Gazeta Do Rio Pardo

Eliezer Gusmão explica seu afastamento do cargo de diretor do Pronto Socorro

Dr. Eliezer Gusmão ( foto de arquivo tirada antes da pandemia)

“Não vou abandonar ninguém agora. Só vou mudar a forma de fazer para estar dentro da lei”, afirmou

No dia 19 de agosto, o médico e diretor do Pronto Socorro Municipal, Eliezer Gusmão, foi até a rádio Difusora para participar do “Jornal do Meio Dia”, e falar sobre o seu afastamento da diretoria do Pronto Socorro, e trabalhos ligados à prefeitura municipal, por ter a intenção de disputar um cargo político nas eleições. Apesar do afastamento, que é exigido por lei, Eliezer disse que irá continuar atendendo todos os pacientes e que não deixará a medicina de lado. Além disso, como membro do Comitê de Crise, o médico falou sobre a situação em que se encontra a cidade, diante a pandemia e comentou sobre os casos mais severos da doença.

  “Por força da legislação eleitoral eu me afastei porque coloquei meu nome à disposição do partido (PSDB), para ver se consigo disputar um cargo. Após algumas reuniões do partido tive que me afastar da direção do Pronto Socorro e do atendimento que faço diariamente no PPA central. Me afastei, mas continuo de certa forma como um orientador, acompanhando tudo o que acontece no PS. Continuarei atendendo meus pacientes normalmente, só não terei mais um vínculo durante três meses com a Prefeitura. Atenderei no local e forma que eu quiser, e não especificamente como funcionário da prefeitura por força da lei. Continuarei dando assistência pois não é o momento de eu parar de fazer isso e ficar atrás de política, não é do meu feitio, até porque tenho muitos pacientes que dependem de mim, colegas médicos e tenho que estar por trás, dando assistência”, revelou.

“Desde o início da pandemia eu tenho participado das reuniões do Comitê de Crise e das decisões. Então não é hora de eu abandonar isso. Só estou cumprindo o que a lei obriga, porque caso eu venha a disputar algum cargo político, fico impedido se eu continuar a rotina normal na prefeitura”, explicou.

“A minha obrigação maior é com o paciente, eu sou um médico, e dedico minha vida aos pacientes, independentemente do tipo. Não posso ficar agora só na minha clínica particular e deixar a população que eu sempre atendi, sempre gostei de fazer isso e faço com dedicação, e não vou abandonar ninguém agora. Só vou mudar a forma de fazer para estar dentro da lei”, afirmou.

COVID

“Nos últimos 15 dias a doença só veio aumentando na cidade. Na minha opinião, ainda não estabilizou em São José do Rio Pardo. Os números mostram isso. Tivemos três óbitos nos últimos quatro dias (dois suspeitos e um confirmado), todos os dias no PS são vários casos que aparecem, muitos são leves, outros nem tanto, que precisam ser internados. Para nossa sorte estamos conseguindo fazer um rodízio grande de leitos, no caso de muitos pacientes, o período de internação está sendo mais curto, e com isso conseguimos dar uma rotatividade boa nos leitos. Ainda estamos aguentando, não estouramos nossa capacidade de internação. No entanto, os números continuam aumentando, não chegamos na estabilização ainda”, relatou Eliezer.

Fase amarela

“Por enquanto ainda não estamos tendo reflexos da fase amarela. Não mudou muito do que já estava antes. Não posso afirmar que os casos aumentaram por conta da fase amarela, a cidade segue o mesmo padrão que tínhamos antes da abertura. O que pode ter contribuído para o aumento, é o desrespeito das pessoas. A Vigilância recebe várias denúncias de bares, restaurantes, que deixam as pessoas acumuladas na porta, sem máscara. Por mais que se fale para as pessoas tomarem cuidado, parece que as pessoas não acreditam mais”, disse.

Casos graves

“Tivemos vários casos graves, que por sorte, com a eficácia do nosso tratamento, conseguimos reverter. Outros não tiveram a mesma sorte. Quando a pessoa precisa ficar entubada, o acometimento é tão severo, que o paciente simplesmente não consegue fazer trocas gasosas. É como morrer afogado no seco, ele não consegue oxigenar o sangue, isso começa a comprometer todos os órgãos por falta de oxigênio. Então não resta outra opção a não ser colocar o paciente no respirador. Mas isso é uma fase bem extrema. Quando vai para o tubo, a chance de reversão é mínima”, constatou.

“Se esses casos que estão aumentando não tiverem uma estabilização nos próximos dias, teremos que aumentar o espaço na Santa Casa. De uma certa forma, isso já foi pensado, temos estudado junto com a provedoria. Não tem como jogarmos toda essa carga na Santa Casa. Ela já está fazendo tudo o que pode. As pessoas acham que abrir leito é simples, mas não é, custa muito dinheiro. Temos que analisar o que pode ser feito com os recursos para aumentarmos um pouco os leitos, e trabalharmos com mais tranquilidade”, completou.

“De 10% a 15% dos pacientes que pegam covid, podem evoluir para a segunda fase da doença, que é mais severa. Começam a ter tosse, muita falta de ar, cansaço com poucos movimentos, depois passam a ficar cansados mesmo parados, isso já é um sinal de que o pulmão está ficando comprometido. Até esse momento ainda é possível reverter se for procurado um tratamento rapidamente, depois disso fica difícil, começa comprometer outros órgãos, e passa para a fase gravíssima da doença”, encerrou.