Gazeta Do Rio Pardo

Cigarro custa R$ 23 bilhões ao governo brasileiro

Cigarro custa R$ 23 bilhões ao governo brasileiro

O cálculo de quanto as doenças relacionadas ao tabaco custam aos sistemas de saúde é complexo e bastante variável, dependendo das premissas estabelecidas pelos pesquisadores. São mais comuns nos países ricos, mas começam a ganhar corpo no Brasil, pois é importante verificar o quanto elas consomem de verbas do sistema de saúde. Um estudo de 2015, da economista e pesquisadora Márcia Pinto, da Fiocruz, do Rio de Janeiro atribui ao tabagismo um custo total anual para o sistema de saúde brasileiro de R$ 23,3 bilhões. Publicado no artigo “Estimativa da Carga do Tabagismo no Brasil: mortalidade, morbidade e custos”, inclui gastos do sistema com doenças relacionadas ao tabagismo e mensura o valor de anos de vida perdidos (por morte prematura ou por perda de vida com qualidade). O levantamento usa valores monetários de 2011, ano em que o orçamento do Ministério da Saúde foi de R$ 77 bilhões. Ou seja, o custo atribuído ao tabagismo representou 30,2% do orçamento daquele ano.

Estima-se que tenha havido pelo menos o mesmo gasto nos anos subsequentes, já que houve incorporação de novas tecnologias para os tratamentos e, por essa razão, provavelmente esse custo aumentou. “Estamos tentando atualizar esse número, por esse motivo e para incluir o custo de aposentadorias precoces, que não foi considerado”, pondera Tania Cavalcante, secretária executiva do Programa Nacional de Controle do Tabagismo. “Naquele mesmo ano, a arrecadação com impostos provenientes do cigarro foi de R$ 6 bilhões. Então há uma discrepância enorme entre o que se gasta e o que se arrecada. Fizemos isso, pois existe esse discurso de que o setor de tabaco gera empregos, divisas, desenvolvimento. Na verdade, o prejuízo é muito grande” diz. A secretária executiva ainda pondera que o estudo é conservador se comparado a levantamento do CDC (Centers for DiseaseControlandPrevention) dos Estados Unidos, que estima em quase US$ 300 bilhões por ano os gastos com tratamentos de doenças relacionadas ao tabaco, mais desembolsos com aposentadorias precoces, absenteísmo e outros prejuízos que o tabagismo gera.