Gazeta Do Rio Pardo

Morte do menino por picada de escorpião traz alerta da Zoonoses

“É uma dor terrível, muito forte no local da picada, e vai atingindo outras partes do corpo”, diz Luís

Na terça-feira, dia 29, um menino de 12 anos – Vitor Daniel Spindola Borges –  morador de Casa Branca, faleceu após ser picado por um escorpião em uma ciclovia, na manhã do domingo, dia 27. Ele foi transferido para o hospital São Vicente, em São José do Rio Pardo porque não havia soro na unidade de saúde de Casa Branca, e depois para Sertãozinho, para ser internado na UTI do Hospital São Francisco, onde faleceu.

O repórter Luis Fernando Benedito foi até o Centro de Controle de Zoonoses de São José do Rio Pardo para conversar sobre o assunto com Luís Fernando de Andrade Dias Nogueira, chefe do serviço.

“No estado de São Paulo, o principal causador de acidentes, é o escorpião amarelo. Ele tem uma grande facilidade de se reproduzir, e faz isso rapidamente. Os escorpiões tem um hábito noturno. É durante a noite que eles saem para procurar o principal alimento deles, que é a barata. No decorrer do dia ele fica escondido em abrigos onde não tem claridade, como telhas, tijolos, madeiras, sapatos, eles gostam de se esconder onde não há luz. É comum encontra-los em esgoto também, porque é principalmente neste local que ficam as baratas”, informa.

“O escorpião já nasce com o veneno, independentemente do tamanho e idade. O veneno dele oferece um grande risco a crianças de até 8 anos de idade, devido a imunidade ser mais baixa.  Pessoas com problemas cardíacos e idosos, correm mais risco também”, afirma Luís.

Não existe veneno

“Eu estive recentemente no Instituto Butantan e novamente vou reforçar, que fazer pulverização não resolve o problema. Não existe um veneno específico para matar escorpiões. Se você não conseguir jogar em cima deles, eles não morrem. Eles possuem um sensor, e qualquer cheiro forte que sentem, faz com que se escondam em outros locais. Precisamos prevenir. É o melhor meio de evitar que o escorpião vá para sua casa”, destaca.

Prevenção

Segundo Luís, é importante colocar telinha nos ralos, e evitar acumular materiais que possam ser descartados, como tijolo, telha, madeira e qualquer tipo de lixo.

“Fazemos um trabalho em pontos estratégicos, como borracharias e depósitos de ferro velho. Nossos agentes sempre passam a orientação para que esses criadouros sempre sejam checados. O dono do estabelecimento deve colocar luva, usar proteções, e sempre trocar as coisas de lugar”.

Predadores

As galinhas e gambás são predadores naturais dos escorpiões.

Ações

“Se alguém se deparar com um escorpião, deve ligar no Centro de Controle de Zoonoses, que uma equipe será disponibilizada para fazer os devidos procedimentos”, explica o chefe do serviço.

Em caso de picadas

“Se alguém for picado, deve procurar imediatamente o Pronto Socorro. Não existe nenhum remédio eficaz. A pessoa deve lavar o local com água corrente e sabão, elevar o membro que foi picado e ir direto para o hospital. Nesse caso de Casa Branca, o menino foi picado de manhã e chegou no hospital de São José para tomar o soro, a noite. Isso não pode acontecer, precisa ser imediato”, relembra.

Dor

Um dos principais sintomas da picada do escorpião é a dor. “É uma dor terrível, muito forte no local da picada, e vai atingindo outras partes do corpo”, instrui.

Terrenos e entulhos

“Se tiver algum terreno baldio com entulhos, próximo à casa da pessoa, ela pode entrar em contato com o setor de fiscalização da Prefeitura Municipal para que sejam tomadas as devidas providências”, encerra Luís.

Luís Fernando de Andrade Dias Nogueira, chefe do serviço do Centro de Controle de Zoonoses

Dicas preventivas para evitar as mortes por envenenamento

Os animais peçonhentos, como os escorpiões, aranhas e lagartas, estão cada vez mais presentes no meio urbano, adaptados ao ambiente do homem devido ao crescimento acelerado dos grandes centros. Por isso, é preciso que toda a população, inclusive das grandes cidades, saiba quais medidas adotar para evitar acidentes e mortes por envenenamento. As informações a seguir são do Ministério da Saúde.

O período atual, de novembro a março, exige maior cuidado em relação aos acidentes com escorpiões, pois o clima úmido e quente é ideal para o aparecimento destes animais, que se abrigam em esgotos e entulhos. Os escorpiões que habitam o meio urbano se alimentam principalmente de baratas, portanto são comuns também em locais próximos a áreas com acúmulo de lixo. A adoção de hábitos simples é fundamental para prevenir acidentes.

No ambiente urbano, para evitar a entrada dos escorpiões nas casas e apartamentos, a recomendação é de usar telas em ralos de chão, pias e tanques, além de vedar as frestas nas paredes e colocar soleiras nas portas. Outra medida é afastar as camas e berços das paredes, e ainda vistoriar as roupas e calçados antes de usá-los.

Nas áreas externas, as principais dicas são manter jardins e quintais livres de entulhos, folhas secas e lixo doméstico. Também é importante manter todo o lixo da residência em sacos plásticos bem fechados para evitar baratas, que servem de alimento e, portanto, atraem os escorpiões. Nas casas que possuem gramado, ele deve ser mantido aparado. Outra recomendação é não colocar a mão em buracos, embaixo de pedras ou em troncos apodrecidos e usar luvas e botas de raspas de couro para realizar atividades que representem certo risco, como manusear entulhos e materiais de construção, e nas atividades de jardinagem.

Nas áreas rurais, além de todas essas medidas, é essencial preservar os inimigos naturais dos escorpiões, como lagartos, sapos e as aves de hábitos noturnos, como a coruja. Estes são os principais predadores dos escorpiões.