Ele considera as queimadas “um crime muito violento” e cobra da nova gestão e dos vereadores uma lei rígida
No dia 25 de novembro o biólogo Olavo Boldrin, proprietário da empresa “Ecológica”, participou do “Jornal do Meio Dia” da Difusora para falar sobre agroecologia, queimadas, plantação de árvores, destinação adequada de lixo, entre outros assuntos relacionados ao meio ambiente. Com experiência na área agrícola e paisagística há mais de 30 ano, Olavo diz que o excesso de calor é um problema político decorrente da ausência de lei mais rígida e considera a queimada “um crime muito violento”.
“Acho que o excesso de calor chega a ser um problema político. Nós não temos uma lei rígida o bastante que faça a pessoa pensar duas vezes antes de acender um fósforo e ocasionar uma queimada. Isso é um crime muito violento. Queima ninhos, animais, árvores, mexe em toda a estrutura do bioma. Tudo isso interage e nós seres humanos fazemos parte disso. As pessoas não estão levando a sério esse problema. Peço que a nova gestão junto com os vereadores olhem para isso. É algo inadmissível, que vai impactar negativamente o futuro”, alertou o biólogo.
“Tenho visto tucanos comerem lixo na cidade, é muito triste. As pessoas veem animais selvagens dentro da cidade e acham lindo, mas eles estão saindo da mata porque não encontram mais alimento lá, devido as queimadas. É algo gravíssimo”, assegurou.
Agroecologia
Olavo explicou tecnicamente a ecologia: “É a área da biologia que estuda os seres vivos. A inter-relação entre homens, animais e plantas, que interagem no meio ambiente”.
“A agroecologia é um segmento muito forte que as pessoas deveriam procurar se informar mais. É um processo pelo qual a produção de alimentos é feita de uma forma sem venenos, sem agrotóxicos, é uma forma mais sustentável. Isso também faz com que as pessoas diminuam inúmeros problemas como doenças, e gera um menor impacto no meio ambiente. A agricultura convencional é um dos setores que mais polui no mundo. Ao contrário da agroecologia, onde se cultiva sem o uso excessivo de venenos”, informou.
Sustentabilidade
“O meio ambiente é o lugar onde vivemos, se começarmos pela nossa casa, se todos pegassem o lixo, reciclassem, reparassem coisas estragadas que ficam no quintal, que empossam água, se cada um fizesse um pouquinho, o resultado já seria muito bom com relação a saúde pública”.
Compostagem
De acordo com o biólogo e empresário, muitas pessoas queimam lixos e resíduos, ao invés de fornecer um destino correto. “Levando em consideração o grande número de queimadas que tivemos no país e região, vejo pessoas colocando fogo em casa, em restos de folhas, de madeira, elas estão queimando isso. São coisas que poderiam ser utilizadas junto com o lixo orgânico, para fazer uma compostagem. Para as pessoas que tem terra no quintal, é possível enterrar um pouco disso, e terão uma matéria orgânica para utilizar nas próprias plantas e cultivar até para fazer uma horta orgânica”, explicou.
Segundo Olavo, é possível produzir o próprio alimento em casa, utilizando coisas preparadas manualmente pela própria pessoa, que é o caso da compostagem.
Horta dentro de casa
“É totalmente possível desenvolver uma horta em casa, desde que a pessoa tenha luminosidade no ambiente, com meio período de luz. Toda essa reciclagem de lixo, compostagem, ajuda. Hoje em dia temos produtos orgânicos baratos para cuidar das doenças e das pragas, e assim, conseguir cultivar o próprio alimento”, afirmou.
Ele comentou que o cultivo pode ser feito em vasos, jardineiras, ou no chão, que é o esquema tradicional de canteiros.
Movimento de plantio de árvores
Olavo participa de um movimento independente de plantio de árvores nativas e recuperação de biomas. Ele comentou sobre a iniciativa.
“Esse movimento surgiu entre amigos, de uma forma independente, sem vínculo com instituições, é formado por pessoas que tem vontade, que querem se engajar e participar do trabalho. Fazemos arrecadação de mudas, escolhemos um local. Um bioma significa formar uma mata com árvores primárias, secundárias, primitivas, frutíferas. O objetivo é ter uma interação ecológica ambiental, entre os animais e as plantas. O bioma é um sistema organizado de árvores. Não podemos plantar apenas uma espécie de planta, precisa ter uma variedade, é necessário ter um equilíbrio e estamos tentando fazer isso em São José do Rio Pardo”, revelou.
Segundo o empresário, o grupo plantou 60 mudas de árvores no feriado de finados. “Colocamos nomes nelas( mudas) de pessoas que já faleceram, para homenagear. Esse trabalho foi feito lá no Cristo, e estamos cuidando”.
O movimento está aberto para qualquer pessoa que esteja disposta a participar. “Estamos precisando de voluntários. Os interessados podem me procurar na loja Ecológica Paisagismo Rio Pardo, ou no Facebook”, instruiu.
Ecologicamente correto
“Ser ecologicamente correto é fazer tudo o que foi citado. Reciclar, coletar o lixo de forma correta, contribuir com o plantio de árvores, não causar queimadas. É preciso que cada um faça sua parte. Economia de água é algo fundamental também”, disse.
Pandemia
Olavo descreveu como a pandemia afetou suas vendas. “Teve dois lados. Inicialmente eu fiquei com a loja semiaberta, não vendi nada. Foram dois meses muito difíceis. Felizmente no mês de maio, por causa do Dia das Mães, as vendas deram um salto, começaram a crescer muito, e continuam. Pelo fato das pessoas ficarem dentro de casa, começaram a olhar mais para o ambiente em que vivem, e começaram a montar vasos, colocar frutas, fazer plantio de hortas, e o mercado retomou. Graças a Deus está indo muito bem para mim”, encerrou.