Gazeta Do Rio Pardo

Maioria dos pacientes da rede pública vai ao dentista só quando está com dor

“O ideal é procurar atendimento no mínimo de seis em seis meses”, disse a coordenadora do Centro Odontológico  

No domingo, dia 25 de outubro, foi comemorado o Dia Nacional do Dentista. Foi justamente nesta data, em 1884, que o decreto 9.311, que criou os primeiros cursos de graduação de odontologia no Brasil, no Rio de Janeiro e na Bahia, foi assinado. Uma portaria do Conselho Federal de Odontologia tornou a data oficial para a comemoração do Dia do Dentista Brasileiro.

Andrea Maria Acerbi Caram Fernandes, coordenadora do Centro Odontológico, Ricardo Bonfante, dentista do ESF do Vale do Redentor e Michael Jhonata de Lima, dentista que atua no ESF Carlos Cassucci, foram entrevistados pelo repórter Luis Fernando Benedito, durante o “Jornal do Meio Dia”, na rádio Difusora.

Andrea começou a entrevista falando sobre a importância do profissional para a sociedade.

“Os dentistas são importantes desde que o mundo é mundo. Os faraós não apareciam sem dentes diante da população. Desde aquela época existem múmias com os dentes amarrados, eles faziam amarrilhos de ouro para encaixar. Arrancavam os dentes dos escravos para doar aos faraós. Desde o início o sorriso é importante. Artistas, políticos, todos que aparecem mais, tem um cuidado diferenciado com o sorriso”, contou.

   “Temos a questão da saúde principalmente, porque doenças bucais são uma porta de entrada para várias doenças sistêmicas, difíceis de serem controladas, algumas infecções dentárias podem até levar a pessoa a óbito. O dentista tem uma grande importância para a sociedade”, afirmou.

  Ricardo disse que as pessoas precisam começar a pensar mais nos dentistas como um elemento na saúde.

     “Temos sempre que pensar no paciente por completo, e também estamos inclusos para tratar doenças sistêmicas. Tendo em vista que temos a participação dos dentistas no ESF, não apenas a questão estética, mas todo o desenvolvimento desde o começo, acompanhamos gestantes, mulheres no puerpério, crianças. Isso garante uma longevidade melhor para a dentição das pessoas e para a saúde em geral”, explicou.

Atendimentos urgentes


Dr. Michael, dra. Andrea e dr. Ricardo na Difusora: o ideal é frequentar o dentista pelo menos de seis em seis meses

Segundo Andrea, as unidades municipais de saúde estão aguardando orientações do Ministério da Saúde  para voltar a atender consultas eletivas no Centro Odontológico e no ESF. “A normatização hoje é para atendimentos apenas de urgência. Os atendimentos eletivos, de restauração, obturação, ainda não. As normatizações para atendimento com o uso do alta rotação, que é o motorzinho, ainda está muito restrito. A recomendação é que quando o motorzinho for usado, a sala precisa ficar fechada até duas horas antes que se efetue uma limpeza, devemos esperar esse tempo para que a equipe da limpeza possa entrar na sala. O motorzinho desprende aquele spray, que vai até um metro e meio de distância e fica disperso no ar, podendo contaminar outras pessoas. Realizar isso é inviável em um atendimento de rotina”, informou.

“O dentista é o profissional que mais se expõe ao risco de contaminação, e os nossos pacientes estão mais expostos ainda. Por enquanto não é muito seguro fazer o atendimento com o uso do motorzinho”, disse Andrea.

Próteses dentárias

De acordo com a coordenadora, os ESF estão retornando com atendimentos para colocação de próteses.

 “Os pacientes idosos que estão precisando de dentadura, podem procurar as unidades de saúde. Estamos atendendo no ESF do Cassucci, Vale do Redentor, Domingos de Syllos, e esse mês vamos começar o atendimento no bairro São José. Pretendemos entregar 113 próteses até o fim do ano”, revelou.

ESF

De acordo com Ricardo, o atendimento dentro da ESF é básico. “No atendimento fora da pandemia, trabalhamos com raspagem, limpeza, extração simples, restauração, entre outras pequenas intervenções”, relembrou.

Escovação

Existe um consenso comercial de que as pessoas precisam escovar os dentes pelo menos três vezes ao dia. Mas esse consenso vem pela média da população brasileira de que ela faz o café da manhã, o almoço e o jantar. Mas na verdade a escovação tem uma certa individualidade. Não sabemos a forma como a pessoa faz sua higienização. Dependendo do caso, a pessoa vai receber uma orientação de que ela pode escovar mais ou menos. Depende do tipo de alimento que ela come, do estilo de vida que ela leva”, explicou Michael.

Segundo ele, as escovas dentais são melhores selecionadas quando tem a cabeça pequena, uma maior quantidade de cerdas e devem ser macias. “Dessa forma é possível escovar os últimos dentes, e a cerda macia é para conseguir fazer a limpeza da gengiva. As escovas mais duras são indicadas para higiene de aparelhos e próteses, que não fazem parte do corpo”, completou.

Michael informou que hoje em dia, todas as empresas fabricam os cremes dentais com aquilo que devem possuir – flúor, abrasivos e detergentes.

Alimentos que mancham

O dentista Ricardo explicou que o café e os refrigerantes à base de cola mancham os dentes, mas não definitivamente. “Conseguimos recuperar a cor com alguns tratamentos clareadores, com produtos químicos, que conseguem degradar os pigmentos que acabam aderindo a superfície do esmalte”, disse.

Procura na rede pública

“Na rede pública as pessoas costumam procurar mais o dentista quando tem dor. Infelizmente elas buscam mais o tratamento curativo, dificilmente buscam o preventivo”, destaca Andrea.

  Segundo ela, as pessoas que tem um índice de cárie muito grande, que são aquelas que vivem tendo restaurações infiltradas, e também as gestantes, devem ir mensalmente ao dentista.  “Em outros casos, o ideal é frequentar o dentista pelo menos de seis em seis meses”, orientou.

Os dentistas encerraram dizendo que o café e os bolos, possuem muito açúcar, e que são grandes vilões quando consumidos com frequência.