Após dez dias sem registrar óbito por Covid, munícipe de 72 anos morre em decorrência da doença
Na última quinta-feira (17), o município registrou 93 casos de Covid-19 em 24 horas. Até sexta-feira, a UTI estava com 100% de sua capacidade de lotação, enquanto a enfermaria tinha 12 pessoas internadas em decorrência da doença, e 29 novos casos. A cidade permaneceu cerca de 10 dias sem óbitos por Covid, mas no dia 17, registrou a morte de uma pessoa de 72 anos, por complicações da doença. Apesar disso, os números de novos casos e internações, continuam preocupantes. O médico Eliezer Gusmão, diretor técnico da Santa Casa, comentou o cenário do município referente aos dados da pandemia.
Um novo boletim epidemiológico só será divulgado hoje (21) a tarde.
Gravidade dos casos
“Os casos continuam aumentando porque temos um alto número de pessoas infectadas na sociedade, então não tem como ficar livre de entrar em contato com o vírus. O número está alto, mas estável. A gravidade dos casos tem sido menor de acordo com a faixa etária. No momento, os mais acometidos, são os mais jovens, que ainda não foram vacinados. Na UTI Covid, só temos pessoas com idade inferior a 60 anos. O número de mortes também diminuiu, porque são os mais jovens que estão pegando a doença, eles tem mais resistência, no entanto, estão aparecendo casos complicados”, informou.
Eliezer ressaltou a importância da busca por atendimento médico logo no início dos sintomas. A resistência em buscar tratamento, pode piorar o quadro da doença. “Há relatos de que os jovens estão chegando ao hospital com agravamento. O problema é que eles estão relaxados, não acreditam muito que podem ter um quadro grave. Temos percebido que a maioria desses pacientes que já chegam mais graves no Pronto Socorro, arrastam quase duas semanas de quadro inflamatório. Postergam o tratamento, então acabam chegando mais grave”, relatou.
“É essencial que as pessoas procurem atendimento médico já no início dos sintomas, e façam um acompanhamento, para que o paciente não chegue no Pronto Socorro com falta de ar, em um quadro mais grave”, completou.
Testes rápidos
Na Câmara Municipal, nas últimas semanas, o vereador Paulo Sérgio Rodrigues, com o apoio de outros parlamentares, tem solicitado a Prefeitura a realização de teste para confirmação ou não da doença, logo no início, quando o paciente procura o serviço de saúde. A medida pode ajudar na diminuição da gravidade dos casos.
“Isso seria o ideal. Desde o início da pandemia, obter o resultado dos testes com rapidez tem sido uma dificuldade. Quando os pacientes procuram atendimento com sintomas, eles fazem o teste, no entanto, demora dez dias para sair o resultado. O ideal seria ter um diagnóstico em pelo menos 24 horas, para podermos diferenciar de outras doenças do ponto de vista epidemiológico, e também para poupar problemas aos pacientes. Muitas vezes a pessoa fica dez dias em casa, sem trabalhar, sem poder ter seu sustento, sem saber se está com a doença ou não, e no final o resultado vem negativo. Ou ás vezes, o resultado vem positivo e durante dez dias a pessoa não recebeu o acompanhamento ideal, ou não respeitou corretamente o isolamento por não saber se estava com a doença. Se a Secretaria Municipal de Saúde conseguisse isso, fazer os testes rápidos, seria um grande avanço”, disse o médico.
Aferição de temperatura
A maioria dos estabelecimentos comerciais da cidade tem adotado a aferição da temperatura corporal dos consumidores. Uns utilizam termômetro direcionado à testa e outros usam no pulso. Algumas pessoas relatam diferença nesta aferição. Eliezer explicou a questão.
“Esses termômetros tem uma acurácia muito boa, mas precisam ser usados na distância certa, e dar um tempo de 5 a 10 segundos para que ele consiga fazer a leitura correta. Mas pode ser em qualquer parte do corpo”, informou.
Falta de reação após tomar vacina
Algumas pessoas questionam o fato de não terem reação após a aplicação da vacina contra a Covid-19, e temem ser por ineficácia. Eliezer desmistificou a questão. “Cada pessoa tem uma sensibilidade diferente. Ter reação ou não, não significa que a vacina não terá efeito. Tem pessoas que tomam um remédio comum, e passam mal, outras não. Isso é variável de cada pessoa. As pessoas podem ter dor no local da aplicação, vermelhidão, um pouco de febre, dor no corpo, diarreia. Isso não significa que a pessoa terá algo ruim. Ela tem efeito do mesmo jeito”.
Uso de máscara
Nos Estados Unidos, com boa parte da população vacinada, as máscaras somente são obrigatórias em espaços fechados. Da mesma forma, em Israel, com o avanço da vacinação, o uso das máscaras também passou a ser opcional. Segundo Eliezer, para que o Brasil conquiste a desobrigação do uso das máscaras, precisa ter pelo menos 80 milhões de pessoas vacinadas. “Precisamos ter no mínimo metade da população imunizada para que as máscaras se tornem opcionais. Nos EUA, quase 50% da população já está imunizada. Alguns estados estão mais adiantados, outros não. Lá cada estado tem sua autonomia, então alguns já estão liberando o uso das máscaras”, encerrou.