Gazeta Do Rio Pardo

Caminhões de aluguel: crise afeta os fretes

Caminhões de aluguel: crise afeta os fretes

Quatro caminhoneiros falam dos problemas que enfrentam para exercer a atividade

 

Os seis caminhoneiros que trabalham com frete de caminhões no ponto anexo à Rodoviária sentem os efeitos da crise econômica. A média mensal de rendimento deles é baixa, variando atualmente de R$ 600 a R$ 1.500, já que não há constância no serviço por falta de clientes. Podem ficar uma semana inteira sem fazer um único frete ou podem fazer “carretos” inesperados. Cobram entre R$ 80 a R$ 150 por serviço dentro da cidade ou R$ 2,20 a R$ 2,50 por quilômetro rodado, para viagens longas. Seus caminhões fazem cerca de 4,5 quilômetros por litro de diesel.

Essas e outras informações foram transmitidas ao jornal esta semana por quatro caminhoneiros procurados pelo repórter Luis Fernando. Os outros dois não estavam no ponto no dia da reportagem. Gazeta os procurou para saber como está este mercado, já que, oficialmente, não são muitos os profissionais cadastrados neste segmento na Prefeitura de São José do Rio Pardo.

E foi exatamente esse detalhe que os quatro mencionaram como uma das grandes dificuldades atuais: a concorrência desleal dos que fazem frete sem ter o Alvará de Licença da Prefeitura para atuar com caminhões de aluguel.

José Aílton Dias, de 60 anos, confirmou: “A situação está difícil devido a concorrência ilegal por parte de outros caminhoneiros que fazem fretes, mas não pagam o Alvará Anual de Licença’, que custa R$ 248 na Prefeitura Municipal”.

Os caminhoneiros explicam que todos ficam no ponto perto da Rodoviária das 7 horas às 17 horas, mas nos finais de semana e feriados seus celulares ficam sempre ligados. Quando são solicitados, saem de casa e vão ao trabalho, independentemente do horário requisitado pelos clientes pois, segundo explicaram, não podem se dar ao luxo de rejeitar qualquer frete. E, dependendo do serviço solicitado, ainda precisam contratar um ou mais “chapas” (ajudantes), mas o valor adicional é pago à parte pelo cliente.

Darci Gonçalves Aguiar, de 65 anos, já é aposentado, mas continua trabalhando para melhorar sua renda. Possuindo um caminhão Chevrolet ano 1996, ele se queixa do custo de manutenção do veículo, que é dispendioso, requerendo trocas de platinado, alternador, óleo, pneus, sem contar outras despesas. A viagem mais longa que já fez foi de 480 quilômetros, para Paraguaçu Paulista,

João Assis, de 56 anos, também é aposentado mas, como Darci, ganha pouco e precisa continuar trabalhando. Já viajou muito pelo Brasil como motorista de caminhão, mas hoje, por falta de uma opção melhor, prefere ficar ali no ponto do frete porque não deseja mais as viagens longas. Seu caminhão é um Ford 1995 e, no momento da entrevista, estava há uma semana sem conseguir cliente. A viagem mais longa neste serviço foi para Ponta Grossa (PR).

Euclides Donizete da Silva, de 62 anos, ainda não é aposentado e depende do serviço para sobreviver. Diz que trabalhou muitos anos sem registro, o que prejudicou sua possível aposentadoria. Está naquele ponto há pouco mais de três meses, tem um Mercedes Benz ano 1980 e o local mais longe para onde viajou foi Apucarana.

Euclides, João, José…

Da esquerda para a direita: Euclides, João, José e Darci sentem os efeitos da crise econômica

Os caminhões ficam estacionados ao lado do prédio da Fepasa, à espera dos clientes