Gazeta Do Rio Pardo

Cidade registra aumento em casos de abuso sexual

Segundo o Conselho Tutelar de São José do Rio Pardo, a maioria dos casos continuam sendo praticados dentro do âmbito familiar

Foto: Reprodução

Somente neste ano, foram registrados em São José do Rio Pardo 13 casos de abuso sexual e um de pedofilia contra crianças e adolescentes. Em 2016 houve o registro de 12 casos de abuso sexual em todo o ano.

As informações são da coordenadora do Conselho Tutelar, Nice Marta Florindo, que afirma que a maioria dos casos continuam sendo praticados dentro do âmbito familiar. “É um número muito alto. Tem crescido muito, e é realmente assustador. A maioria é no âmbito familiar. Então, nós como Conselho e a sociedade devemos continuar esse trabalho de denunciar.”

Segundo ela, é considerado crime quando a vítima se nega a praticar o ato, seja por conjunção carnal ou não. “Quando fala ‘abuso sexual’ ou ‘estupro’ pode ser conjunção carnal ou não. A partir do momento que a pessoa se nega a praticar aquele ato, é considerado como crime.”

Segundo ela, as denúncias têm surgido devido ao trabalho preventivo nas escolas, realizado pelo Conselho Tutelar, além da divulgação dos casos. “Esse trabalho preventivo que estamos realizando nas escolas, com os pais, na creche, falando; até mesmo nos atendimentos; o Creas; então está toda a rede fortalecida na prevenção e na denúncia, aonde as pessoas estão procurando e falando. Acredito que é devido essa divulgação que está sendo feita, em que estão aparecendo mais casos.”

Para ela, o abuso sexual e o estupro sempre existiram, mas eram ‘escondidos’. “A gente tem com a gente é que sempre existiu, só que era escondido, calado, guardado. E hoje não, as pessoas estão colocando aquilo para fora porque estão tendo respaldo.”

Problemas psicológicos

Nice ainda ressalta que a denúncia é importante, pois a vítima do abuso sexual poderá desenvolver problemas psicológicos no futuro. “É muito importante, porque a vítima do abuso, no futuro, na sua fase adulta, vai desenvolver um problema psicológico muito sério, muito terrível para ela, e às vezes até mesmo para a sociedade, porque existe uma corrente que fala que a maioria dos pedófilos hoje foram abusados. Então tem tudo isso que influencia, e é importante a denúncia.”

Desabafo e apoio

De acordo com a coordenadora, as informações sobre os crimes são repassados ao Conselho Tutelar através de amigos das vítimas. “Geralmente é com um amigo de classe, uma pessoa conhecida em que ele acaba desabafando. Esse amigo procura um mediador ou algum professor, que procura a direção, entrando em contato com o Conselho, porque é feito todo um trabalho. A escola é muito importante, e ela está tendo um papel fundamental. Ela convence, dá força para esse aluno expor o que aconteceu. Então, quando a escola traz o aluno, ele já está fortalecido psicologicamente para poder falar sobre o que aconteceu. Ele se sente protegido.”

Internet e orientação aos pais

Nice afirma que os pais devem estar atentos às redes sociais dos filhos. “Nesses casos de whatsapp, facebook, os pais têm que estar atentos, têm que conversar com o filho, porque geralmente eles estão na adolescência e não querem que a gente fique olhando a privacidade deles por causa do tipo de conversa que eles têm com paquera, com as amigas. Mas o importante é você orientá-lo num termo assim: ‘Filho, se acontecer de você receber imagem de órgão sexual de homem ou de mulher, mostre para a mãe, ao pai’. Porque pode ser uma pessoa próxima que pode fazer muito mal para ele e, de repente, um ato desse vira uma perseguição.”

‘Prints’ nas conversas

A coordenadora ainda informa a importância do adolescente entender a gravidade da situação, além das provas contra o criminoso. “Você tem que colocar na mente também do adolescente que se essa pessoa tem a conduta de mandar uma foto dos órgãos genitais, ela pode pegar uma criança inocente na rua. Ou seja, já é uma pessoa comprometida. O importante é dar ‘print’ nas páginas da conversa que teve, das fotos, e encaminhar à polícia, porque aí passa a ser uma prova documental.”

Fonte: Gazeta do Rio Pardo