Segundo a Prefeitura, mudança se deu em razão de processo licitatório do Ministério da Saúde
Um grupo de pessoas portadoras de diabetes, que fazem uso contínuo de insulina para controle do diabetes, tem se preocupado com o assunto depois que a Farmácia de Alto Custo da Secretaria Municipal de Saúde anunciou uma mudança no fornecimento do medicamento. De acordo com o apurado pela reportagem, o Estado vai deixar de fornecer insulina asparte e substituirá por glulisina, o que gerou desconfiança quanto à eficácia do medicamento, principalmente por parte de duas mães de crianças que recebem o insumo.
A insulina asparte é um tipo específico para quem tem que aplicar o remédio várias vezes ao dia. Sem o medicamento, o usuário pode passar mal e correr riscos.
Uma das mães ouvidas pela reportagem – que pediu para não ser identificada – diz que o filho faz uso da insulina asparte há vários anos, o que garante estabilidade e boa condição de saúde até aqui. Conforme explicou, a médica da criança é contra a mudança do tipo de medicamento, mas a Farmácia de Alto Custo exige a mudança da receita para o novo tipo a ser fornecido.
“A farmácia disse que vai mudar as insulinas, mas a endócrino do meu filho disse que não vai mudar pois não convém para ele. Se não fornecerem, vamos ter que colocar na justiça”, comenta a mãe.
Ela diz que anteriormente pegava na Farmácia de Alto Custo a quantidade suficiente para todo o mês. Agora, isso mudou. Quase toda semana tem que buscar o medicamento. “Vai lá pegar, falam que não tem, que está em falta”, diz.
Ela explica que a última caneta foi recebida na quinta-feira (19), e só daria até este sábado. “Não consigo comprar. Não sei o que vamos fazer”, disse a mãe.
Adaptação
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, não há problema na troca do tipo de medicamento para alguns pacientes. Entretanto, apesar de não interferir no tratamento, nem todos se adaptam à substituição, o que geraria riscos.
As insulinas se apresentam em diferentes tipos. Algumas são de ação rápida, ultra-rápida ou ação intermédia. A velocidade com que agem no organismo pode ser fundamental para evitar crises severas. Além disso, dependendo do tipo, diminui a quantidade de picadas ao longo do dia, o que é benéfico para pacientes mais idosos ou crianças.
Secretaria atribui mudança ao Ministério da Saúde
Gazeta encaminhou email à Prefeitura solicitando informações sobre o assunto.
Em nota, assinada pelo secretário Paulo Boldrin e pela farmacêutica Márcia Helena Costa e Silva, a Secretaria Municipal de Saúde observa que o chamado Alto Custo é convênio entre o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual da Saúde, com medicação dispensada (fornecida) pela DRS e que, ao município, cabe cumprir os protocolos.
Informou ainda que a Insulina Asparte, Glulisina e Lispro são equivalentes em termos terapêuticos e agem no organismo de 5 a 15 minutos após aplicação, com pico de 1 a 2 horas e duração de 3 a 4 horas.
Diz ainda que a mudança entre Asparte e Glulisina ocorreu por conta da licitação realizada pelo Ministério da Saúde – que é quem fornece o medicamento ao município. A nota afirma que “não há evidências que impossibilitem a transição do paciente pelo uso de um dos análogos de insulina de ação rápida (Lispro/Asparte e Glulisina)”.
Ainda de acordo com a Secretaria de Saúde, 11 crianças com idades entre 5 e 14 anos estão cadastradas no serviço de Alto Custo e fazem uso de insulina no município. Há ainda outras 32 pessoas, entre 15 e 80 anos, que utilizam os produtos.
A nota diz ainda que não houve mudança no calendário de entrega dos medicamentos e que o fracionamento se deu para que não falta aos usuários.
“Hoje, o programa conta com 43 pacientes que utilizam em seu total 155 canetas. Não foi possível a compra imediata de 155 canetas, por essa razão, a Farmácia estaria disponibilizando semanalmente ou a cada 10 dias as canetas para seus pacientes, a fim de que todos recebam conforme disponibilidade”, completa a nota.