Gazeta Do Rio Pardo

Cidade teve 7 tentativas de suicídio em apenas 23 dias

Imagem ilustrativa da internet

No Brasil, mulheres representaram quase 70% do total por intoxicações exógenas

Em um período de pouco mais de três semanas, ou seja, 23 dias, São José do Rio Pardo registrou sete(7) tentativas de suicídio. A maioria dos casos envolve adolescentes, o que é ainda mais alarmante. A título de comparação, em todos os meses anteriores de 2019, ou seja, de janeiro a setembro, a cidade havia registrado apenas quatro (4) tentativas, das quais duas consumadas.

No mês de abril, ocorreu a primeira tentativa e, infelizmente, consumada: um homem de 29 anos tirou a própria vida. Dia 17 de junho, um senhor de 63 anos foi encontrado morto por sua esposa, enforcado.

Em 19 de junho, uma mulher de 37 anos, que não reside na cidade, veio até São José para se atirar de uma ponte. Ela foi impedida por um munícipe que a levou até o Pronto Socorro. Dia 24 de agosto, uma adolescente de 15 anos tentou suicídio ingerindo uma dose alta de medicamentos, e foi levada ao Pronto Socorro pelo pai.

No dia 19 de outubro,N.A.M, uma garota de 17 anos, foi levada ao Pronto Socorro por seu amigo, que informou que a moça havia ingerido alguns comprimidos, não sabendo especificar o nome deles. Ele contou que recebeu uma mensagem da amiga na qual a mesma afirmava que não estava bem. O rapaz foi até a residência da jovem, e ela assumiu que havia ingerido os comprimidos para tentar suicídio.

No dia 20 do mesmo mês, o fato ocorreu com N.G.E., também de 17 anos, que ingeriu uma quantidade grande de medicamentos. Ela relatou à polícia que tem surtos psicóticos por causa de seu estado emocional e, quando se desentende com seu companheiro, se descontrola e perde a noção de suas atitudes. Afirmou ainda que quando tem crise psicológica, se joga contra obstáculos com a finalidade de se machucar e até atentar contra a própria vida.

No dia 28 de outubro, mais dois casos.  Um deles foi no bairro Santo Antônio, onde uma moça, A.A.R, estava chorando muito e solicitou ajuda da polícia, pois havia ingerido comprimidos antidepressivos na tentativa de acabar com a vida. Ela foi levada para o Pronto Socorro e ficou em observação.

O outro caso teve a presença da polícia militar no Centro de Referência da Unimed. No local, a polícia conversou com o pai de uma jovem de 20 anos, que disse que a encontrou caída no chão, e desacordada. O pai disse ainda que a filha sofre de depressão, e que supostamente havia ingerido medicamentos em excesso.

Ainda no final de outubro aconteceu mais uma tentativa de suicídio, desta vez envolvendo um médico em São José do Rio Pardo, mas a família solicitou à polícia que não divulgasse nada à imprensa. O fato, porém, ocorreu e circulou pelas redes sociais.

No mês de novembro, uma mulher de 37 anos deu entrada no Pronto Socorro no dia 2, após ingerir grande quantidade de medicamentos. Seu amásio, E.O.S, afirmou que ela tem depressão e, naquele dia, estava com comportamento estranho, e acabou ingerindo remédios antidepressivos em dose excessiva.

No dia 11 de novembro, segunda-feira, V.C.D., mãe de um jovem de 24 anos, L.D.C.R, declarou em um boletim de ocorrência que seu filho tentou se suicidar com o auxílio de uma corda para enforcamento. Porém, ela chegou a tempo para soltar a corda e chamar o Samu para conduzir o filho até o Pronto Socorro para ser medicado, onde ficou em observação.

Em Itobi

Uma moradora de Itobi, A.S.O., de 31 anos, também atentou contra a própria vida no dia 12 de novembro. Seu marido, D.O, que trabalha em São José do Rio Pardo, disse que ela sofre de depressão.

Do emprego em São José ele ligou, naquela terça-feira, para ela, masA.S.O. não atendeu.D.O. telefonou então para sua mãe e pediu para que esta fosse averiguar se ocorrera algo. Chegando lá, A.S.O. lhe disse que havia tomado todos os comprimidos antidepressivos de uma só vez.

Familiares a socorreram e a trouxeram para ser atendida no Pronto Socorro de São José, onde ficou em observação. 

Taxa cai no exterior, mas aumenta no Brasil

A taxa de suicídios a cada 100 mil habitantes aumentou 7% no Brasil, ao contrário do índice mundial, que caiu 9,8%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados comparam as mortes autoprovocadas registradas pela organização em 2010 e em 2016 em diversos países do mundo.

Entre 2007 e 2016, foram registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) 106.374 óbitos por suicídio. Em 2016, a taxa chegou a 5,8 por 100 mil habitantes, com a notificação de 11.433 mortes por essa causa.

Nos últimos onze anos, dos 470.913 registros de intoxicação exógena*, 46,7% (220.045) foram devido à tentativa de suicídio. Em 2017, o número registrado foi cinco vezes maior do que 2007, saiu de 7.735 para 36.279 notificações. O Sudeste concentrou quase metade (49%) das notificaçõesseguido da região Sul, que concentra cerca de 25%. O Norte foi o que teve os menores índices, em torno de 2%.

As mulheres representaram quase 70% (153.745) do total de tentativas de suicídio por intoxicações exógenas nesses 11 anos. Sobre os agentes tóxicos utilizados, os medicamentos correspondem a 74,6% das tentativas entre as mulheres e 52,2% entre os homens. As intoxicações exógenas resultam em 4,7% de óbitos em homens e 1,7% nas mulheres.

Prevenção

Pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida podem ser insuportáveis e pode ser muito difícil saber o que fazer e como superar esses sentimentos, mas existe ajuda disponível.

“É muito importante conversar com alguém em quem se confia, não hesitar em pedir ajuda, você pode precisar de alguém que te acompanhe e te auxilie a entrar em contato com os serviços de ajuda psicológica”, dizem os psiquiatras.

Onde buscar ajuda

-CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).

-SAMU 192, Pronto Socorro e Hospital.

Caso você ou alguém que conhece esteja com pensamentos suicidas, entre com contato gratuitamente com o Centro de Valorização da Vida pelo número– 188.

*Intoxicação exógena: é o conjunto de efeitos nocivos representados por manifestações clínicas ou laboratoriais que revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela interação de um ou mais agentes tóxicos com o sistema biológico.

Dados: Ministério da Saúde

Por Júlia Sartori