Gazeta Do Rio Pardo

Hérnia: um problema que afeta milhares de pessoas

Dr. Eliezer Gusmão

Condição não possui tratamento medicamentoso, apenas cirúrgico

Problema muito comum na população em geral, as hérnias de diversos tipos afetam aproximadamente 2 milhões de pessoas por ano no Brasil. Os dados estimados foram publicados pelo Hospital Israelita Albert Einstein. O médico cirurgião do aparelho digestivo, Eliezer Gusmão, que lida diretamente com esse problema de forma rotineira em São José do Rio Pardo, concedeu uma entrevista ao Jornal do Meio Dia, da Rádio Difusora nessa sexta-feira, e explicou o que são as hérnias, quais os tipos, e falou sobre a necessidade de procedimento cirúrgico em alguns casos.

Hérnias

As hérnias ocorrem por deslocamento de um órgão ou tecido, por meio de uma abertura anormal que geralmente envolve o estômago ou o intestino, mas pode surgir em outros locais do corpo.

“É uma situação da qual um conteúdo ou um órgão de qualquer local do corpo, está fora de posição. Por exemplo, se rompe a parede abdominal, a musculatura que contém os órgãos, nessa ruptura tem a tendência de sair algum órgão. Na grande maioria das vezes, são as alças intestinais que saem”, completou.

Tipos

Existem vários tipos de hérnias. As mais comuns, segundo Eliezer, são hérnias de hiato, que é interna no esôfago ou no estomago, hérnias diafragmáticas, as inguinais, hérnias perineais e incisionais.

“Cada tipo de hérnia provoca sintomas e um desconforto diferente. Varia muito pelo tipo, tamanho, e também do órgão. Entre todas elas, as mais comuns são as inguinais, que é mais prevalente no homem do que na mulher. Depois temos as umbilicais e epigástricas que são na região do estômago, elas também são bem comuns”, afirmou.

Cirurgia

O médico explicou que não existe tratamento medicamentoso para hérnia, apenas para aliviar a dor, se for o caso. “Os tratamentos para as hérnias sempre são cirúrgicos, o que não quer dizer que toda pessoa que tem hérnia precisa operar, se for uma hérnia pequena, de hiato, por exemplo, a pessoa pode conviver normalmente”, informou.

Um dos riscos causados pelo problema, é o estrangulamento de hérnia, condição onde o conteúdo do saco herniado fica preso e tem sua vascularização interrompida, e com isso, configura-se uma emergência médica grave com necessidade de intervenção cirúrgica em 24 horas ou até menos, caso contrário, pode levar o portador óbito.

“Isso é muito raro, quando acontece um estrangulamento temos um tempo hábil para fazer a cirurgia. Por isso o aconselhável quando se tem uma hérnia é operar. Mas dependendo da hérnia, é possível sim viver com ela sem fazer a cirurgia. No passado, algumas pessoas morriam por estrangulamento de hérnia, hoje em dia é bem raro”, contou.

Causas

Eliezer explicou que algumas hérnias são hereditárias, sendo essas mais comuns em crianças- como umbilicais e diafragmáticas. “Muitas vezes a criança já nasce com uma falha no diafragma e o conteúdo está dentro do tórax”, afirmou.

“Muitas hérnias evoluem com o tempo, depende da profissão da pessoa, do esforço que ela faz no dia a dia, se tiver fraqueza nos músculos e a pessoa fizer um esforço, eles podem romper e formar a hérnia”, observou.

No caso de hérnias abdominais, o esforço contínuo, o aumento da pressão intra abdominal, que pode ocorrer quando a pessoa engorda, acaba acumulando gordura em excesso no abdômen, o que favorece o rompimento do músculo e aparecimento do problema.

Diagnóstico

O médico explicou que quando a hérnia aparece, no caso de um músculo que se rompe, por exemplo, a pessoa pode sentir dor. “Com o passar dos dias, começa a aparecer um nódulo que pode ir aumentando progressivamente e a pessoa consegue perceber. O próprio paciente faz o diagnóstico da hérnia na maioria das vezes. Para o médico é muito simples, é só fazer o exame físico e já conseguimos saber se é hérnia”, relatou.

Atividades

 Exercícios como corrida, ciclismo e natação podem ser praticados normalmente por quem possui hérnia. Mas atividades como musculação, dependendo do tipo e tamanho da hérnia, ou outras com esforço abdominal podem causar dor e desconforto, além de complicações. O ideal nesses casos, seria corrigir a hérnia cirurgicamente, para após o tempo necessário de recuperação (em torno de 60 dias) retornar as atividades sem risco.

“Por outro lado, a inatividade leva à perda da força muscular, piorando o quadro. Se for uma hérnia umbilical pequena, por exemplo, que não causa dor e não incomoda, a pessoa pode fazer atividade física normalmente. No entanto uma atividade pesada, pode ir aumentando o conteúdo da hérnia, mas as restrições dependem de cada caso”, pontuou. 

Repouso no pós operatório

Eliezer explicou que o repouso no pós operatório de uma hérnia, é fundamental. “É indispensável o repouso em todas essas cirurgias independente da técnica, para que todos aqueles tecidos que foram manipulados façam uma cicatrização bem feita para não ter uma reincidência da hérnia no futuro”, concluiu.