Marketing 4.0 foi um dos destaques do JONN
Erick Mardonado fez a palestra sobre o assunto, citando vários aspectos atuais
Um dos destaques do 2º JONN – Jornada de Oportunidades, Negócios e Networking, realizada em São João da Boa Vista no início do mês, foi Erick Mardonado. Professor universitário, empresário e consultor, Erick fez uma palestra aos participantes do JONN sobre Marketing 4.0.
Lembrou inicialmente que o Marketing 1.0 começou na Revolução Industrial e o foco era o produto. Depois veio o Marketing 2.0, que é digital e de informação. Em seguida surgiu o Marketing 3.0, em 2005, voltado ao relacionamento e envolvimento humano, não mais apenas às vendas em si. Agora, de 2015 para cá, apareceu o Marketing 4.0.
“O Marketing 4.0 trabalha não somente no cliente de forma personalizada, mas incluindo-o de forma a perceber que há diferenças. Chamamos essas diferenças de tribos pois temos de lidar agora com as diferenças entre os clientes e devo atende-los de tal forma que enxerguemos como eles de fato se sentem influenciados”, explicou. “A gente leva em consideração quais são os grupos que influenciam o cliente”.
Por conta disso, Erick explica que a conectividade mudou totalmente e isso ocorreu pelo chamado “efeito google”: o cliente vai ao google e pesquisa tudo sobre a empresa que está negociando com ele. E mais: o lado social é agora muito forte. “Quando as pessoas pensam sobre você e sua empresa ou sua marca, o que pensam? Muitas vezes penso somente em vender meu produto ou minha marca, mas não mensuro o que estão falando de mim. Cada vez mais as empresas estão necessitando monitorar isso”, alertou.
“Marketing 4.0 é aceitar a conectividade como sendo algo real e que eu tenho que encarar essa realidade. Fui prestar recentemente uma consultoria numa empresa que tinha uma cliente com uma insatisfação muito grande contra ela, postada em rede social. Que fazer numa situação assim? Excluir essa cliente? Não, mas entende-la e estender-lhe o tapete para saber o que gerou essa insatisfação para corrigir. Em quem você acredita mais? Naquele que fala mal de você, mas lhe dá oportunidade para se acertar, ou no que fala pelas costas? Obviamente, no que fala pela frente. Então, o cliente hoje, conectado, tem muito mais vontade de se expressar e tem naturalmente que ser ouvido”.
Neuromarketing
Outra informação transmitida por Erick Mardonado é que o Marketing 4.0 trabalha muito com o neuromarketing. Explicou a importância de usar palavras poderosas que influenciem o inconsciente das pessoas.
Além disso, as empresas precisam ainda trabalhar com a impulsividade dos clientes, estando conectadas e se relacionando com eles. Isso implica na indagação de como as empresas lidam com a rede social de seus próprios negócios, sendo essencial perceber que não se pode mais esperar apenas os telefonemas.
Uma pergunta que Erick sugeriu que seja feita sempre: quais os influenciadores do produto ou serviço de sua empresa? A resposta, segundo ele, afetará a demanda. “Monitorar o humor do seu cliente é extremamente importante. Isso pode ser feito pela pesquisa de satisfação do cliente, mas aí entra a pergunta: você tem o hábito de ligar para seu cliente alguns dias ou semanas após a venda? Ou o contatará apenas quando você novamente precisar bater metas? Ninguém mais é bobo. Eu me relaciono com alguém que, de fato, espera que haja uma afetividade envolvida. Hoje a fidelidade está relacionada a isso, à questão do afeto”.
Gamificação
Gamificação foi outro assunto abordado na palestra. Erick explicou que isso tem a ver com pontuações que o cliente ganha quando compra produtos ou serviços de determinadas empresas, havendo hoje inúmeras empresas que, mediante aplicativos, trabalham assim.
“A ideia é atrair o consumidor, gerar curiosidade, gerar compromisso com ele e trabalhar a afetividade, gerando assim recompensas no consumo”, sintetizou.
