Gazeta Do Rio Pardo

Aos 89 anos, pintor rio-pardense se dedica a novo estilo artístico

Octávio Callegari com um de seus primeiros quadros, desenhado em 1945

Por Júlia Sartori

Com queda nas vendas de quadros por conta da pandemia, Octávio Callegari está fazendo pinturas geométricas e abstratas

O rio-pardense Octávio Ricardo Callegari já pintou centenas de quadros no decorrer de sua trajetória como pintor artístico. Aos 89 anos, ele é conhecido por uma característica marcante – a maioria de suas obras tem como objetivo ilustrar a beleza de pontos turísticos de São José do Rio Pardo e espaços com arquitetura antiga, que demonstram seu amor pelo município. O prazer em fazer desenhos, surgiu na infância, quando ele era convidado por professores da escola em que estudava, a desenhar com giz na lousa de outras turmas.

“Pintar é algo que faço desde criança, não aprendi com ninguém. Quando morava em São Paulo, fiz um curso de arquitetura, mas nunca precisei estudar para aprender a desenhar. Eu nasci com esse dom”, contou.

Segundo ele, não houve influência alguma da família para adquirir gosto pela pintura. “Foi algo que surgiu dentro de mim, interesse próprio”.

Em 1945, aos 13 anos, Octávio pintou um de seus primeiros quadros em tela, o emoldurou e guarda até hoje em seu ateliê.

“Eu era pintor de automóveis antes de vender quadros. Com 16 anos fui convidado para ser pintor de uma fábrica de geladeiras. Fiquei um ano fazendo esse trabalho, depois fui chamado para trabalhar em Poços de Caldas, onde fiquei dois anos e depois fui para São Paulo. Lá, comprei uma oficina de pintura de carro. Eu pintava os carros e alguns quadros. Quando voltei para São José, comprei uma oficina e comprava fuscas batidos. Eu mesmo fazia a funilaria deles e pintura, eu mexia muito com carros, depois passei a oficina para meu filho e comecei a me dedicar aos quadros, em 1990”, relembrou.

Quadros no exterior

Octávio diz que alguns de seus quadros foram comprados por brasileiros e levados ao exterior, além de ter vendido para pessoas de outros estados do país. “Tenho quadros que foram comprados e levados para a Alemanha, França, Itália, São Paulo, Bahia”, disse.

Mais vendidos

Os quadros mais vendidos são os que retratam paisagens e pontos turísticos rio-pardenses, como a ponte metálica, por exemplo. Em São José do Rio Pardo, conforme explica, muitas pessoas compram os quadros para enfeitar escritórios, consultórios médicos e odontológicos.

Após o sucesso de seus trabalhos que retratam as belezas da cidade, o pintor está se dedicando a quadros de pinturas geométricas e abstratas. “Estou gostando de fazer esses quadros com o novo estilo. São gostosos de desenhar”.


Durante a pandemia, o pintor está se dedicando a desenhos abstratos e geométricos

Pandemia

Desde o início da pandemia, as vendas diminuíram. “Eu costumava vender bastante, mas agora, com a Covid, as vendas caíram. Ultimamente estou pintando bastante, não tenho nada para fazer, e estou criando muitos quadros diferentes. Costumo fazer dois quadros por dia. Os quadros grandes, geralmente levo mais de um dia para finalizar”, disse.

Antes da pandemia, Octávio Callegari ministrava aulas de pintura, mas precisou parar pelo risco da Covid-19.

Iluminação solar

“Para pintar, assim como para tirar uma fotografia, os melhores momentos são no começo da manhã, e no final da tarde, quando a luz está a favor das paisagens. Dá para fazer quadros diferentes observando esses dois períodos do dia. Aprendi essa técnica sozinho, observando”, concluiu.

Sem medidas

O rio-pardense não utiliza réguas ou faz medidas para desenhar seus quadros. “Faço tudo a olho. Meus traços são bem firmes. Quando vejo uma imagem e quero desenhá-la, consigo fazer isso apenas observando”.

Os quadros não possuem uma história por trás de seus desenhos, ele revelou que retrata apenas por gosto tudo aquilo que acha bonito.  “Para mim é um prazer fazer quadros, eu invento minha maneira de pintá-los, faço com criatividade. Agradeço por ter saúde e ainda conseguir fazer isso”.

Alguns dos quadros feitos por Octávio:


Museu Arsênio Frigo

Ponte metálica
Hotel Brasil