Gazeta Do Rio Pardo

Cebola: bulbinhos começam a ser testados

Cebola: bulbinhos começam a ser testados

Ideia é que sejam mais uma opção ao produtor rio-pardense na época das chuvas

Dentre os experimentos que a Fundação de Pesquisa vem fazendo com cebola para definir as variedades que resistem às chuvas e à temperatura de todo início de ano, chegou agora a vez do bulbinho.  No início da semana os especialistas Thiago Factor (IAC-Mococa) e Rodrigo Vieira de Moraes (CATI) estiveram na área onde ocorrem as experiências e falaram ao jornal sobre o assunto.

Thiago Factor, engenheiro agrônomo e pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) em Mococa, explicou que as pesquisas feitas na Fundação de Pesquisa visam averiguar o potencial das variedades submetidas a experiências fora da época tradicionalmente usada para o plantio da cebola em São José do Rio Pardo. Esses experimentos são chamados de “cebolas de verão” e, neste início de 2019, isso está tendo continuidade.

“Neste ano estamos com uma novidade que é a inclusão dos tratamentos com o bulbinho”, confirmou Factor. “Até então, temos trabalhado com estas variedades em semeadura direta, em mudas que têm se destacado bastante. Todo mundo sabe que nesta época não é fácil trabalhar com semeadura direta por causa do excesso de chuvas. Neste ano, porém, a gente vem com algumas variedades que conseguimos formar, bulbinhos, sendo tudo para que procuremos alternativas para o produtor”.

Ele reiterou que a intenção é permitir que o produtor de cebola em São José consiga escapar da concorrência de outras regiões e do Estado de São Paulo. A Fundação de Pesquisa tem atualmente mais de 20 variedades e híbridos de cebola nos três sistemas: bulbinho, mudas e semeadura direta. As pesquisas tentam revelar as que têm potencial maior e que podem ser indicadas aos produtores rio-pardenses.

Dessas 20 variedades, três ou quatro já são consideradas aptas ao plantio nesta região e nesta época de chuvas e calor intenso. “Apesar de muita gente não acreditar, o principal problema não é temperatura, até porque no Vale do São Francisco, com temperatura de 40 graus, ninguém plantaria cebola. O problema mesmo é o excesso de chuvas, que acabam prejudicando o plantio, especialmente quando é semeadura direta, e também a incidência de doenças em decorrência da umidade alta e o calor. Temos, entretanto, algumas variedades que aguentam a ‘paulada’ nesta época. Então podemos dizer que hoje já temos algumas variedades que têm potencial”, continuou Factor.

Ele lembrou que, de qualquer forma, a produtividade nesta época do ano será sempre um pouco menor e a maior parte das variedades que têm resistência é convencional e não híbrida. Dependendo do preço, isso compensará a perda da produtividade normalmente verificada no inverno. Quanto ao bulbinho, já existem híbridos que os produtores de Divinolândia adotam há muitos anos e com bons resultados. Em São José, no entanto, não necessariamente eles têm resultado semelhante, até porque há diferenças na altitude de um município para o outro.

“A ideia é, para São José, identificarmos aquelas variedades ou híbridos que têm o potencial, inclusive para produzirmos com bulbinho, que estava desacreditado mas creio que tem um potencial grande para este região, apesar da mão de obra necessária para isso. É tudo uma relação custo e benefício. Acho que o produtor tem que avaliar e nós estamos aqui para poder referendar estes resultados para ele”, concluiu.

Objetivo

Rodrigo Vieira de Moraes, zootecnista da CATI que administra a Fundação de Pesquisa em São José do Rio Pardo, confirmou que o objetivo é repetir os testes das variedades que deem ao produtor de cebola a chance de aproveitar as “janelas de oportunidades” – época do ano em que o preço estiver elevado.

“Os levantamentos que a gente tem demonstram que novamente haverá elevação de preços este ano nos meses de abril, maio e junho. Coincidirá com a época em que colheremos cebola deste experimento aqui (na Fundação de Pesquisa). Como o experimento de campo é uma coisa demorada, custosa e que muitas vezes dá errado, a gente está repetindo este ciclo de experimento pelo quinto ano seguido. Estamos incluindo o bulbinho agora e a ideia nossa é, no próximo ano, tentar fazer uma área maior. Tentaremos uma parceria para fazer isso e ampliar a área, de olho principalmente no desenvolvimento do bulbinho”, comentou.

Rodrigo disse que a partir de dezembro de 2018 e agora em janeiro de 2019 está ocorrendo um “veranico” (período de estiagem, acompanhado de calor intenso), com possibilidade de muita chuva em fevereiro e março. “O calor excessivo, mais a umidade excessiva, atrapalham o desenvolvimento da cebola”, lembrou. “Assim, este ano será mais um ano de desafio para estes experimentos nossos aqui, que estão sendo repetidos só para a gente ter uma segurança para o produtor rural. Experimento de campo não é somente você fazer um e já está pronto, já tem o resultado. Não, você tem que repetir ele vários anos para repassar algo positivo ao produtor rural”.

FOTOS

Thiago Factor, do IAC: problema maior não é temperatura e sim excesso de chuva

Área da Fundação de Pesquisa na qual estão sendo experimentadas as cebolas

Mudas de cebola prontas para o plantio no terreno da Fundação de Pesquisa