Gazeta Do Rio Pardo

Alunos de robótica desenvolvem dispositivo para ajudar cão cego

Alunos durante a construção do protótipo

Aron, o cachorro, batia a cabeça na parede e em objetos por não enxergar

Estudantes da escola de tecnologia e informação Super Genius Makers, de São José do Rio Pardo, enfrentaram um desafio para ajudar um cachorro chamado Aron, da raça Golden Retriever, que perdeu a visão após ser infectado pela doença do carrapato. Por não enxergar, Aron andava pela casa e acabava batendo a cabeça na parede e em objetos. Os alunos desenvolveram um dispositivo para ajudar o cachorro a identificar a proximidade com objetos.

Alexandre Almeida, professor da Super Genius Makers, conversou com o repórter Luis Fernando Benedito, contou um pouco sobre a história de Aron, e explicou o processo de criação do equipamento.

“Apareceu a mãe de um aluno aqui na escola, um pouco emocionada, contando sobre seu cachorro, que foi picado, acreditamos que por um carrapato, e adquiriu uma doença que o deixou cego. Ele não consegue enxergar e acaba batendo a cabeça na parede. Isso nos comoveu e envolvemos os alunos em busca de uma solução. Baseado no que o cachorro está passando, construímos um dispositivo robótico para que ele não fique mais batendo a cabeça na parede e consiga, dentro dos limites, ter uma vida normal”, explicou.

Equipamento

Aron com o equipamento desenvolvido pelos alunos

Segundo Alexandre, os alunos levaram duas semanas para chegar ao resultado final do protótipo. “O problema chegou para mim, passei para os alunos, fizemos um planejamento na primeira semana, separamos os componentes que iríamos precisar, e na segunda semana executamos o projeto e criamos o dispositivo. Fizemos uma parceria muito boa com o Rafael da ProArt 3D, ele imprimiu para nós uma caixinha e não cobrou por isso. É um material bem leve, fizemos com nanotecnologia. Os alunos se envolveram, foi algo muito emocionante, ver crianças de 6, 7 anos, adolescentes de 15 anos, planejando todos juntos. O legal foi que eu não apresentei a solução para eles, eu apresentei o problema e conseguimos criar o dispositivo”, relatou.

“Fizemos um protótipo com um olho ultrassônico, é um sensor que contém dentro um mini computador que emite um sinal no ar que vai e volta para o sensor, e faz um som quando detecta algum objeto ou parede, isso ajuda a evitar que o Aron bata a cabeça. Já usamos esse sensor em robôs nas competições, para eles reconhecerem os ambientes. Com isso as crianças perceberam que poderia ser adaptado com esse fim. Isso mostrou que elas podem resolver problemas. O Augusto, que é filho da dona do cachorro e aluno aqui, também ajudou no processo”, contou.

Custo

Segundo Alexandre, um equipamento como esse custa aproximadamente R$ 600 na internet. “Mas produzindo aqui, ficou em torno de R$ 120. Usamos peças de fácil acesso. Tornamos isso um projeto público. Não cobramos nada dos donos”, disse.

Super Genius

“Por muito tempo trabalhei com robótica, mas às vezes eu passava o conhecimento para a criança e ela não conseguia aplicar na vida real. De uns tempos para cá, estamos trabalhando no sentido de dar poder às nossas crianças. Estamos fazendo vários protótipos na Super Genius, não apenas esse, em cada aula é algo diferente”, comentou.

“Temos cursos aqui desde os 4 anos de idade até a fase adulta, o investimento fica em média R$150, para os menores é R$100. Acredito que vale muito a pena, visto que 65% das crianças de hoje vão trabalhar em profissões que ainda não existem. As pessoas precisam começar a preparar os filhos para a educação 4.0, que é saber usar a tecnologia para resolver problemas do cotidiano e desenvolver algumas habilidades, como trabalho em equipe, entre outras”, disse o professor.

Pandemia

Segundo Alexandre, desde o mês de março a escola de robótica começou com aulas remotas. “Tivemos que renegociar várias coisas, perdemos alunos. Mas agora estamos recomeçando, acredito que o mercado irá se reestabelecer. Estamos felizes por retomar as atividades”, encerrou.