi mudado pelo STF no combate à Covid-19. Na minha ótica, mesmo eu não sendo da área jurídica, tenho esta percepção, entendendo que o STF tirou a legitimidade da hierarquia do governo federal para atuar nesta área, e determinou que prefeitos e governadores pudessem editar decretos, medidas reguladoras. O governador agora é primeiro na hierarquia dos decretos e normas, sendo que os prefeitos, que têm conhecimento e sabem das condições da saúde, de leitos de atendimento do município, somente podem agravar as medidas do decreto estadual e nunca flexibilizar”.