Valor do projeto, tempo de execução e fluxo de tráfego são algumas das justificativas
Outra solução, economicamente menos dispendiosa e tecnicamente mais viável, é a sugestão da ADRP – Agência de Desenvolvimento Rio Pardo 2050, para melhorar a acessibilidade na região entre o Jardim Nova Belmonte e o bairro Vila Verde, em substituição à proposta de construção de um túnel sob a Avenida Perimetral.
A ideia foi anunciada no ano passado pelo prefeito Márcio Zanetti, que em redes sociais publicou já ter em conta o dinheiro para execução da obra, avaliada em aproximadamente R$ 6 milhões.
O estudo que desaconselha a construção do túnel teve participação dos engenheiros Mário Edson João e Alexandre Gervásio. Eles pontuaram uma série de observações para demonstrar a dificuldade de realização da obra.
O posicionamento da ADRP foi protocolado nesta sexta-feira, 18, na Prefeitura. “Do ponto de vista urbanístico e impacto ambiental de obras viárias, a tendência atual é de privilegiar os pedestres em relação ao trânsito”, diz trecho do documento a que tivemos acesso.
“Também é possível aprender com as grandes cidades, que as megas estruturas realizadas apenas com o viés de solução do trânsito estão sendo revistas. O Rio de Janeiro demoliu o Viaduto do Elevado da Perimetral para revitalizar a zona portuária e trazer de volta a beleza da região central. São Paulo não consegue decidir o que fazer com o Elevado Costa e Silva (Minhocão)”, escreveram os técnicos.
Além da questão estrutural, como o rebaixamento de longo trecho na Avenida Belmonte, inviabilização do regular funcionamento de estabelecimentos comerciais que trabalham na região e a desapropriação de grandes áreas, os profissionais observaram problemas urbanísticos, entre outros argumentos contrários à construção do túnel:
-O prazo de execução desta obra será de, no mínimo, um ano com alto risco de atraso por problemas e/ou paralisações ocasionadas pela empresa executante ou pela própria PMSJRP (…)
-Esta obra é de alto custo, estimado em 5,9 milhões de reais pela própria prefeitura. Este valor poderá ser superado significativamente devido aos imprevistos que normalmente ocorrem neste tipo de obra além do alto custo com as desapropriações necessárias;
-O fluxo de tráfego local não justifica esta obra, que consiste em grande intervenção urbana, uma vez que atualmente o nível de acidentes é muito baixo e os congestionamentos ocorrem apenas nos horários de pico da manhã e da tarde.
A Agência de Desenvolvimento apresentou como alternativa o prolongamento da Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes e sua ligação com a Perimetral.
“A ADRP2050, que pensa em uma cidade a longo prazo, enxerga que a PMSJRP deve revisar e implementar um Plano de Mobilidade Urbana da cidade como um todo e de longo prazo, visto que este tipo de planejamento leva em conta outros impactos urbanos, como ambiental, social e econômico”, diz o documento, mencionando que a comissão técnica é contrária à execução da obra.
“Acreditamos que a solução para este cruzamento é a implantação de simples rotatória similar a existente no cruzamento da Avenida Maria Aparecida Salgado Braghetta (Avenida Perimetral) com a Avenida Belmonte, com semáforos inteligentes, se necessário, de baixo custo, com desapropriações mínimas e obra de rápida execução conjuntamente à uma nova conexão entre a Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes e Avenida Maria Aparecida Salgado Braghetta (Avenida Perimetral) reduzirão substancialmente o congestionamento pontual”, sugerem.
A Prefeitura ainda não se manifestou sobre o posicionamento da Agência de Desenvolvimento Rio Pardo 2050.