Gazeta Do Rio Pardo

Fazendo pastel, ela formou o filho na faculdade

Fazendo pastel, ela formou o filho na faculdade

Ana Maria é funcionária da Prefeitura e faz pastéis na Feira do Produtor

 

A empreendedora Ana Maria Serafim, do Pastel & Cia., participou do programa Questão de Oportunidade no final de 2018 e também da última edição do Gulosos& Curiosos. Em entrevista concedida a Henrique Torres na rádio Cidade Livre FM, ela contou, entre outras coisas, que foi mediante a produção de pastel que pagou a faculdade do filho e até hoje tem parte de sua renda oriunda da produção desse alimento.

Ana contou que um dos segredos para que a massa do pastel fique crocante e mais saborosa é a pinga.A porcentagem de cachaça no pastel é bem pequena, variando de produtor para produtor, havendo até quem não a utilize, o que torna a massa lisa, com aparência mais simples e menos crocante. Ana diz que usa pinga sempre, mas de boa qualidade, assim como a farinha, que na opinião dela tem que ser a melhor quer houver no mercado.

Indagada sobre como iniciou a atividade, Ana recordou que já trabalhava na Prefeitura havia certo tempo e conheceu uma pessoa, cerca de 20 anos atrás, que mexia com pastel e o produzia com massa caseira. Ana passou a trabalhar com ela como ajudante, gostou da experiência e, certo tempo depois, abriu sua própria pastelaria, próxima à Mix Mania. Foi a partir daí que o sonho de dar uma faculdade ao filho começou a ser concretizado.

“Nessa época eu trabalhava 6 horas na Prefeitura e assim dava para trabalhar depois na Pastelaria. Foram quatro anos assim, o tempo exato para que eu pudesse formar meu filho na faculdade, porque depois tive que trabalhar oito horas na Prefeitura. Foi então que precisei fechar a Pastelaria, mas aí meu filho já estava formado”, recordou.

Com o fim da Pastelaria, Ana encontrou uma opção também rentável para não abandonar essa atividade: a Feira do Produtor, aos domingos. Hoje ela produz pastel para atender a clientela ali, tendo uma diversidade grande de opções a oferecer. Um deles é o pastel de rúcula, que Ana considera seu carro-chefe, tendo ainda vinagrete, carne de frango ou bacon e muçarela; ou, se o cliente preferir, com outro conteúdo. Há também os pastéis doces como o romeu e julieta (goiabada, queijo e muçarela), o de banana com canela, o de brigadeiro, entre outros.

Para produzir pastéis para a Feira do Produtor ou para eventos, o que ela também faz, o segredo para atender bem a todos é a temperatura do óleo, que tem que estar no ponto exato. “Se você coloca um pastel em óleo meio frio, ele vai demorar e vai encharcar. Se o coloca em óleo muito quente, ele tostará por fora e deixará o interior cru. O teste é colocar uma massinha no óleo e esperar ele subir, indicando que a temperatura está no ponto”, concluiu.

 

 

Empreendedorismo e inovação andam juntas

Empreendedorismo e inovação andam de mãos dadasPropósito é outra palavra chave. Felizmente para quem quer empreender, há várias iniciativas bem estruturadas tanto local como globalmente fomentando o empreendedorismo, a inovação e o propósito em projetos e empresas existentes ou em novos negócios. Há iniciativas de todos os tamanhos e em praticamente todas as geografias. Há aceleradoras locais como a Baita, que tive a honra de ser convidada a mentorar e atua no Brasil com sede em Campinas, e há organizações mundiais que fomentam todo o ecossistema como o Global Entrepreneurship Network, que ajuda a conectar empreendedores, investidores, pesquisadores, legisladores e outros agentes de transformação importantes. Há ainda iniciativas com foco em ajudar as mulheres a se desenvolverem como empreendedoras como é o caso no Brasil da Rede Mulher Empreendedora, liderada por Ana Fontes; e com foco nos jovens ainda cursando o segundo grau como o Junior Achievement, movimento global liderado aqui no Brasil por muitos anos pela querida D. Wilma Resende Araujo Santos.

Outro agente de transformação importante tem sido a Endeavor, uma organização global também presente no Brasil que visa multiplicar o poder de transformação dos empreendedores de alto impacto, transformando sonhos grandes em iniciativas que revolucionam mercados, crescem e fazem crescer para mudar o mundo. Por falar em mudar o mundo, destaco Muhammad Yunus, vencedor do Prêmio Nobel da Paz e fundador do Grameen Bank. Yunus acredita que só há desemprego no mundo por que há emprego, ou seja, se formarmos empreendedores ao invés de indivíduos em busca de emprego podemos eliminar o desemprego e consequentemente a pobreza no mundo. Vale checar o modelo do “New EntrepreneursInitiative”.

No BriyahInstitute, uma startup que já nasce com propósito como uma “benefitcorporation”, o empreendedorismo está na base do negócio, na natureza das parcerias, bem como no objeto de trabalho. Acreditamos ser possível gerar resultados financeiros ao mesmo tempo em que buscamos promover impacto positivo na sociedade e no planeta. Para tanto, buscamos promover a economia de impacto e nos pautamos nos preceitos do investimento de impacto como sugeridos pelo GIIN. Atuar desta forma é uma decisão pessoal e requer atenção e intenção antes de tudo, mas também facilita estar inserido em um ecossistema propício, com políticas públicas que valorizam o empreendedorismo.

Aqui entra o papel dos governos. Creio que o entendimento da importância de se ter uma agenda estratégica de inovação que favoreça o empreendedorismo já esteja amplamente disseminado, mas vale observar as boas práticas e aperfeiçoar o modelo sempre. Recentemente li um artigo que destaca os elementos de sucesso de Israel como nação empreendedora. Em primeiro lugar está ter um objetivo comum que une a nação. Outro ponto de destaque é que os indivíduos têm autonomia e responsabilidade em ambiente de grande pressão e o fracasso serve de aprendizado do que não fazer. Por fim, destaca Camilla Junqueiraas empresas não dependem do mercado interno e já nascem globais, enquanto a ciência está na base da disrupção.

No Brasil temos várias iniciativas que se somam para promover o empreendedorismo e temos um governo que acaba de tomar posse com a meta de realizar mudanças estruturais que visam recuperar a economia do país, o que pode-se dizer é um objetivo que nos une. Vivemos um momento de grande oportunidade para aprimorar o ecossistema, com o olhar nas habilidades que precisamos desenvolver para ter uma nação empreendedora preparada para se beneficiar dos avanços tecnológicos da atualidade. Para tanto, educação de qualidade precisa constar da agenda mais do que nunca, como nos lembra o Movimento Todos pela Educação.

Que os formuladores das novas politicas públicas consigam aperfeiçoar o modelo existente de forma sistêmica, pautada na teoria da complexidadecomo sinaliza a OCDE entre outros, para que tenhamos mais empreendedorismo! E que os indivíduos não se prendam à agenda politica para continuar empreendendo e fomentando as iniciativas que independem do governo. Afinal, atenção e intenção valem em todos os níveis e sempre há espaço para empreender no sentido mais amplo da palavra.

Assim sendo, mãos à obra e sucesso ao empreender!

Autora: Adriana Machado, brasileira residente nos EUA–Especialista em Relaçōes Governamentais & Políticas Públicas