Gazeta Do Rio Pardo

‘Amigos da Rua’ quer virar ONG para reabrir a Casa de Passagem

Imagem ilustrativa

Voluntários alimentam moradores de rua em São José e buscam ampliar esse trabalho

Há um ano e três meses, uns poucos voluntários rio-pardenses começaram a praticar algo simples, porém de grande alcance social: levar alimentos aos moradores de rua. Com o decorrer da experiência o grupo cresceu e se fortaleceu, sendo agora oficialmente chamado de Associação Amigos da Rua. Eles querem agora formar uma ONG e lutar pela reabertura da Casa de Passagem no município, antes da chegada do inverno.

Jussara dos Santos e Fabrício Santiago de Souza integram os Amigos da Rua e estiveram no estúdio da rádio Difusora de São José do Rio Pardo há poucos dias. Conversaram com o locutor Paulo Sérgio Rodrigues e explicaram o funcionamento do projeto, que não conta com ajuda oficial.

“Começamos com um simples ato de levar alimentos aos moradores de rua e hoje já estamos com 30 integrantes de diretoria e mais 40 voluntários”, afirmou Fabrício. “A gente leva o alimento, ganha a confiança deles e com isso podemos modificar suas vidas, ressocializa-los e tira-los das drogas e da bebida”, confirmou Jussara.

Busca aos moradores

Fabrício explica que o grupo vai a alguns pontos distintos da cidade, nessa busca aos moradores de rua: praça Presidente Juscelino Kubitschek, Matinha (na Perimetral), Rodoviária e outros locais. Jussara conta que as pessoas da praça Presidente Juscelino Kubitschek são, geralmente, sem família, enquanto as dos outros lugares deixaram os familiares por causa das drogas e ficam na rua para usa-las.

Os alimentos são fornecidos por mais de 40 doadores, que se comunicam por Whatsapp. As comidas são entregues sempre às quartas e sextas-feiras. Quando alguma coisa falta, o grupo usa uma página no facebook da Associação Amigos da Rua e as carências são sanadas.

Jussara diz que proprietários de barracões têm sido muito solidários com o grupo e doam legumes para compor as marmitas que serão formadas. “Mas as partes da carne, do arroz e do feijão a gente não tem conseguido muitas doações. A gente mesmo doa alguma coisa”, observou.

Cada voluntário prepara, em casa, uma quantidade desses alimentos e depois eles se reúnem em um único local para montar as marmitas a serem distribuídas. A média de marmitas entregues por noite varia entre 30 a 39, havendo ocasiões em que há falta e ocasiões em que sobram.

“À caça deles”

“Eles (moradores de rua) mudam de lugar frequentemente e a gente tem que ir ‘à caça deles’ para entregar as marmitas”, lembra Fabrício, que confirma a intenção de formar uma ONG.

Para isso, um estatuto está sendo elaborado e terá, formalmente, diretores e membros oficiais. O passo seguinte será o empenho pela reabertura da Casa de Passagem (ou Casa Abrigo) para ampliar o atendimento, já que há vários moradores de rua oriundos de outras cidades.

“Muitos falam que estamos alimentando vagabundos. Eles não são vagabundos, mas estão ali porque não têm oportunidades. Muitos julgam as pessoas sem olhar o coração. Se estivessem nas praças e convivessem com eles, perceberiam que são iguais a nós, com sentimentos, precisando de apoio, carinho e não de preconceito”, pregou Jussara.

Fabrício pediu o apoio da população mediante doação de cobertores, roupas ou alimentos não perecíveis. As doações podem ser comunicadas a ambos pelos celulares: 99354.1654 (Fabrício) ou 98193.1149 (Jussara). Também em cinco estabelecimentos da cidade haverá, a partir de agora, caixas para acolher as doações.

Voluntárias preparam as marmitas para a posterior distribuição aos                    moradores