Encontro realizado em São José mostrou a expansão do setor em diferentes áreas
As oportunidades para consumidores e investidores adentrarem ao mercado da energia renovável esteve na pauta do encontro “Energia, Questão de Oportunidade”, promovido na noite de terça-feira, 4 de abril, em São José do Rio Pardo. Com participação de empreendedores do setor e presença de estudantes, profissionais da área e outros interessados, a ação foi promovida pelo Grupo Amigos do Rio Pardo.
A temática sobre energia renovável, dá sequência às iniciativas do grupo em propor discussões e pensar em soluções sustentáveis e ambientalmente relevantes para o desenvolvimento da cidade. Em 2020, a primeira proposta tratou da questão dos resíduos sólidos, como destinação, tratamento, reciclagem e aproveitamento do lixo, inclusive como matriz energética.
O assunto é abordado em um momento singular pelo qual o país atravessa, quando 90% da energia produzida advém de fontes renováveis, como eólica, solar e hidráulica, conforme o último levantamento divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, em 30 de março.
Para onde vão os resíduos desses sistemas? Como dar manutenção nas placas fotovoltaicas? O que fazer com as baterias dos veículos elétricos? Onde buscar soluções? Assim, o evento realizado em São José teve o objetivo de responder a estas e a outras questões do gênero.
Portfólio de oportunidades
Tiago Brasil Rocha, da Greentech Business, empresa do segmento de marketplace de startups de tecnologia. “Desde 2019, começamos a ver que existem muitos investidores interessados no tema globalmente. Em todos os continentes tem acontecido de investidores buscarem tecnologias que gerem impacto positivo”, disse, explicando que o seu papel é mostrar as tecnologias existentes para várias demandas relacionadas à sustentabilidade.
“Temos uma plataforma global e um fundo anjo, lançado no ano passado. Já apresentamos 75 empreendedores para o público. Pessoas que têm tecnologias interessantíssimas, mas que às vezes buscam campo para aplicar”, completou.
Em São João
Outra participante, Bruna Dias, sócia da empresa Energy Source, apresentou o trabalho da empresa que está sediada em São João da Boa Vista, atendendo grandes montadoras como Renalt, Toyota, BMW, Audi, Samsung, Apple, entre outras. Fundada em 2016, a empresa se expandiu com o avanço do sistema de veículos elétricos, atuando na recuperação de baterias veiculares.
Quando começou, segundo ela, a missão era fazer uma bateria de lítio de baixo custo, o que permitiu criar baterias para armazenamento de energia, por meio do reuso e reciclagem. O processo levou à criação de estações de carregamento para carros elétricos, o que chamou a atenção da BMW. E hoje a empresa faz a logística reversa das baterias da marca BMW. Depois vieram Renault, Audi, Jaguar, Volvo. “Não tem quem faça. Somos os únicos aqui no Brasil”.
Futuro parque em São José
O empresário Milton Assis, da Yellow Energia Solar, falou da trajetória da empresa, no mercado de geração de energia. Disse que no início foi em busca de clientes tentando despertar o interesse pela energia renovável. “Mesmo as empresas grandes não sabiam direito como funcionavam as normas”. Segundo ele, o tema ainda é visto com certa resistência pelas concessionárias de energia, que enxergam no sistema da geração própria uma forma de concorrência.
A empresa está projetando para São José do Rio Pardo a instalação de um parque de geração de energia fotovoltaica. Os detalhes ainda estão sendo definidos, inclusive esperando desenrolar os entraves burocráticos. A montagem deve ocorrer em área da Fazenda W3.
“A gente usou a princípio 10 hectares e fatiou em 9 usinas de 500K”, disse, explicando que o volume projetado de geração é de 9 Gigawatts por ano, considerando a boa insolação da região. A expectativa é de que os investimentos se paguem em 5 anos. Ele disse que o cronograma de entrega ainda espera as aprovações das concessionárias.
Qualidade de vida
Peter Salles Geib, da empresa TESVOLT, e representante da Associação Brasileira de Geração Distribuída e a Câmara de Comércio Brasil Alemanha, falou sobre projetos para armazenamento de energia renovável. Ele destacou que os sistemas permitem o atendimento a comunidades e países carentes, além de propiciar soluções para o carregamento dos carros elétricos e atender a indústria.
Um dado importante que apresentou foi o fato de que, na Amazônia estão as maiores quantidades de geradores de energia movimentados por combustíveis fósseis. “Na Bacia Amazônica emite-se mais CO2, gases poluentes, do que na capital de São Paulo. O pulmão do mundo sendo poluído por geradores a Diesel. É necessário investir em fonte de energia renovável e otimizar, utilizando, por exemplo, baterias”, alertou, observando que nas comunidades remotas, a disponibilização de sistemas com essa tecnologia, contribui para melhor qualidade de vida da população.
Peter Geib destacou a relevância e importância do evento, observando que as soluções abordadas, devem ser devidamente administradas, para que gerem o impacto desejado. “É muito importante que esse evento tenha apresentado isso para a comunidade de São José do Rio Pardo. Que seja o primeiro de muitos para levar o importante conhecimento sobre essas tecnologias e soluções energéticas para todo o interior paulista e para todo o Brasil”.