Story Telling
Outro conceito do Marketing 4.0 é a Story Telling, ou seja, como se posiciona uma marca ou produto na mesa do consumidor. O resultado, segundo Erick, pode até surpreender: o cliente pode passar a falar da empresa de uma forma maior do que ela realmente é.
“Mas vender uma boa história tem a ver com transparência porque mentira não funciona mais. Marketing não mente mais. As pessoas estão carentes (de coisas verdadeiras), portanto é preciso gerar significado e gerar um valor real na vida do consumidor. Hoje eu não quero mais produto, quero afetividade, conexão”, concluiu.
Mar calmo nunca fez bom marinheiro: o que aprendi sobre superar a crise
Passei parte da minha infância na tranquila Laguna, uma cidade litorânea a cerca de 120 quilômetros de Florianópolis. A hoje aprazível Laguna já foi palco de importantes batalhas e teve em sua habitante mais famosa, Anita Garibaldi, um símbolo pela luta e independência de seu povo.
Uma das lembranças mais vivas que tenho da cidade é de uma frase na parede central de um velho estaleiro, em que se lia gravado “Mar calmo nunca fez bom marinheiro”.
Nestes últimos meses de incerteza no mercado, e sobretudo de algumas tempestades e mar revolto, as memórias da infância e a metáfora do aprendizado no mar voltaram mais vivas do que nunca.
Tanto no mar quanto na vida de um empreendedor o planejamento da jornada é fundamental. Entretanto estar preparado para as adversidades e mudanças de rota é o que torna você diferente. Agir com velocidade, tomar as decisões corretas — sobretudo na pressão dos acontecimentos —, o cuidado na escolha da tripulação e a delegação correta das atividades são fundamentais em momentos de dólar descontrolado, inflação em alta e muita incerteza e pessimismo.
Foco no destino, ou no norte, também é condição essencial para a trajetória dar certo. Entendo que, muitas vezes, em razão dos inevitáveis desvios, não chegaremos exatamente onde havíamos planejado. Porém, ao perceber as variáveis, podemos diminuir a incerteza e nos aproximarmos do alvo desenhado.
As mudanças significativas da política econômica brasileira, que abandonou a visão mais ortodoxa para um caminho de maior intervenção do Estado, linha muitas vezes pautada no assistencialismo e no estímulo excessivo ao consumo, somados à instabilidade internacional, são a representação da tempestade que nos assombra nos últimos meses e segue sem previsão de calmaria.
Ao contrário do navio estatal, inoperante, lento e carcomido, o empreendedor brasileiro segue remando uma vez e navegando outras, mas sempre enfrentando as adversidades do tempo, sempre superando a crise do dia.
Por falar em crise, na vasta coleção de usos que o Aurélio traz do verbete, ele define crise em economia da seguinte maneira: ponto de transição entre uma época de prosperidade e outra de depressão; em sentido mais geral, crise é o que sabemos: fase difícil, grave, na evolução das coisas, dos sentimentos, dos fatos; colapso.
Chamo atenção para a primeira definição: ponto de transição. Voltando para a frase na parede do velho estaleiro, não há melhor maneira de formar bons navegantes que enfrentar o mar revolto. É em tempos como este que muitas empresas e empreendedores se reinventam. Em meio as maiores tempestades é que conseguimos realizar coisas extraordinárias. Foi sempre assim.
É comum identificar colaboradores temerosos com a crise, mas sem iniciativa para superá-la. Infelizmente — ou felizmente — não há espaço para todos. Mas invariavelmente é nessas condições que encontramos os capitães do futuro, que vão nos ajudar e, possivelmente, navegar conosco nas próximas jornadas.
A mudança começa no exato momento em que decidimos agir sobre as adversidades, encontrando de maneira criativa novas rotas para o nosso negócio. Portanto, tome o leme da sua vida. Saiba que os ventos estão em constante mudança… sempre.
Autor: Samuel Leite, proprietário da agência Digitale e diretor da Associação dos Profissionais de Propaganda – APP Campinas