Deus não abre mão de você!
Deus é onisciente. Ele sabe todas as coisas, conhece perfeitamente os pormenores da vida de todos os seres que há no céu, na terra e no inferno. “… conhece o que está em trevas…” (Daniel 2:22).
Seu conhecimento é perfeito. Ele jamais erra, nem muda, nem passa por alto coisa alguma. “E não há criatura alguma encoberta diante dele: antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hebreus 4:13). Sim, tal é o Deus a quem temos de prestar contas.
Que maravilhoso Ser é o Deus das Escrituras! Cada um dos Seus gloriosos atributos deveria torná-lo honorável à nossa apreciação. A compreensão da Sua onisciência deveria inclinar-nos diante dEle em adoração. Contudo, quão pouco meditamos nesta perfeição divina! Será por que o só pensar nela nos enche de inquietação?
Embora sendo Ele invisível para nós, não o somos para Ele. Nem as trevas da noite, nem as mais espessas cortinas, nem o calabouço mais profundo podem ocultar o pecador dos olhos do Onisciente.
Nenhum olho humano viu Caim assassinar seu irmão, mas o seu Criador testemunhou o crime. Sara pôde rir zombeteira, oculta em sua tenda, mas foi ouvida por Jeová. Acã roubou uma cunha de ouro e a escondeu cuidadosamente no solo, mas Deus a trouxe à luz. Davi escondeu a sua iniquidade a duras penas, mas pouco depois o Deus que tudo vê enviou-lhe um dos Seus servos para dizer-lhe: “Tu és o homem!” E tanto ao escritor como ao leitor se diz: “… sabei que o vosso pecado vos há de achar” (Números 32:23).
Os ímpios odeiam esta perfeição divina com a mesma naturalidade com que são compelidos a reconhecê-la. Gostariam que não houvesse nenhuma Testemunha dos seus pecados, nenhum Examinador dos seus corações, nenhum Juiz dos seus feitos.
Como é solene o Salmo 90:8! Boa razão tem todo o que rejeita a Cristo para tremer diante destas palavras: “Diante de ti puseste as nossas iniquidades: os nossos pecados ocultos à luz do teu rosto”.
Mas a onisciência de Deus é uma verdade cheia de consolação para o crente. Em tempos de aflição, ele diz com Jó: “Mas ele sabe o meu caminho…” (23:10).
Pode ser profundamente misterioso para mim, inteiramente incompreensível para os meus amigos, mas “Ele sabe”! Em tempos de fadiga e fraqueza, os crentes podem assegurar-se de que Deus “… conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó” (Salmo 103:14).
Em tempos de dúvida e vacilação, eles apelam para este atributo, dizendo: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139:23-24).
Em tempos de triste fracasso, quando os nossos corações foram traídos por nossos atos; quando os nossos feitos repudiaram a nossa devoção, e nos é feita a penetrante pergunta “Amas-me?”, dizemos, como o fez Pedro: “… Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo…” (João 21:17).
(Arthur Pink)